Há muitos meses eu não admirava a natureza dessa forma tão poética. Minha vida estava tão complicada a ponto de representá-la através da cor cinza, pois eu estava enfrentando a pior das tempestades. Sabe aquele azul que se perde durante o temporal? É exatamente assim como me encontro, entre idas e vindas, luto constantemente contra eu mesma.
Hoje o dia estava mais ensolarado que ontem, conheci alguém especial. Nem sei se o encontrarei novamente, ao observar seus olhos pude ver vitalidade, algo que preciso exercitar em mim.
Sabe aquela pessoa que te dá energia apenas ao estar do seu lado? Senti uma conexão intensa com a natureza e principalmente com sua companhia. É incrível o que a praia pode fazer conosco, eu sinto tanta falta disso. Amo as redes sociais mas nada substitui momentos prazerosos ao lado de pessoas legais como ele.
Me despedi de Ryu e voltei para casa, minha mãe estava trancada no seu quarto e segui até a sala de jantar. No porta-retrato, vi o rosto do meu pai que iluminava os meus dias de menina. Todos dizem o quanto nossos olhos azuis brilhavam quando estávamos juntos.— Por que você partiu tão cedo,pai? — meus olhos marejados recordava sobre o dia que ele partiu. Compreendominha mãe, já sentia-se deprimida pois amanhã será o aniversário de morte dele.
Pensei que apesar desta data ser tãodifícil, eu também teria que sorrir novamente no trabalho. Lá na livraria, aspessoas competem pelo nível de intelecto. Eu geralmente admiro os autores,muitos são amáveis, mas alguns perderam a essência da escrita.Um hábito antigo é refletir sobre tudo que vivi antes de dormir, eu sei que deveria escrever mas a preguiça é tão tentadora como a minha cama. Ativei o despertador pois amanhã seria um dia longo no trabalho, em casa também.
Ao amanhecer, gosto de escutar uma música praiana. Me arrumo para o trabalho e tomo um café bem fresquinho. Encontrei mamãe no jardim, colhendo flores e cuidando delas para visitar meu pai no cemitério. É uma tradição todos os anos nessa data tão marcante.
Sigo ao trabalho e caminho pelo calçadão da Avenida Atlântica até chegar na livraria. O meu trabalho é tranquilo, um ambiente aconchegante, mesmo com as pequenas adversidades. Nas horas vagas, eu viajo no mundo da poesia, abro o livro de Paulo Leminski, "Toda Poesia" e reflito em cada um dos versos. Tiro fotos e edito para o feed de notícias do Instagram. São mais de 1000 seguidores, mas ninguém conhece o meu "eu" verdadeiro. Evito que esses pensamentos me aprisionem, então apenas tento focar no meu trabalho.
Ao voltar para casa, encontro minha mãe desmaiada. No desespero, eu ligo para que o pronto-socorro a atenda. Tento acordá-la mas não obtenho sucesso nenhum.No ápice do meu tormento, peço um uber pois nesse período a ambulância demora mais ainda para chegar. Será que ela cometeria uma loucura? O mesmo caos que meus pensamentos tem me levado até o mar?
Chegamos no hospital, consegui atendimento com o clínico geral. Ele me dissera que mamãe tem misturado seus remédios com álcool e isso resultou o mal estar e desmaio. Pediu que eu retornasse no dia seguinte, pois ela ficaria em observação.
Voltei para casa e me perdi nos pensamentos. Talvez minha mãe já estivesse morta por dentro e mesmo que eu me esforce, parece que nada a inspira sair daquele quarto. Eu também estou em total desarmonia com a vida, mas ela deveria reagir. Afinal, nós duas estamos sofrendo com a ausência dele.

Obs...
Eu fiz esse vídeo pois essa música me inspirou a escrever sobre a melancolia da personagem. Recomendo para realmente viajar no mundo dela 💙🌊
Eu não posso julgá-la, pois de certa forma desisti da minha vida.
Costumava a escrever poesia todos os dias, planejei muitas coisas, mas brigávamos muito. Parece que ela não aceita que a vida continue após o luto.
Eu já tentei ajudar de diversas formas, encontrei um psicólogo, amigos para que ela gostasse novamente da vida, até a acompanhei nas igrejas. Foram muitas reuniões e atividades jogadas para o alto.
Sinto que não sou capaz de fazer mais nada por ela, principalmente por mim. Não sinto mais vontade de estudar ou até sonhar, gostaria que esse mundo a qual vivo, fosse apenas um pesadelo.
Eu já tentei 3 vezes e falhei. A coragem não existe, revivo meus dramas diariamente e sempre que tentei entrar no mar e ficar lá até tudo se apagar, meu desespero é tão grande como um choque térmico onde as águas geladas paralisam todo o meu ser.
Para fingir alegria, saio por aí sem rumo. Bebo, danço e me tormento. Vi minha mãe se perdendo quando meu pai partiu, não quero sentir o mesmo. Sim, sou covarde para abrir meu coração e continuarei fugindo dessa sensação.Na verdade, não entendo como permiti que a vida apresentasse essa face para mim.
Ao entrar em casa, um silêncio se espalhara por todo o ambiente. Segui até meu quarto, deitada, alcancei o celular e respondi alguns comentários das redes sociais, chorei e finalmente adormeci.Nota da Autora
Olá gente! Muitas novidades os aguardam!
Sei que esse capítulo foi um pouco triste, mas a vida é como um temporal que passa por aquele breve período né?Em breve, as coisas vão melhorar!
Somos como a flor de lótus, que passa sua vida na terra densa, mas floresce ao observar boas energias!
Obs. Se gostar, vota e comenta! Onegai 🙏🤗
Até quarta !Arigatô🌸
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Yasmin, profunda como o mar
RomanceEsse é um romance onde o amor próprio é o foco da história. Yasmin tem 22 anos, é sonhadora mas enfrenta um grande obstáculo, a ansiedade. Está no início da fase adulta, busca o auto conhecimento para não se criticar com tanta frequência. Como qual...