Pela janela do ônibus assisti minha cidade ficar pra trás. Nunca pensei em sair tão cedo. Depois de tantas merdas procuro algo pra me apoiar, talvez eu encontre isso em tropico.
- Então, todo mundo tá aqui por causa do grupo no facebook? - Me levantei do meu acento e e fiz essa pergunta em pé, olhando para o resto das pessoas. - Quais são as histórias de vocês?
- O que quer dizer com isso?
- Por que estão aqui?
- Meus pais acharam uma boa ideia eu vir. Sai do hospital que eu tava internada a dois dias, talvez aqui seja bom, sabe, conhecer novas pessoas, em um novo lugar... - Uma garota que parecia ter sido teletransportada dos anos 70 pra ca me respondeu.
Na verdade todos nós pareciamos de épocas diferentes.
Algumas das garotas pareciam ter saído do Woodstock e entrado no ônibus, outras saíram do show do Pearl Jam, os garotos também sem exceção, alguns foram ver Skid Row, outros o próprio Elvis ou curtir as novidades dos anos 20.
- Legal, algum de vocês já vieram pra essa cidade?
- Eu já. - Um dos garotos, magrelo, loirinho, e de estatura média responde. - É interior mas é bonito lá. O lado ruim é que não fica perto de nada, tipo nada mesmo.
- Eu sempre quis vir pra Tropico mas, sei lá, aqui parece estranho por causa disso ai, não tem ninguém, nem nada. - E percebi o quanto mais o ônibus nós levava pra longe, mais no meio do nada eu me encontrava.
- Você acha que esse cara parece confiável? Qual o nome dele mesmo?
- Cristian. Eu aqui, particulamente não confio em ninguém que se acha a reencarnação de Buda, ou um guru super foda.
- Qual seu nome?
- Martin.
- E por que você veio?
- Ah sabe, eu tava cansado de levar uma vida perfeita, de ficar nadando em grana e ser amado pelos meus pais. Então me juntei nesse culto pra ver se rola um sacrifício, uns aliciamentos de menores, e muitas drogas. E você?
- Eu vim porque eu queria passar menos tempo na internet. Me juntar com um grupo de pessoas que gostam da ideia de ficar em paz em contato com a natureza me deixa mais confortavel.
- Você fuma maconha né?
- Idiota. - Ele ria das coisas que eu dizia assim como todo o resto das pessoas aqui. Não acredito que eu estou sendo o alívio comico deles, eles tão ferrados se forem depender de mim pra sorrir.
- Qual seu nome loirinho?
- Niil.
- Niil, ok. Eu vou me sentar perto de você.
- Por que Deus?
- Nem adianta, o sinal deve ser fraco no céu de tão longe que a gente tá. - Peguei minhas bagagens e praticamente me joguei do lado do garoto.
Ficamos todos trocando ideias até finalmente chegarmos no interior de Tropico.
Peguei minhas coisas, e descendo os degraus do ônibus, vi o Cristian e um homem muito estranho nos esperando.
Primeiro prestei atenção na vista.
Era de fato muito lindo.
Se alguém dissesse que em algum lugar Terra alguma divindade deixou um pedaço do Céu pra nós, com certeza esse lugar seria aqui.
- Bem vindos ao novo lar temporario de vocês, bem vindos ao Paradiso. - Cris tinha olhos castanhos claros, cabelo comprido preto, uma barba cheia, e aquele ar de superioridade que as pessoas normalmente odeiam.
- Esse aqui é o Peter e ele vai ajudar todos nós. - Cara completamente redneck. Ele me lembra de um outro cara que aparece em a casa de cera, ele usa um daqueles bonés surrados, é muito magro, tem uma faca dentro de uma case de couro na calça, barba por fazer, e parecia irritado.
Ótimo, já me inspirou a querer correr daqui. Mas tudo bem, não vou julgar ele nesses 10 segundos que eu acabei de ver.
- Me sigam. - Fomos andando atrás dele.
Mais o menos um metro e setenta e oito de altura, camisa social de tecido fino na cor branca, mangas dobradas até a altura do cotovelo, calça preta... e assustadoramente parecido com o Jim Morrison.
Chegamos na casa.
Puta. Merda.
A casa era gigantesca. Era toda feita de madeira, todo mundo ficou de boca aberta, ficamos deslumbrados.
- E é aqui que vamos ficar. - Ele disse abrindo a porta e todos nós, entramos.
Ficamos ali olhando a sala, as grandes janelas, parecia estar nova, sem sinal de poeira, insetos, ou qualquer coisa do tipo.
Mas, uma coisa que me passou na cabeça foi:
Por que uma casa tão grande e bonita, no meio do nada?
- Os quartos ficam lá emcima, fiquem a vontade pra escolherem seus lugares. - Dizia sorrindo, com as mãos atrás das costas.
Subimos as escadas, e vimos os quartos.
Eles eram enormes. E alem de enormes, tinham colchões altos e macios no chão.
- Olhem esses quartos, olhem essa casa!
- É, eu achei que a gente ia ficar tipo num rancho, quero dizer, nossa! - Uma das garotas que parecia fazer cosplay da Priscila Presley rodava pelo quarto vendo cada cantinho dele.
O quarto que metade ia dormir ficava de frente pro nosso, o que separava os dois era um corredor medio.
E começamos a arrumar as coisas. Mudar os colchões de lugar, posicionar os ventiladores, abrir as cortinas, o mundo por alguns segundos parecia sorrir para gente.
- O que vocês acharam do Cristian? Ah, e antes de qualquer coisa meu nome é Zuker.
- Eu achei ele bonito.
- Eu acho que ele deveria cortar um pouco da barba dele.
- Martin, o que achou dele? - Niil pergunta.
- Outro cara com complexo de super superioridade. Vai ser divertido.
Ficamos duas horas conversando, tomamos banho, e ninguém nem por um segundo parava de tagarelar.
Erámos 12 pessoas.
Niil, o garoto que usava suspensórios, e parece o Steve Rogers antes de virar o capitão América;
Dalia, uma pin up dos anos 40;
Amanda, a Sharon Tate;
Zuker, um garoto padrão jogador de futebol dos anos 2000;
Kai, Cabelo vermelho e roxo, vindo diretamente dos anos 90;
Nakomi, a figura mais androgina que eu já vi, uma pessoa gotica que ouve Marylin Manson e bebe vinho barato;
Dan, outra figura que transcendia o conceito de homem e mulher. Misty day 100%;
Rubis, Outra pessoa, mas que parecia estar vivendo em um futuro cyberpunk;
Yohan, uma garota com que vive claramente no Full House;
Daeg, parece modelo de Instagram com roupas táticas meio futuristas;
Pedro, o único que parece viver no nosso tempo.
E eu, que, tô tentando não achar tudo isso demais pra minha cabeça.
_prestem atenção nas músicas, e ouçam pra entrar na atmosfera_
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Paradiso.
Mystery / ThrillerSeita (latim secta = "secionar", "dividir", "sectar") de forma geral é um conceito complexo utilizado para grupos que professem doutrina, ideologia, sistema filosófico, religioso ou político divergentes da correspondente doutrina ou sistema dominant...