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Renata

As leves brasas ainda queimavam lá dentro, depois de um tempo ajoelhada meus joelhos falharam  e eu caí deitada no chão de terra e folhas secas, odiava me sentir como eu me sentia agora...

Incapaz, indefesa, frágil....

- como odeio você !

Bati com as mãos no chão com força, levantei e peguei minha bolsa junto com o isqueiro de metal preto com um símbolo de um prisma e andei até a casinha na árvore, escalei as escadas e me sentei puxando ela em seguida para dentro da casinha

Liguei o pequeno interruptor e a luzinha amarelada ascendeu, a casinha na árvore não era exatamente a coisa mais perfeita, ou organizada, era do meu jeitinho, tudo ali tinha meu toque, afinal era minha, era aqui que sempre vinha depois que ela nos deixou, sempre que me sentia sozinha ou abandonada

Era uma casinha de 3m por 3m de largura e 2m de altura, no começo do ano, a "casinha" antes branca, ficou verde água por dentro, eu tinha comprado a tinta e pintado sozinha, tinha feito uma reforma completa, no começo desse ano, coloquei uma pequena prateleira com gaveta onde eu guardava minhas glousemas, um frigobar e um microondas, algumas luzes de led e um abajur, comprei cortinas para as duas janelas e cobertores quentinhos, e o que não poderia faltar vários travesseiros de tamanhos variados

Amava aquele lugar me deixava leve, achei essa casinha quando tinha dez anos por acidente, estava brincando com minhas amigas e Thomas me deu um susto, quando sai correndo me perdi e encontrei a casinha, estava abandonada e velha, mesmo assim achei linda, então não contei a ninguém e sempre que podia fazia decorações ou arrumava a casinha

Deitei encima dos vários travesseiros e fiquei olhando para as estrelas pela janela

(....)

- Renata !

Ouvi alguem me chamar lá embaixo e olhei as horas no meu celular, eram duas da manhã, eu tinha pegado no sono, tinha dormido lá em cima

Quando olhei pela pequena janela não tinha ninguém, tudo estava escuro e tudo que eu consegui ver foram folhas se mechendo junto com os arbustos

Foi rápido, a porta da casinha se abriu fazendo uma barulho alto, como um trovão e algo agarrou meu pé e subiu

- ahhh !

A única coisa que pensei foi me defender então n pensei duas vezes antes de pegar o taco de baseball autografado e bater na coisa, mais a mesma mão que segurou meu pé, também segurou o taco, ele levantou o olhar e a luz da lua e de um raio iluminou as íris tempestuosas

- não pode entrar aqui desse jeito seu doente ! - ele não falou, apenas inclinou a cabeça para o lado, o semblante ainda sério - o que faz aqui - abaixei o taco - como sabe desse lugar

- você me trouxe aqui

Foi tudo que disse antes de entrar por completo e fechar a portinha da casa, ele era alto então não ficava tão confortável assim para ele como ficava para mim

- vai embora

- vem comigo

- vai. Embora !

Falei pausadamente aumentando o tom de voz um pouco

- é  perigoso estar aqui sozinha, venha comigo

- não vou aceitar seu pedido

- estou mandando - ele olhou para os lados e para fora da janela da casinha, como se procurasse algo

- eu não  quero ir, não com você

- você  não tem escolha

Escutamos um barulho muito alto lá fora, olhei para ele de olhos arregalados e ele não fez nada, parecia até que já esperava pelo som

Ele abriu a porta e jogou a escada de madeira e cordas, desceu e olhou para todos os lados antes de olhar para cima, onde eu estava

- vem

Peguei minhas coisas e desci, estava assustada, não sabia o que pensar, ele estava estranho, nunca tinha o visto dessa forma

- Só vou falar uma vez, me escute - pegou no meu rosto firme com uma das mãos e apertou minhas boxexas levantando meu rosto - corra até o carro e não olhe para trás, está me entendendo ?

Sei que foi mais uma afirmação do que uma pergunta, mais estava com medo e cansada, ainda não tinha acordado, e preferi confiar nele, balanceio a cabeça positivamente e ele fez o mesmo comigo, então me soltou e me virou de costas para ele aspirando o cheiro do meu cabelo antes de falar

- corre ! - o barulho do trovão se fez presente na mesma hora junto de sua fala, junto com a chuva pesada que começou a cair

Eu saí correndo

Corri como tinha dito a ele

Corri como se não houvesse amanhã

É quando cheguei um pouco mais longe dele

Eu olhei para trás

Ele ainda tava lá....

Tava parado

A chuva molhava seu cabelo

Seu corpo

Suas roupas

Pensei que viria atrás de mim, pensei que nunca me abandonaria como esta fazendo agora, como tinha me prometido

Tive vontade de voltar

Voltar para traselo comigo

Voltar para os seus braços

Voltar para ele....

×××××

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⏰ Última atualização: Jul 27, 2021 ⏰

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