O Estranho no Skate

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— Sarada, nove e meio não é uma nota ruim. Muito pelo contrário — disse Tenten, ajeitando o óculos redondo sobre o nariz — é uma ótima nota. A melhor da sala, para ser exata.

A professora de Geografia olhou para a aluna com seus olhos cor de chocolate e um sorriso gentil. Conhecia seus pupilos e sabia da cobrança para consigo mesma da Uchiha. Era seu dever orientar e trazer conforto.

— Mas senhorita Tenten... eu...— a aluna procurava as palavras para expressar seu descontentamento, sem sucesso.

— Sarada. — Ela se inclinou sobre a mesa, encostando a mão sobre o braço da aluna. — Não seja tão dura consigo mesma.

Os olhos cor de chocolate brilharam com determinação e Sarada soltou um suspiro, derrotada. Não conseguiria verbalizar sua frustração de maneira coerente. No corredor, o sinal tocou com um som rápido e estridente.

Tenten se reclinou de volta na cadeira.

— Bom, vai começar minha aula. Espero que estejamos entendidas. Certo? — Falou, devolvendo a prova preenchida para a aluna. — Você foi a melhor da sala. Não há porque vir para a vista de prova por meio ponto. Todos cometemos algumas falhas, é humano.

Soltou um suspiro leve pelo nariz, não havia mais nada a dizer.

— Tudo bem. Obrigada, senhorita Tenten.

Sarada se levantou da cadeira e saiu para o corredor, desviando ligeira de Hyuuga Neji, o carrasco professor de Álgebra que entrava na sala enquanto ela se retirava. Andou a passos lentos até seu armário, fitando o chão, sem realmente se dar conta dos alunos que iam e vinham no ambiente. Abriu o armário com um som metálico, e começou a depositar seus livros, alheia ao seu redor.

Estava pensando na questão que lhe tirara meio ponto quando sentiu um braço com agasalho impermeável lhe rodear os ombros, puxando-a para um abraço barulhento com o farfalhar do tecido.

— Kawaki! - Ela exclamou. — Você não pode aparecer me agarrando assim! — Disse, ruborizando e tentando se livrar do abraço, enquanto ele a segurava sem fazer grande esforço. Demonstrações públicas de afeto não eram seu forte.

— É claro que posso. — ele lhe deu um beijo afetuoso na bochecha. — Como foi a vista de prova? Conseguiu tirar onze? — O tom de zombaria era evidente.

Ela não estava no humor para piadinhas, e Kawaki era provocador e sarcástico por natureza, e sabia exatamente como irritá-la, além de tomar certas liberdades como seu namorado.

— Não. — Ela disse, azeda. — Aquele discurso de sempre: não se cobre tanto, é uma ótima nota, etecetera. — Ela fez um beicinho enquanto enfiava a prova na mochila.

— Ah, você é tão nerdinha! Que orgulho. Sabe que vai ter que me ensinar toda essa matéria né? — Ele lhe deu um beijo demorado nos lábios comprimidos. — Os treinos estão me matando. Não vou ter tempo para a aula dessa semana.

— De novo? — Ela franziu as sobrancelhas, decepcionada. Por mais que amasse seu namorado, achava sua negligência para com as aulas extremamente incômoda. — Você não pode abrir mão da escola por conta do treino, Kawaki.

Ele tirou o braço do pescoço dela e passou a mão no rosto, irritado.

— Eu sei, já falamos sobre isso. Mas o treino é meu passe para a universidade. — Ele ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. — Então por enquanto é, sim, minha prioridade.

Kawaki era um gênio, mas ultimamente havia negligenciado tanto a escola que seu desempenho não passava da média. Sarada sentia falta das sessões de estudo na biblioteca com seu namorado, ele parecia ser consumido pelo esporte. Isso a incomodava.

Garotos [BoruSara]Onde histórias criam vida. Descubra agora