Capítulo 1.

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Arrependimento. Acho que é uma palavra muito bonita para falar a verdade. Já se arrependeu por ter feito alguma coisa? Ou melhor, já pensou como seria sua vida seria se algum ocorrido idiota não tivesse acontecido? Como essa coisa que sob seu julgamento foi estúpido, idiota ou imaturo, quem sabe, afetou sua vida? Ah, tudo poderia ter sido completamente diferente... Até mesmo melhor. Pior, talvez, se formos pessimistas. Acredita de que tudo que acontece de ruim em nossas vidas, vem para melhorar? Para um propósito? Será se tudo realmente tem um propósito em nossas vidas? Temos um plano de vida feito por Deus ou algo do tipo? O que você daria para fazer algumas mudanças em esse plano? Deve ser bobagem, essa coisa de plano não deve nem existir, certo? Por Deus, são tantas perguntas, que pareço uma idiota curiosa ou perdida, ou melhor, pareço um pouco dos dois.

Esses e muitos outros questionamentos estavam em minha mente no início de meus problemas. Bom, eu via tudo aquilo dessa maneira naquela época. Me lembro como se fosse hoje os enjôos, dor de cabeça, fome para dois... Sentia que nunca deveria ter ido a aquela maldita festa e muito menos ter acordado na cama de um estranho. Minha primeira vez e eu nem me lembro como foi. Nada, não me lembro de nada, há apenas um borrão em minha memória. A sensação de negação. Nunca deixa de ser dolorido esse sentimento, acredita? Minha própria família havia me negado por uma droga de imagem e de poder. Minha própria mãe me mandou para fora do país, me abandonou quando mais precisei. Ela não queria estragar a imagem que a família Song tinha em pequim com minha infeliz gravidez aos 15. Vocês devem estar se perguntando, e o pai da criança? Não me lembro de seu rosto, apenas me lembro de seus olhos, porém isso não era o suficiente para encontrar uma pessoa.

Apenas uma pessoa permaneceu ao meu lado. Chong Ting-yan, ou Elkie, como gosto de a chamar. Ela conseguiu convencer os pais de se mudar para os Estados Unidos para "estudar". A realidade era que ela veio ficar comigo, permanecer ao meu lado quando mais precisei. É a família que eu nunca tive, a irmã que nunca tive. Foi ela que esteve comigo, que me orientou quando descobri a gravidez. Estava comigo quando entrei em trabalho de parto, me levou para o hospital e me ajudo na criação de Dalai. Deve ser triste para Dalai assinar como um Song, mas ter apenas eu e Elkie como família, sequer conhece seus avós e seus tios. Meu coração se parte quando sou questionada pelo pequeno em relação a sua paternidade. Como explicar para uma pequena criança que ele foi o fruto de uma noite em que eu nem deveria ter vivido, para o início de conversa?

As vezes me sinto perdida em como devo cuidar de meu filho. Hoje em dia ele tem 7 anos e eu 22. Como dizem por ai: "uma criança cuidando de outra". E olha, não posso discordar. Eu deveria estar dando a louca agora que estou na faculdade, mas invés disso, tenho que chegar cedo em casa para colocar meu pequeno na cama e desejar que ele tenha bons sonhos. Não estou reclamando disso, eu amo Dalai mais do que consigo explicar. É um amor sem igual, daria minha vida pela dele sem pensar duas vezes. Mas tudo seria tão diferente... Me imagino sendo uma jovem mulher de 22 anos normal. Não há tempo de sonhar, Yuqi! Você deve ir até Dalai e entender o motivo dele estar sentindo dor em sua pequena barriga! As vezes eu só queria uma dose de tequila...

Pelo menos não tenho que trabalhar, recebo uma boa grana da China, que é enviada por mamãe para que eu me sustente aqui. Ela teve uma pequena misericórdia comigo. Não era o que eu esperava, mas devo me contentar com isso. É como dizem, devemos nos contentar com migalhas, independente do que se trate a migalha. Na verdade isso nem deve ser misericórdia, ela deve apenas querer me manter quieta aqui. Mas sinto informar que algum dia voltarei, não quero que Dalai viva sua vida inteira aqui neste país.

Estava na pia de casa, bebendo um chá que eu havia acabado de fazer, quando sinto pequenas mãozinhas ao redor de minhas pernas. Um pequeno sorriso se forma automaticamente em meu rosto. É muito bom poder sentir essa sensação logo pela manhã. Meu coração se esquenta toda vez que ele demonstra que me ama tanto quanto eu amo a ele. Dalai era um menino de ouro, sempre mostrava quando se importava com alguém. Deixei minha xícara sobre a pia e me virei para abraçar o pequeno. Me abaixei a sua altura e o acolhi entre meus braços.

- Dormiu bem? Quer que eu faça alguma coisa para o você comer?

- Dormi sim, mãe! Sonhei que eu estava em uma corrida de carro e foi muito irado! - Deu um pulo alegre e ri com sua atitude - A senhora pode me dar uma fatia daquele bolo que a tia fez?

- Claro, meu bem. Pode se sentar na mesa que a mãe já vai com o seu bolo.

Então ele caminhou em saltitantes passos até a mesa, aonde se sentou e ficou me aguardando. Fui até a geladeira, cortei uma fatia média do bolo que Elkie fez e peguei rapidamente uma colher, sem enrolar, levei o doce até meu filho. Ele comemora animado quando olha para seu café da manhã e pega um bom pedaço do mesmo. O garoto sorri com os olhos enquanto mastiga e faz um sinal de positivo com a mão. Repeti o sinal com as minhas mãos e voltei para cozinha, aonde havia deixado meu querido chá.

Hoje meu filho terá aula e não posso me atrasar para levá-lo. Até porque minha aula na faculdade começa no mesmo horário que sua aula. Faço dois cursos, administração e moda. Pretendo abrir minha própria marca, mas para isso tenho que me formar antes.

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ei ei ei, você realmente vai embora sem me dar uma estrelinha? vem cá, vem. seu dedo não vai cair e isso me ajuda muito, muito mesmo. já deu a estrelinha? já? okay, agora pode ir. se cuide!!!

Always You - Luqi {Lucas × Yuqi}Onde histórias criam vida. Descubra agora