Capítulo 15

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Era medo de perder o Frankie, medo de ser minha culpa, medo de tomar uma decisão que vai marcar-me para o resto da minha vida.

Voltei para o carro e voltei para a clínica onde a Julia estava.

No caminho pensava em outra coisa, lagrimas caíam nos meus olhos. A imagem daquela mãe sofrendo pela perda do seu filho e que ela poderia se culpar por aquilo não saiam da minha cabeça.

Cheguei na clínica e vi através da janela a Julia ainda deitada naquela cama, decidi entrar e conversar com ela.

- se visses o que eu acabei de ver, com certeza estaríamos chorando juntas e nos apoiando como fazíamos antes. Eu sei que me escutas, por favor faz alguma coisa. Mexa os dedos novamente, sei lá qualquer coisa mas mostre que a irmã que eu conheço ainda está ai e que está lutando para voltar para nós.

Dei um beijo nela e fui pegar o Frankie na escola. No caminho recebi uma ligação da Gabriela.

- Gabi! Que bom que você ligou.

- daqui não é a Gabriela.

Era a voz de um homem, dei conta que era o marido da Gabriela. Só achei estranho ele estar ligando para mim.

- o que aconteceu com a Gabi?

- daqui é o marido dela, liguei para pedir encarecidamente que não voltes a ligar para ela. Não quero voltar a dizer novamente.

- isso é uma ameaça?

O marido da Gabriela simplesmente desligou. Com certeza aquilo era uma ameaça, ele não ligaria para mim se não soubesse ou desconfiasse de alguma coisa.

Cheguei na escola do Frankie e encontrei-o com a Carla. Desci e fui falar com eles.

- carlinha! Tudo bem?

- oi tia Joyce.

O Frankie estava cabisbaixo.

- o que aconteceu Frankie? - perguntei.

- não aconteceu nada tia.

- ele está mentindo, um menino da sala ficou o dia todo abusando ele. - retrucou a Carla.

- isso é verdade Frankie? Por que você queria mentir para sua tia?

- não é nada demais e deixe de ser fofoqueira Carla. - disse o Frankie.

- ela está certa de contar. O que ele disse para ele.

- tirou sarro da doença dele. - disse a Carla.

- para com isso Carla. - disse o Frankie.

- para nada, Carla me mostre quem é esse menino.

A Carla apontou-me para o menino.

- Frankie entra para o carro e espere por mim.

- mas tia.

- sem mais, entra logo que depois a gente conversa. E o seu pai Carla?

- ele está vindo. - disse a Carla.

O Frankie entrou para o carro e eu fui falar com o menino. Não pensei o que eu ia dizer para ele, mas tinha que falar alguma coisa. Encontrei o menino comendo.

- posso sentar-me aqui com você?

- a minha mãe diz que não posso falar com estranhos.

- e ela está certa e ela também diz que não é bom fazer bullyng com os outros?

- eu não fiz bullyng para ninguém.

- fez sim, eu sei que fez. E ainda bem que você sabe o que é bullyng. Não tenho dúvida que os seus pais falam disso com você. Me diz se por exemplo você gostaria que alguém dissesse que és gordo demais?

- não.

- não? Exato, foi o que pensei. Então por que você tira sarro da saúde do seu colega?

O menino ficou calado.

- agora perdeu a coragem de falar? Aquele menino é a coisa mais importante que eu tenho nessa vida e eu não perdoo ninguém que possa ferir o Frankie. Estas me ouvindo?

- sim senhora.

- muito bem! Ainda bem que nos entendemos, e vê se para de comer tanto.

Sei que fui um pouco dura com ele mas eu não sei lidar com crianças e vamos combinar que aquele menino merecia um bom sermão.

Voltei para o carro e fomos embora.

- por que você mentiu para mim?

- não quis mentir tia Joyce. Me desculpe, mas só não queria falar sobre aquilo.

- você sabe que pode conversar sobre qualquer coisa comigo meu amor, não tenhas medo de dizer o que está te incomodando. E não voltes a mentir para mim está bem?

- está bem tia.

- mudando de assunto. Hoje a tia Clara vai ficar contigo por algumas horas.

- a sua amiga da festa?

- sim ela mesma, a tia vai sair com alguém hoje e ela vai ficar contigo. Está bem?

Até que foi uma boa conversa, estou orgulhosa de mim. Quem diria que algum dia eu faria papel de mãe.

Chegamos em casa. Preparei o jantar e fiquei esperando a Clara chegar, o Frankie estava vendo tv.

Eram 7h da noite e a Clara tinha chegado.

- oi minha preta.

- agradeço imenso que tenhas vindo.

- não precisa agradecer querida. Oi Frankie.

- oi tia Clara.

- hoje vamos fazer muita bagunça. - disse a Clara.

- não vão nada. - falei brincando.

- por que ainda não está pronta? Vamos que eu te ajudo a ficar linda.

A Clara ajudou-me a preparar-me. Depois de algum tempo finalmente estava pronta, fiquei esperando o Toni chegar.

- já disse que super apoio que você e o meu irmão fiquem juntos?

- que isso Clara, é só um jantar e quem sabe o que vai acontecer depois.

- sei o que vai acontecer. Daqui a pouco vou chamar-te de cunhada. - disse a Clara brincando.

A porta tocou e era o Toni que tinha chegado. Abri a porta.

- você está muito linda Joyce. - disse o Toni.

- obrigada! Você também não fica atrás.

- não perde tempo meu irmão, faz acontecer hoje. - gritou a Clara.

- é a clara? - perguntou o Toni.

- sim é ela, é melhor irmos. Por favor tenham juízo vocês os dois.

Fomos lá para baixo e o Toni abriu a porta do carro para mim.

- wau que romântico!

- é o tratamento que uma dama merece.

- gostei.

Ele subiu no carro e fomos a caminho do restaurante. Não sei no que isso vai dar mas confesso que precisava de um momento assim, um momento para esquecer dos problemas e divertir-me um pouco.

Chegamos no restaurante e tive uma bela surpresa. Ele tinha alugado o restaurante todo só para nós os dois.

- onde está todo mundo?

- acho que nós os dois já basta.

- não acredito que você fez isso, isso é demais.

- quero que essa noite seja memorável.

- com certeza será. - falei com um sorriso.

Conhecendo o Frankie [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora