Quando a luz roxa acendeu no canto superior da porta senti o colchão atrair meu corpo como um ímã.
— Clientes? — perguntei engolindo seco no fim da frase.
— É... Clientes — disse Hoseok franzindo a testa, como se fosse óbvio.
Ele caminhou até o pequeno espelho do banheiro e ajeitou rapidamente o cabelo. Da cama, eu conseguia ver seu reflexo. Abriu o armarinho e pegou um frasco azul, borrifando um perfume forte, cujo cheiro inundou todo o quarto. Saiu do banheiro, passou por mim sem me direcionar o olhar e seguiu até o armário, próximo à janela de vidro, do outro lado do quarto. Nem se demorou escolhendo as peças de roupa, pegou as primeiras que viu pela frente. Uma blusa de malha preta, sem nenhuma estampa, e uma bermuda jeans que parava uns dois dedos acima do seu joelho. Enquanto se vestia, eu o observava, sem reação. Meu corpo era como um completo estranho. O suor frio descia bem no centro das minhas costas e eu sentia alguns tremores violentos na coxa. Terminando de encaixar sua bermuda na cintura, Hopi finalmente me notou.
— Você está bem? — perguntou, ao mesmo tempo que calçava o tênis branco que estava encostado ao lado da entrada do quarto. Ele estava sem meias.
Balancei a cabeça uma vez simulando calma.
Hoseok veio até mim e colocou a mão sobre o meu ombro. Com o gesto, acabou sentindo meu corpo relutar de maneira violenta na cama. Meus músculos estavam enrijecidos pela adrenalina.
— O que você tem, Jimin? — Passou a mão suavemente sobre minha cabeça e desceu, verificando minha temperatura. Meus olhos lhe pediram socorro, pois minha boca foi incapaz de agir. — Espera um pouco, não sai daqui. — Como se eu pudesse. Hoseok sinalizou com as mãos para que eu não me movesse e saiu pela porta, voltando poucos minutos depois com um copo de água.
Eu permaneci imóvel na cama. Hopi fechou a porta e sentou-se ao meu lado. Suas mãos acariciaram minhas costas num gesto cuidadoso.
— Bebe!
Quando peguei o copo descartável, pequenas ondulações se formaram na superfície do líquido. Levei a outra mão tentando estabilizá-lo para que Hoseok não percebesse, mesmo que aparentemente ele não estivesse se importando com minha fragilidade.
— Sente-se melhor? — Apertou minha nuca gentilmente. Assenti com um aceno de cabeça.
— Você não vai traba-lhar? — O nó em minha garganta atrapalhou minha dicção.
— Com você assim? Não mesmo.
— Eu não quero te atrapalhar. — Fiquei preocupado que aquele meu showzinho fosse custar a Hoseok uma bronca. Moony não parecia ser do tipo de patrão compreensivo.
— Já bati minha meta hoje, relaxa. — Segurou meu queixo e sorriu, fechando os olhos. — Moony disse que te deu dois dias só para observar. Você não me disse isso.
Eu havia me esquecido desse detalhe. De qualquer forma, uma hora ou outra esse momento ia chegar e eu não admitia ficar tão afetado. Hopi me observava curioso, tentando extrair alguma informação a meu respeito.
— Você já transou, Jimin? — perguntou me fazendo corar com a naturalidade da pergunta. Fiquei em silêncio, mas concordei com a cabeça.
— Vou repetir a pergunta. Você já transou, Jimin? — Seu olhar atento podia me desvendar.
— Até o finalmente não — expliquei envergonhado, enfatizando a palavra "finalmente".
— E o que você pretendia fazer se o cliente te escolhesse?
Com a ponta dos dedos, segurei o copo entre minhas pernas e me perdi por alguns segundos procurando respostas mentais para aquela pergunta, mas sinceramente, eu não fazia ideia.
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Borboleta Neon
FanfictionQuando Park Jimin saiu definitivamente de casa, apenas com a roupa do corpo, não havia traçado novos planos para seu futuro. Queria apenas se ver livre da vida massante que os pais haviam idealizado para si. O que ele não imaginava é que a liberdade...