2. Lagarta

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Era a primeira vez que eu transitava pelos corredores do Sólon.

Entramos por uma porta estreita que levava a uma passagem maior. Olhando de fora, não dava para imaginar que o local era tão grande. O chão era forrado por um carpete vermelho, e as paredes, revestidas com um papel florido escuro. Eu ouvia bem de longe — devido ao isolamento de acústica — as batidas de uma caixa de som quase estourada, tamanho era o volume dos graves;

Cruzamos mais algumas salas, onde homens conversavam descontraídos com seus copos de bebida nas mãos, ou soprando as fumaças densas dos cigarros e charutos que tragavam sem compromisso.

Ali definitivamente não era uma casa de massagem. Bom, pelo menos, não o tipo de massagem que eu imaginava. Cheguei a essa conclusão quando passamos por uma sala, onde um senhor de meia idade beijava o pescoço de outro garoto, sem a menor preocupação.

O cara de cabelos prateados, que estava andando a alguns metros na minha frente, virou-se e sorriu. Ele sabia que eu havia entendido qual era a daquele lugar, naquele exato momento.

Park Jimin pedindo emprego em uma casa de sexo... Isso realmente era uma coisa impensável, até então. Estava fora da minha lista de prioridades oferecer o meu corpo em troca de dinheiro.

A princípio, cogitei dar meia volta e fugir dali, sem nem ao menos ouvir a proposta do Boss. Contudo, arrisquei a possibilidade de que, talvez, apenas talvez, ele tivesse uma oferta interessante que não incluísse as atividades essenciais daquele estabelecimento.

Depois de andarmos uma boa distância, chegamos finalmente ao nosso destino; o escritório do boss.

Ao colocar os pés no cômodo, me surpreendi com o cenário com o qual me deparei. Era bem mais comum do que eu previ. Sem as luzes coloridas, sem os adornos exóticos, sem a extravagância dos outros quartos. Um escritório simples, como outro qualquer. O que mais se destacava, era um quadro grande na parede. Uma pintura de um rapaz, de costas, que dançava graciosamente vestindo uma roupa branca. Encarei aquela composição de traços e cores por alguns instantes, quando fui tirado do meu pequeno deslumbre.

— Pode se assentar.

O homem estendeu a mão, apontando para uma cadeira, enquanto se acomodava na poltrona do outro lado da mesa. Eu diria que, pela aparência, deveríamos ter idades aproximadas, o que me deixava surpreso, já que ele aparentava ser o dono do local.

Olhei ao redor um pouco ansioso. Assentei-me e permaneci em silêncio observando o cara, que me encarava de volta sem dizer nada. Seus dedos cruzavam-se em frente ao rosto, ocultando parte de sua face, enquanto seus cotovelos permaneciam relaxados nos braços da poltrona.

— Então, você quer ficar aqui e trabalhar... — disse, abaixando-se para pegar algo na gaveta da mesa que estava entre nós dois.

— Sim — confirmei, tenso.

A tonalidade de sua voz me deixava incomodado. Era como se ele pudesse me agredir com apenas algumas palavras.

— E você já deve ter entendido no caminho que isso aqui não é uma casa de massagem como pensou que fosse. — Seu rosto, que agora estava escondido atrás da mesa, subiu, revelando um par de olhos intensos. Ele colocou sobre a mesa uma pistola de cor preta, com o cano apontado na minha direção. Assustado, minhas mãos grudaram nos braços da cadeira.

— Não se preocupe. É só por precaução — disse tranquilamente, jogando seu corpo para trás de um jeito relaxado na cadeira. — Então... Você percebeu que tipo de lugar é esse.

— Sim. — Desviei o olhar. — Mas achei que talvez...

— Achou errado — me interrompeu friamente.

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