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Haviam desde tampinhas de garrafa com desenhos em seu interior, a discos. Fico encantada com a variedade de coisas antigas, enquanto Marco fica na seção de video cassete, me perco entre lápis de cor e máquinas de escrever. 
—Achou algo legal? — ele se aproxima outra vez já com alguns discos em mão 
—Tá brincando? Esse lugar é incrível, tem tantas coisas que eu jamais imaginei ver outra vez ou até pessoalmente. — ele ri
—Meu pai me trazia aqui. Era seu lugar preferido. Costumo vir aqui ao menos uma vez no mês para devolver discos de vinil, ou ver as novas coisas que chegaram enquanto estive sem vir. 
—Pode parecer inconveniente, mas… E o seu pai?
—Ele morreu num acidente de moto a 5 anos. 
—Eu sinto muito Marco.
—Fique tranquila. Vamos? — afirmo com a cabeça ele me leva até minha casa, trocamos nossos números e então me despeço entrando em casa, dando de cara com ninguém mais ninguém menos que…
—Senhorita Konnon?

—Olá querida! — ela sorri, enquanto minha mãe serve algo em sua xícara, olho ao seu lado e lá está ele com seu casaco jeans, um sorriso estúpido e sua cara mais falsa. 
—Olha, eu não faço ideia, do que vieram fazer aqui, mas se o seu filho não falou. Nós não temos mais nada. Então por favor
...—abro a porta para eles, minha mãe então se aproxima, se esforçando ao máximo para não demonstrar sua raiva 
—O que pensa que está fazendo? — resmungou olhando em meus olhos 
—Mãe eu te disse pra esquecer isso. Eu já tomei minha decisão, eu e o Jame não temos mais nada. 
—Querida, sente - se! – senhorita Konnon, continua olhando para mim, eu continuo em pé na porta, até que minha mãe coloca sua mão em minhas costas cravando suas unhas em minha pele, seguro firme para não reclamar de dor, me sentando de frente para eles —Eu sinto muito pelo o que meu filho fez, e por isso viemos aqui. Para que ele lhe peça perdão. — ele olha para ele em sinal de negação, até que finalmente
—Sinto muito por ter traído sua confiança, Nena. Por favor me dê mais uma chance,  prometo lhe fazer feliz! — ele segura minha mão, olhando fundo em meus olhos fazendo meu estômago revirar
—Eu também sinto muito… 
—Então acho que já está tudo resolvido! — minha mãe me interrompe
—Sinto muito por não ter visto o quão nojento você consegue ser Jame. Vocês acharam mesmo que simplesmente vir na minha casa, subornar a minha mãe, faria com que eu voltasse a ser a marionete que eu fui durante todo esse tempo? 
—Ora… Como ousa? — senhorita Konnon se levanta já com sua máscara ao chão —Você não passa de uma malcriada! Com que direito você ignora o pedido de desculpas do meu filhinho, e ainda o trata com essa ignorância? 
—Com o direito "Eu sou uma cidadã com liberdade de expressão desde 1988". Será que a senhora sabe o que é isso? Ou devo lhe mostrar a Declaração? — ela imediatamente pega suas coisas saindo pela porta indo em direção ao carro onde seu chofer já a aguardava, Jame a acompanha como um cachorro. 
—Se lembre bem desse dia! — ela resmunga uma última vez antes de ir embora 
—Pode ter certeza que não vou me esquecer madame! — digo em tom de deboche acenando para eles, fecho a porta e dou de cara com minha mãe furiosa, que com toda a força esbofeteia meu rosto
—Você acaba de destruir a sua vida! A nossa vida! A partir de agora você não é mais a minha filha, ainda hoje quero que saiba dessa casa, e nunca mais ouse por os pés aqui! — ainda incrédula, subo as escadas fazendo minha mala com várias roupas, e coisas necessárias. E antes de sair, olho uma última vez para meu quarto fechando a porta a seguir. 
Começo a caminhar até uma praça que havia ali perto, após chegar me sento em uma banco, olhando para o céu, essa noite diferente das outras as estrelas parecem mais brilhantes como se tentassem me consolar. 
Só eu sei o quão difícil foi pra mim, lidar com ela durante todos esses anos. Por mais que esteja doendo em mim agora, vou provar a ela que sou capaz de terra uma vida digna sem precisar me casar. Pego meu celular e começo a pensar em quem devo pedir uma ajuda pelo menos por uma noite. E bem nesse momento, Marco me liga. 
—Lena? E ai? Está ocupada? 
—Oi Marco — rio fraco, e acabo deixando um tom de tristeza escapar — se procurar um abrigo é estar ocupada então é, eu estou. 
—Como assim? Aconteceu algo entre você e sua mãe? 
—Longa história. Depois te conto, você sabe de alguma pousada barata? 
—Eu sei de vários motéis. Mas acho que não serve pra você! — acabo rindo do que ele falou
— É sério, Marco…
— Minha tia tem uma pousada, é alguns quilômetros da faculdade. Se quiser posso te levar pra lá! 
— Mas é muito caro? 
— Não se preocupe. Depois você me paga, pode ser com seu corpo. — brincou, digo em qual praça estou e logo ele aparece pra me buscar, após alguns minutos com ele em alta velocidade, chegamos em uma casa que mais parecia uma chácara, cheia de plantas, um sino dos ventos, a casa possui cores alegres, suas janelas são de madeira e vidro, dando um toque rústico. Ele estaciona, e então me ajuda a levar minha mala.
—Marco! — uma senhora com um cabelo curto escuro, aparece na porta, vestida com um vestido claro e uma manta de tricô. Ela aparenta ter seus 38 anos, mas bem conservada. Seus olhos são claros como amêndoas. Ela caminha até ele e logo o abraça. Ele conversa com ela, enquanto estou parada ao lado da minha mala, um tanto tímida. 
—Tia essa minha amiga, Milena. A senhora poderia hospedar ela por alguns dias? 
— Boa noite! — sorrio para ela, ela me abraça e segura em minha mão com carinho. — Marco, ela é tão linda! Vamos entrando, está frio aqui fora. 
— Se não for incômodo, eu gostaria de saber o valor da hospedagem. 
— Querida, fique tranquila! Eu confio em meu sobrinho, sei que ele não traria qualquer pessoa para cá. Sinta se em casa! Qualquer coisa pode falar comigo ou com a Sarah. — logo vejo uma garota menor que eu um pouco, muito parecida com a tia do Marco. 
— Muito obrigada! — eles me deixam no meu quarto, e então Marco fica a sós comigo. — Você realmente me salvou. Obrigada! 
— Imagina. A minha tia é uma ótima pessoa. Tenho certeza que vão se dar bem. Agora preciso ir, te vejo amanhã? 
— Claro! — sorrio, me despeço dele e então me deito na cama, e enquanto ouço os grilos do lado de fora, encaro o teto com flores pintadas à mão. 

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⏰ Última atualização: Sep 25, 2020 ⏰

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