Capítulo 2

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Capítulo 2

Sidney

Era noite de sábado, estava na garagem de Max ensaiando com a banda, estávamos passando uma música quando o telefone tocou, era Sara. Começou a falar com aquela voz arrastada.

-Sid, o que acha de irmos àquele pub novo que inaugurou no centro?

Sara era bonita, tinha olhos grandes e uma boca bem carnuda, adorava quando ela usava o batom vermelho e uma minissaia de matar. Saímos algumas vezes, não era nada sério, pelo menos pra mim não era.

-Oi, olha, estou ensaiando com a banda, te ligo mais tarde. Antes que ela falasse qualquer coisa desliguei, não tinha muita paciência com ela ultimamente, aliás estava sem paciência pra quase tudo, em casa as coisas estavam estranhas desde que mamãe descobriu que papai estava tendo um caso com a secretária. Papai é medico, gostaria que eu seguisse sua profissão, mas acabei escolhendo jornalismo. Estou no primeiro período, mas pra falar verdade sou mais da música, porém sobre pressão tive que escolher algo pra cursar e qualquer coisa era melhor que a medicina pra mim. Estava extravasando com minha guitarra quando o restante do pessoal chegou pra ensaiar, tínhamos Flávio na bateria e Roberto, o Beto, como gostava de ser chamado, no baixo, Max é o nosso vocalista.

A tarde tinha passado tão depressa, tinha ido à casa de Eduardo fazer um trabalho chato de semiótica, por isso cheguei mais cedo, tive que sair às pressas de casa, o clima não estava bom, piorou quando mamãe começou a jogar coisas de vidro em papai.

Max e eu vamos alugar nosso próprio apartamento, está mais que na hora de sair da casa dos pais. Estamos tocando em alguns bares e casamentos, a grana ainda é bem curta, mas dividindo o apartamento conseguiremos pagar o aluguel. Papai queria ajudar, mas estou bem grandinho pra cuidar das minhas próprias coisas.

Senti mãos nos meus ombros e me assustei, estava com meus próprios pensamentos quando Sara, invadiu a garagem de Max, logo reconheci suas mãos, morenas e macias.

-O que você está fazendo aqui?

-Não está feliz em me ver, docinho?

-Estou ensaiando, daqui a pouco os garotos vão chegar, então acho melhor você ir.

-Grosso! Desde aquela garota apareceu,você ficou um bocado chato e super grosso! O que está havendo? Não vai dizer que aquela garota sem sal está mexendo com você?

-Olha, não tenho tempo pra conversar agora.

- Então, porque saiu do nosso grupo de trabalho pra se juntar ao dela? Ela me interrompeu.

-Simplesmente porque somos cinco e eles somente três, achei que poderia ajudar, já que a professora Fabíola insistiu que os grupos devessem ser formados por quatro pessoas. Menti descaradamente. A verdade é que estava fascinado pela garota de cabelos claros, olhos escuros, que ao contrário de Sara, não precisava de maquiagem para ficar bonita. À tarde quando ela chegou para estudar na casa de Eduardo, fui logo atender a porta já imaginando quem seria. Na verdade mudei de grupo só pra ficar perto dela. Nunca uma garota havia me olhado com tanta intensidade. As garotas que geralmente olhavam pra mim eram óbvias demais, mas com essa era diferente, não sei explicar, alguma coisa nela me cativou. Olhos intensos demais, uma boca que dá vontade de beijar todinha e tirar todo aquele batom cor de rosa.

- E aí esta você, aposto que está pensando nela. - Sara interrompeu meus devaneios. E graças a Deus nem precisei responder, os meninos chegaram logo pra ensaiar.

Já era tarde da noite, nem percebi quando Sara foi embora, já tinha deixado bem claro que não tínhamos mais nada, porém ela parecia não querer ouvir. Quando cheguei em casa estava tudo muito quieto, fui até o quarto da minha mãe e bati na porta.

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