Era medo de perder o Frankie, medo de ser minha culpa, medo de tomar uma decisão que vai marcar-me para o resto da minha vida.
Voltei para o carro e voltei para a clínica onde a Julia estava.
No caminho pensava em outra coisa, lagrimas caíam nos meus olhos. A imagem daquela mãe sofrendo pela perda do seu filho e que ela poderia se culpar por aquilo não saiam da minha cabeça.
Cheguei na clínica e vi através da janela a Julia ainda deitada naquela cama, decidi entrar e conversar com ela.
- se visses o que eu acabei de ver, com certeza estaríamos chorando juntas e nos apoiando como fazíamos antes. Eu sei que me escutas, por favor faz alguma coisa. Mexa os dedos novamente, sei lá qualquer coisa mas mostre que a irmã que eu conheço ainda está ai e que está lutando para voltar para nós.
Dei um beijo nela e fui pegar o Frankie na escola. No caminho recebi uma ligação da Gabriela.
- Gabi! Que bom que você ligou.
- daqui não é a Gabriela.
Era a voz de um homem, dei conta que era o marido da Gabriela. Só achei estranho ele estar ligando para mim.
- o que aconteceu com a Gabi?
- daqui é o marido dela, liguei para pedir encarecidamente que não voltes a ligar para ela. Não quero voltar a dizer novamente.
- isso é uma ameaça?
O marido da Gabriela simplesmente desligou. Com certeza aquilo era uma ameaça, ele não ligaria para mim se não soubesse ou desconfiasse de alguma coisa.
Cheguei na escola do Frankie e encontrei-o com a Carla. Desci e fui falar com eles.
- carlinha! Tudo bem?
- oi tia Joyce.
O Frankie estava cabisbaixo.
- o que aconteceu Frankie? - perguntei.
- não aconteceu nada tia.
- ele está mentindo, um menino da sala ficou o dia todo abusando ele. - retrucou a Carla.
- isso é verdade Frankie? Por que você queria mentir para sua tia?
- não é nada demais e deixe de ser fofoqueira Carla. - disse o Frankie.
- ela está certa de contar. O que ele disse para ele.
- tirou sarro da doença dele. - disse a Carla.
- para com isso Carla. - disse o Frankie.
- para nada, Carla me mostre quem é esse menino.
A Carla apontou-me para o menino.
- Frankie entra para o carro e espere por mim.
- mas tia.
- sem mais, entra logo que depois a gente conversa. E o seu pai Carla?
- ele está vindo. - disse a Carla.
O Frankie entrou para o carro e eu fui falar com o menino. Não pensei o que eu ia dizer para ele, mas tinha que falar alguma coisa. Encontrei o menino comendo.
- posso sentar-me aqui com você?
- a minha mãe diz que não posso falar com estranhos.
- e ela está certa e ela também diz que não é bom fazer bullyng com os outros?
- eu não fiz bullyng para ninguém.
- fez sim, eu sei que fez. E ainda bem que você sabe o que é bullyng. Não tenho dúvida que os seus pais falam disso com você. Me diz se por exemplo você gostaria que alguém dissesse que és gordo demais?
- não.
- não? Exato, foi o que pensei. Então por que você tira sarro da saúde do seu colega?
O menino ficou calado.
- agora perdeu a coragem de falar? Aquele menino é a coisa mais importante que eu tenho nessa vida e eu não perdoo ninguém que possa ferir o Frankie. Estas me ouvindo?
- sim senhora.
- muito bem! Ainda bem que nos entendemos, e vê se para de comer tanto.
Sei que fui um pouco dura com ele mas eu não sei lidar com crianças e vamos combinar que aquele menino merecia um bom sermão.
Voltei para o carro e fomos embora.
- por que você mentiu para mim?
- não quis mentir tia Joyce. Me desculpe, mas só não queria falar sobre aquilo.
- você sabe que pode conversar sobre qualquer coisa comigo meu amor, não tenhas medo de dizer o que está te incomodando. E não voltes a mentir para mim está bem?
- está bem tia.
- mudando de assunto. Hoje a tia Clara vai ficar contigo por algumas horas.
- a sua amiga da festa?
- sim ela mesma, a tia vai sair com alguém hoje e ela vai ficar contigo. Está bem?
Até que foi uma boa conversa, estou orgulhosa de mim. Quem diria que algum dia eu faria papel de mãe.
Chegamos em casa. Preparei o jantar e fiquei esperando a Clara chegar, o Frankie estava vendo tv.
Eram 7h da noite e a Clara tinha chegado.
- oi minha preta.
- agradeço imenso que tenhas vindo.
- não precisa agradecer querida. Oi Frankie.
- oi tia Clara.
- hoje vamos fazer muita bagunça. - disse a Clara.
- não vão nada. - falei brincando.
- por que ainda não está pronta? Vamos que eu te ajudo a ficar linda.
A Clara ajudou-me a preparar-me. Depois de algum tempo finalmente estava pronta, fiquei esperando o Toni chegar.
- já disse que super apoio que você e o meu irmão fiquem juntos?
- que isso Clara, é só um jantar e quem sabe o que vai acontecer depois.
- sei o que vai acontecer. Daqui a pouco vou chamar-te de cunhada. - disse a Clara brincando.
A porta tocou e era o Toni que tinha chegado. Abri a porta.
- você está muito linda Joyce. - disse o Toni.
- obrigada! Você também não fica atrás.
- não perde tempo meu irmão, faz acontecer hoje. - gritou a Clara.
- é a clara? - perguntou o Toni.
- sim é ela, é melhor irmos. Por favor tenham juízo vocês os dois.
Fomos lá para baixo e o Toni abriu a porta do carro para mim.
- wau que romântico!
- é o tratamento que uma dama merece.
- gostei.
Ele subiu no carro e fomos a caminho do restaurante. Não sei no que isso vai dar mas confesso que precisava de um momento assim, um momento para esquecer dos problemas e divertir-me um pouco.
Chegamos no restaurante e tive uma bela surpresa. Ele tinha alugado o restaurante todo só para nós os dois.
- onde está todo mundo?
- acho que nós os dois já basta.
- não acredito que você fez isso, isso é demais.
- quero que essa noite seja memorável.
- com certeza será. - falei com um sorriso.
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Conhecendo o Frankie [Concluído]
Romance[Vencedor 1º Lugar na categoria Drama no concurso Dourados na Literatura] Um menino com apenas um 1 ano e alguns meses de vida e uma mulher de espirito livre. Venha conhecer essa incrível historia da Joyce e do Frankie, tia e sobrinho, que devido a...