Capítulo 20

39 8 66
                                    

(FLASHBACK) – 11 ANOS ATRAS.

Numa noite eu e a Julia estávamos comendo um monte de coisas juntas. A Julia estava grávida do Frankie e estava bastante emotiva e sensível.

- tenho medo Joyce! – disse a Julia chorando enquanto comia uma sem parar.

- não fiques desse jeito irmãzona, tenho a certeza que serás uma ótima mãe e eu uma ótima tia. – falei para a Julia comendo também.

- será mesmo? E se eu não conseguir dar conta?

- você cuidou de mim quando os pais morreram, foste como uma mãe para mim esse tempo todo. Tenho a certeza que farás o mesmo com o seu filho.

- ainda bem que temos uma à outra, eu te amo muito Joyce.

- eu também te amo irmãzona. Qual será o nome dele? Já tens uma ideia? – perguntei curiosa.

- lembra daquele senhor que nos abrigou quando o banco tirou a nossa casa e nós não tínhamos onde morar?

- sim lembro! Não me diz que o nome do seu filho será Frank?

- sim! O que achas?

- acho que pode ser melhorado... que tal Frankie? Tipo nesses filmes americanos!

- ficou melhor, então que seja Frankie.

E foi assim que escolhemos o nome do Frankie, num dia em que a Julia estava insegura sobre ser uma boa mãe.

Depois de tudo que aconteceu já nem lembrava que fui eu quem ajudou a dar o nome do meu próprio sobrinho. Até o próprio nome dele acabei esquecendo.

Eu tinha 17 anos nessa altura e a Julia tinha 21 anos. A Julia largou a faculdade para cuidar do seu filho que estava a caminho, foi difícil para ela tomar essa decisão. Mas ela sempre foi uma mulher muito forte e destemida.

O namorado da Julia o Gustavo sempre foi um homem dependente de tudo que a família dele dizia, o Gustavo pertencia à uma das famílias mais nobres do país. E a família do Gustavo nunca aceitou a Julia como namorada do filho deles, isso por que segundo eles a Julia não era um bom partido para ele.

A Julia ficou destroçada quando o idiota do Gustavo terminou com ela por causa da família dele.

Certo dia escutei a Julia e o Gustavo discutindo.

- por que estas a fazer isso comigo? – disse a Julia chorando.

- eu não posso ir contra a minha família, me desculpe. – disse o Gustavo.

- mas é do seu filho que se trata! Que raio de homem é você Gustavo?

- quem garante que esse filho é mesmo meu?

- como se atreves a insultar-me desse jeito? Sai daqui e nunca mais voltes Gustavo. – disse a Julia irritada.

- me desculpe! Simplesmente não tenho coragem de enfrentar os meus pais, eu dependo totalmente deles. Não sei o que seria da minha vida sem eles, e o pior o que seria da minha vida sem você?

- parece que tomaste a sua decisão Gustavo, eu posso muito bem cuidar do meu filho sozinha. Não preciso do dinheiro da sua família.

- me desculpa.

- para de se desculpar Gustavo, desculpa me intrometer mas não podia só ficar vendo. – falei irritada.

- já falamos o que tínhamos para falar não é Gustavo?

- mais uma vez me desculpe. – disse o Gustavo com cabeça baixa.

- só vai-te embora. – disse a Julia.

O Gustavo saiu e a Julia abraçou-me chorando.

- ei ei! Irmãzona, não fique assim. Vai dar tudo certo, o Frankie será muito amado por nós.

Esse dia foi muito difícil para a Julia, mas eu estava lá para apoiá-la e dar toda forca que ela precisava.

No dia seguinte, a Clara e eu estávamos almoçando numa lanchonete próximo da nossa escola.

- minha preta, você viu como o Paulo não para de olhar para ti? – perguntou a Clara apontando para a mesa que estava a duas mesas de distância da nossa mesa.

- para com isso Clara, você deve estar enganada, o Paulo nunca ia olhar para mim.

- por que não? Você é linda, tens que acreditar mais em ti querida.

Nessa altura o Paulo e eu ainda não namorávamos, ele olhava bastante para mim pelo menos era o que a Clara dizia o tempo todo.

Continuamos a conversar até que a Tchissola apareceu, ela era a irmã mais nova do Gustavo e estudava na mesma escola que eu. Ela era do tipo daquelas meninas super populares na escola, que todo mundo bajulava por ser de uma grande família.

- oi Joyce, oi Clara. – disse a Tchissola com olhar de desdém.

- o que você quer Tchissola? – disse a Clara.

- sim o que você quer? – falei.

- só vim dizer que lamento imenso o que aconteceu, pena que já não seremos da mesma família. Sei que a sua irmã já não namora o meu irmão. – disse a Tchissola.

- graças a Deus que isso aconteceu, agora dê-me licença. Vamos Clara. – falei levantando da mesa e deixando a Tchissola sozinha com as suas amigas.

Não suportava aquela menina, só de escutar a voz ela eu já ficava bastante irritada. Tudo só piorou depois do que o irmão dela fez com a Julia.

Passaram-se 2 meses daquele ano. A Julia e eu estávamos organizando o quarto para receber o Frankie que só restavam 5 meses para ele vir ao mundo. Estávamos bastante empolgadas com a chegada do nosso menino.

Uns instantes depois começaram a bater à porta da casa com bastante força, a pessoa que batia parecia apressada e desesperada.

- quem bate à porta desse jeito. – reclamei.

- podes ir ver quem é? – disse a Julia.

- claro!

Fui até a porta e era a Gabriela que batia a porta daquele jeito. Naquela altura a Gabriela tinha 20 anos.

- oi Joyce, a Julia está? – perguntou a Gabriela com ar de assustada.

- sim ela está! O que aconteceu? – perguntei preocupada.

- preciso falar com ela. – disse a Gabriela desesperada que entrou correndo falar com a Julia.

Alguns minutos depois ouvi gritos vindos do quarto, fui para lá e encontrei a Julia chorando.

- o que houve? – perguntei.

- o Gustavo morreu! – disse a Gabriela.

A Julia estava destroçada, ficou deitada no chão chorando sem parar. Ela ainda amava o Gustavo mesmo depois do que ele fez.

Uma semana depois, estávamos no enterro do Gustavo. Tinha bastante gente lá. A Julia fez questão de ir mesmo a família do Gustavo nunca aceitá-la, ela estava lá chorando pelo Gustavo.

O Gustavo morreu de uma doença, parece que ele estava lutando com a doença a alguns anos e não acabou por resistir.

Vi a Tchissola desolada, nunca pensei que a veria daquele jeito. Toda raiva que eu sentia por ela havia desaparecido, eu compartilhava da mesma dor que ela e entendia perfeitamente o que ela estava sentindo naquele momento.

Fui falar com ela...

- sinto muito, sei como te sentes. – falei.

- obrigada. – disse a Tchissola que voltou ao lado dos seus pais e eu voltei para a Julia.

PRESENTE - HOSPITAL

- Tchissola? – falei surpresa.

Conhecendo o Frankie [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora