Prólogo • Matthew 10:27

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Julho de 2020
Seattle, Washington.

Assim que cheguei em casa, fui ligeiro em me livrar das minhas roupas e abandoná-las com cuidado no cesto próximo a porta, deixei meus sapatos em um canto que pudesse lembrar de higienizá-los mais tarde, nunca se sabe quando se pode estar correndo o risco de trazer o vírus para dentro da sua casa.

Eu fico paranóico às vezes. Talvez seja culpa dos jornais. É realmente lamentável que haja tantas pessoas morrendo e famílias perdendo seus entes queridos, oro todos os dias para que Deus possa confortar o coração de cada um deles, mas sinceramente, a forma como alguns jornais fazem parecer que estamos vivendo o apocalipse, me deixa um pouco enojado.

Talvez seja por essa razão que eu assinei Netflix e só uso minha televisão para assistir séries ou documentários.

Não é como se eu estivesse fechando os meus olhos para a realidade, eu sei que o coronavírus está matando pessoas a rodo e está deixando muita gente doente de verdade, mas não acredito que ficar o dia inteiro enchendo a minha cabeça de mais e mais pânico, vai me ajudar a fazer a minha parte.

Levei o cesto para a lavanderia e coloquei as roupas cuidadosamente dentro da máquina, uma a uma. Após alguns cliques aqui e ali, fui até a pia da cozinha já ouvindo o som da água molhando as roupas. Joguei a máscara embaixo do meu queixo no lixo e borrifei um pouco de álcool em gel nas mãos, lavando as mãos com sabão logo em seguida.

Borrifei um pouco de álcool nos meus sapatos próximos a porta e os deixei próximos da janela para secar. Suspirei faminto sentindo meu estômago tremer. Tirei a lasanha congelada da geladeira e preparei o microondas para esquenta-lá. Seria o meu jantar.

Confesso que gosto de cozinhar, mas hoje eu definitivamente não estou nos meus melhores dias. Uma lasanha de microondas estava de bom tamanho.

Tomei um banho gelado bem demorado e senti como valeu a pena assim que saí usando o meu pijama leve, aproveitando do frescor da água fria para me refrescar naquele verão. Estava calor, não tanto quanto a tarde, mas ainda era verão então as noites estavam mais quentes.

Não contei tempo em pegar o jantar, um garfo e sentar em frente ao notebook. Hora de trabalhar!

Pisquei frustrado quando encarei a tela em branco com aquele traço preto piscando e me encarando até o fundo da minha alma, como um tic-tac irritante de relógio. Gastei uns cinco minutos em absoluto silêncio, apenas comendo e encarando aquela tela como quem olha para um quadro, eu não ameacei pressionar uma tecla sequer.

Estava totalmente sem ideias. Minha cabeça estava oca.

Fechei os olhos e neguei com a cabeça, suspirando enquanto mastigava devagar. Joguei a cabeça para trás e encarei o teto tempo suficiente para o meu pescoço aguentar aquela posição e voltar a postura inicial. Na minha mesa de jantar, um pouco adiante do notebook, eu analisei a minha Bíblia fechada com o seu clássico fitilho vermelho pendurado para fora, marcando a minha leitura atual. Me lembro de ter lido de manhã e ter deixado ela naquela mesma posição antes de sair.

Olhei para o notebook e para ela, repeti o processo umas duas vezes, até esticar o braço para puxá-la para perto e abrir onde o meu marcador estava. Fui levado a Mateus, no capítulo dez.

Vaguei os olhos pelas palavras e suspirei profundamente.

— Ah, Senhor… O que está acontecendo comigo? Eu preciso tanto trabalhar — engoli o restante de queijo acumulado na bochecha e olhei para o ponteiro preto que continuava piscando na aba em branco do notebook — Eu sei que está tudo errado, mas algo em mim ainda diz que eu vou fazer do jeito certo.

“E vai”.

Um bico involuntário se formou nos meus lábios e eu cocei os olhos a fim de espantar o sono. Quando olhei para o livro aberto à minha frente novamente, eu senti meu coração palpitar com força quando li o versículo vinte e sete em voz alta:

— “O que eu digo a vocês no escuro falem à luz do dia; o que é sussurrado nos ouvidos proclamem dos telhados” — sorri sozinho. Meu sorriso aos poucos aumentou e eu dei um riso curto — Não existe nem vai existir ser algum nesse mundo que seja capaz de me perseguir tão bem como o Senhor, Jesus.

“Estou certo do que digo: Suas histórias não são suas, são minhas. Por quanto tempo vai fugir de mim, Seokjin?”

— Ah… Deus… — mordi o lábio com força e pisquei com os olhos marejados — Não adianta mesmo, né? Eu não sei fugir dos seus feitos. O Senhor tem razão! Eu não sei fazer sozinho, por mais que eu tente, é como se eu estivesse correndo parado, corro tanto mas nem saio do lugar — sorri sem humor — Não consigo fugir. Não por muito tempo — abaixei a cabeça e me dei um tempo para respirar fundo.

Ajeitei minha postura na cadeira e deixei a vasilha de lado, puxei a cadeira para mais perto da mesa, estralei os dedos esticando os braços para frente e o pescoço de um lado para o outro, ouvindo os estalos seguidos um do outro. Ergui as mangas e apoiei o punho na barra da mesa.

— Ok, eu já estou pronto. Vamos começar! O que o Senhor que eu escreva?

Agora eu tinha a plena e absoluta certeza que aquele ponteiro piscando seria o condutor das palavras do meu verdadeiro diretor que ditaria tudo para o seu escrivão.

Eu não sou Kim Seokjin, o escritor. Eu sou Kim Seokjin, discípulo, profeta e escritor. Antes de ser um escritor, eu sou um discípulo, sou um profeta, servo, escravo do meu Senhor, alguém quem é submisso a uma ordem maior, alguém que é direcionado, um subordinado que tem uma conexão visceral com o meu Senhor.

E só então, me torno escritor.

... 

Olá, leitor(a). Antes que você continue para os próximos capítulos, preciso salientar algumas coisas sobre essa história:

Esta é uma fanfic cristã. Portanto, como já puderam ver, há menções ao evangelho e a cultura cristã. No entanto, caso você não acredite, está livre para ler ou não, sinta-se livre.

COMENTÁRIOS OFENSIVOS A RELIGIÃO É CRIME!
Decreto Lei 2.848 de 07 de Dezembro de 1940
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

• Entendo a responsabilidade que têm trazer histórias assim, principalmente fanfics, em uma realidade atrelada a uma religião, ainda mais sendo ela cristã. No entanto, me senti segura já que, existem inúmeras histórias que fazem apologia a magia, bruxaria, ateísmo, espiritismo, entre outros. Meu intuito não é atacar nem diminuir nenhuma outra religião! Estou apenas expressando Jesus na terra, como diz em sua palavra (Mateus 16:15-18).

• Independente das menções de crença dos personagens na história, precisamos lembrar que a história se trata de uma FANFIC, bem sabemos que fanfic se trata de um cenário irreal feito de fã para fã.

Para uma melhor imersão, o link da playlist da história está no link da minha bio. Podem acessar o Spotify e procurar a playlist pelo nome. Garanto que não vai se arrepender disso! 😉

Obrigada pela atenção.

Camilla Pimentel.

JACKOnde histórias criam vida. Descubra agora