01. Monsieur Bleu

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Khaled Khouri.

Estou jantando no meu restaurante favorito, o Monsieur Bleu, que ficava em um lugar famoso em Paris perto do Rio Sena e que tinha uma vista privilegiada.

Observo meu interior, como que procurando alguém. Me pego encarando um par de olhos verdes que estão procurando alguém ou algo, ele passa por mim, me ignora, mas eu não o ignoro e não teria como fazer aquilo, já que aqueles olhos felinos estavam ali prontos para serem meus.

Encaro atentamente o rosto daquele desconhecido que parecia nervoso enquanto conversava com um amigo.

Observo melhor vendo ele passa a mão no rosto secando o que eu acho ser lágrimas.

Então, depois de alguns segundos, ele pega o celular, se levantando e saindo do restaurante, ando atrás dele incapaz de resisti. Eu o teria nos meus braços hoje e observo enquanto ele atende à ligação. Logo reconheço o sotaque brasileiro e ele fala entre pausas.

_ Como você esperava que eu reagisse a isto Bruno? Nós estávamos noivos e prontos para subir ao altar! E tudo o que você me fala é que não quer mais fazer isso. Que vai se casar com outra pessoa! Você ainda tem a pachorra de querer usar o meu dinheiro para casar com um dos nossos melhores amigos em comum! Isso não vai acontecer nunca!

Um intervalo e observo que ele passa a mão no rosto nervoso. Ele estava com o coração partido. Isso era bom para mim, mas, sinceramente, eu não iria me aproveitar da situação para tê-lo na minha cama hoje. Talvez, apenas aproveitaria aquela situação para conhecer o dono daqueles olhos maravilhosos.

_ Se você ousar tentar mexer com os valores na minha conta, você pode ficar preparado para a pior briga judicial que você já viu na sua vida e não adianta você me ameaçar dizendo ser banqueiro ou coisa do tipo. EU NÃO ME IMPORTO COM ISSO! - Ele grita e bem, os olhos felinos não eram por acaso, ele tinha um espírito animal e imaginava como ele poderia ser um animal na cama. Bem, eu iria descobrir em breve e observo que ele fala em um tom baixo e até mesmo magoado.

_ Nós não precisávamos ter chegado a esse ponto, Bruno. Sinceramente, eu nem sei, mas quem é você? E onde está o homem por quem eu me apaixonei e com quem eu estive durante oito anos e meio? Você está avisado: não é para mexer nas minhas contas bancárias. O meu advogado já está ciente de tudo isso e quando eu voltar para o Brasil, eu quero você fora da minha casa e não adianta fazer charme ou coisas do tipo. Amanhã mesmo o Caio vai estar aí para acompanhar a sua mudança e nunca mais quero ver você na minha vida.

Ele fala isso desligando a ligação o guardando o celular no bolso, enquanto anda em direção ao Rio Sena, ficando parado observando a escuridão e falo atrás dele depois de alguns minutos.

_ Não pude deixar de reparar que você estava chorando e quero saber se está tudo bem com você?

Ele não me responde prontamente, vejo que ele tenta secar as lágrimas com as mãos de forma desajeitada antes de olhar para mim e diz tentando esconder o óbvio.

_ Não se preocupe, eu estou bem e agradeço pela preocupação

_ Então, não se importaria de ir jantar comigo? Você está pálido e julgo que precisa comer algo.

_ Não é necessário, eu estou jantando com um amigo. Mas, obrigado pelo convite.

Ele tentar dar um sorriso, mas eu encaro aquela tentativa como uma tentativa falha e falo me aproximando dele colocando as minhas mãos nas costas dele.

_ Não me ache um homem intrometido ou ousado demais, mas eu ouvi o resto a sua ligação. Não pude deixar de ver que você estava chorando, então, aceite tomar um champanhe comigo. Apenas uma taça.

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