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Rapidamente, Chan se aproxima de mim, indo comigo para o meu quarto novamente. 

—O que está havendo? 

—Infelizmente não posso te dar essa resposta. São ordens do rei! — diz Oshiro, segurando sua espada, como se a qualquer instante alguém pudesse entrar em meu quarto e me atacar. Vou até a janela, admirando a vista e quando volto encontro um diário, abro curiosa e vejo que é meu diário. 

"Hoje ouvi meu pai conversando com o Tenente. O reino vizinho foi atacado, muitos dos aldeões foram levados como cativos, a família real foi aniquilada, deixando para trás caos e desordem. Ainda não sabem quem está por trás de todos esses atentados, porém a qualquer instante, isso pode acontecer com o nosso reino. Colocando nossas vidas em risco. Mais do que nunca preciso ser corajosa. Sei que tenho o Channie ao meu lado, e eu o amo. Porém, também é meu dever como princesa zelar do meu povo. Custe o que custar ninguém pode saber que sou a espadachim da noite!" — fecho meu diário, começando a encaixar as peças. 

Algo muito ruim está vindo! 

Acordo assustada vendo meu quarto outra vez. 

—Foi só um sonho! — digo tentando acalmar meu coração e meu corpo que ainda estão repletos de adrenalina, me levanto vendo que já amanheceu. 

Após me arrumar, pego minha mochila indo para a Universidade. E por mais que eu tentasse focar minha mente na aula, eu sempre voltava a relembrar aquele sonho. 

—Nena! — escuto ao longe alguém me chamando, estou caminhando para ir embora, me viro para ver quem é, e me deparo com minha melhor amiga, Jihoon. 

—Oi! — respondo, acenando de volta, ela corre até mim. Caminhando comigo. 

—Está tudo bem? Te achei muito distante hoje… 
—Só estou com muita coisa em mente. 
—É algo com o Jame? — ela menciona, e então eu me lembro do episódio anterior. O fim… Lágrimas começam a emergir de meus olhos. Saio correndo, tentando me esconder, ela me acompanha, percebendo minha intenção. Ao chegarmos no banheiro eu desabo, ela me abraça dando leves tapas em minhas costas. — Vai ficar tudo bem, por favor se acalma! — sussurrou preocupada, começo a contar o que aconteceu, as nossas brigas diárias, a frieza, e por fim a traição. Ela escuta com calma e atenção cada palavra que digo. 
Confesso que aqui nesse exato momento, sentada no chão frio, abraçada com minhas pernas, olhando para a mármore da pia enquanto Jihoon me faz companhia. Meu coração mesmo dilacerado se sente mais leve. 
—Sei de algo que vai te animar! — mencionou, olho para ela atenta —Tem uma cafeteria de gatos, que abriu muito recentemente, e já faz um tempo que queria ir lá com você. Que tal irmos hoje? 
—É uma ótima ideia. — me levanto lavando meu rosto, saindo com ela. Mas assim que volto a caminhar com ela, vejo um garoto de olhos negros e cabelos medianos na altura da nuca, suas ondas cintilantes e negras. Um sentimento familiar me invade e não consigo parar de olhar para ele, de admirar ele, tentando descobrir se já o vi antes, e bem nessa hora seus olhos encontram os meus. Meu coração acelera, enquanto borboletas visitam meu estômago. Não pode ser… Ele é o garoto do sonho? Por favor, pare de pensar coisas estranhas, isso é impossível, essas coisas só acontecem em filmes de ficção! Sem perceber ainda estamos nos olhando, ele então sorri de algo que provavelmente seus amigos falaram. Mas é nesse momento que percebo que talvez, talvez nem tudo seja impossível! 

Ela caminha ao meu lado, comentando sobre a aula, os trabalhos da faculdade. Mas minha mente só consegue pensar naqueles olhos, naquele sorriso. Pensar no sonho, no garoto do guarda-chuva amarelo. 

—Você acha que é possível, alguém ir para outro mundo, ou uma outra vida através de um sonho? — digo cortando a fala de Jihoon. 
—Como?? 
—É só algo que passou pela minha mente, não precisa levar a sério.
—Entendo, acho que isso é mais possível de acontecer em filmes sabe? 
—Eu sei… — entramos na cafeteria e logo fomos recebidas por um gato muchkin de pelo branco com manchas laranjas, ele se esfrega em nossas pernas pedindo carinho eu o pego levando conosco. Fico acariciando seu pelo enquanto um nó cria vida em minha garganta. —As vezes eu penso se realmente esse é o meu mundo? Se isso tudo é realmente real, ou se nós vivemos nos sonhos e isso tudo não basta de um sonho ruim…
—Você andou lendo livros de filosofia de novo? — brincou, eu rio fraco — Eu sei que as coisas estão ruins agora, mas isso tudo é uma fase e eu tenho certeza que em breve vai ficar tudo bem. É bom ter sonhos bons, até eu às vezes tenho sonhos que parecem reais, mas não são. Acho que você precisa descansar! Então, vamos apenas aproveitar o aqui e o agora, ok? 

Presa a você, por acidente.Onde histórias criam vida. Descubra agora