Borboleta negra

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Aquela borboleta negra sobrevoou as montanhas do meu ego e fugiu
Sobrevoou as montanhas do meu ego e sem dó, partiu

Partiu o que em mim havia de mais delicado...

Toda a gente alertou-me que ela era volúvel...como as demais.
Mas não dei ouvidos.

Agora, com os mesmos ouvidos que antes não dei, ouço pelas madrugadas adentro a melodia taciturna do silêncio trazido por sua ausência
Com os mesmos lábios que um dia a beijei digo para mim mesmo que tolo fui, e nunca mais serei

Entranto, com o mesmo coração que a amei, ambiciono que ela volte... Como a alvorada que acorda as manhãs
E restitua a alegria que de mim levara

Ela sobrevoou as montanhas do meu ego
E eu?

Eu perdi-me na perfeição de seus cabelos crespos
De fios espessos
Balançando á mercê do vento veranil
Eu perdi-me no raiar magnético de seu tegumento negro
E nas nossas trocas de carícias, cujas lembranças ferem o meu âmago

De luz de minhas manhãs, para trevas de meus dias
Aquela borboleta negra sobrevoou as montanhas do meu ego e fugiu
De razão dos meus sinceros sorrisos para motivo dos meus mais amargos choros
Ela sobrevoou as montanhas do meu ego e partiu...

Poesia e eu.Onde histórias criam vida. Descubra agora