2- Do outro lado da arquitetura

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Quando acordou, estava prestes a chegar ao seu destino, e ainda atordoada pelo sono, mentalizou as instruções da carta:
"Pintar o cabelo. Rosa. Crachá. Identificação. Novo Nome. Não morrer. Certo."
O medo de antes já se dissipava, tomado agora pela curiosidade. O que será que a aguardava no espaço? Por que tanto sigilo? Que serventia teria o cabelo rosa? 
Pegou o cartão de identificação que estava dentro de uma pequena bolsa ao seu lado, e o observou atentamente. O logo da NASA parecia brilhar em contraste com as listras rosas verticais, assim como as escritas de identificação: Tripulante. Rosa. 
-Senhores passageiro estamos prestes a aterrissar!
O desembarque foi tranquilo, encontrando tudo conforme as instruções que recebera, e ao entrar no carro que a esperava, escuta seu estômago roncar.
- Não comeu nada senhorita? As instruções diziam que poderia comer a vontade  no avião.
Elizabeth olha para o motorista pelo retrovisor e lhe diz envergonhada:
-É que eu dormi a viagem toda...Não tive tempo de pensar em comer.
"Grande erro sua idiota. Quem em sã consciência recusa comida grátis?"
- Acho que deve ter salgadinhos em algum lugar ai atrás, se quiser pode ficar a vontade. 
Mais que depressa, começou a devorar os salgadinhos, tendo o resto do percurso em um silêncio confortável. 
Em menos de 30 minutos chegaram ao destino, o coração no peito de Elizabeth palpitava acelerado, e sem perceber, segurou a respiração um tempo a mais que o necessário enquanto passavam pelos portões de entrada.
A arquitetura moderna e geométrica tornava a construção imponente e com um certo tom de mistério, como que atraindo a presa para o abate, o que de certa forma funcionou bem com Elizabeth, que se encontrava totalmente fascinada e incrédula, se beliscando volta e meia para acordar do "sonho", indo para o interior climatizado da construção.
-Bem vinda minha querida! Você é a Rosa, estou correta?
Uma voz calma porém firme chama a sua atenção, uma vez que estava envolta pela admiração.
-Hmm... é... acho que sou eu...
-Você acha?
-Sim sou eu! E você é?
-Ah! Finalmente! Estavamos todos aguardando por você! Sabia que os testes já começaram esta manhã? Está atrasada, mas tenho certeza que consegue alcança-los...
A mulher ruiva com seus cabelos em cascatas pelos ombros, vestida com uma saia lápis azul royal, blazer de mesma cor e blusa social branca com botões, tagarelava sem parar enquanto andava em uma direção específica, com uma postura invejável naqueles saltos 15 barulhentos. A pobre garota que a seguia mal tinha tempo de assimilar uma informação, que logo em seguida vinha uma nova.
"Me esperavam? Quem? Testes?"
Entraram em um elevador, que ao abrir a porta revelou um par de olhos negros vidrados em direção as jovens.
-Oh! Hurum, creio que o senhor não deveria estar utilizando  este elevador, volte imediatamente para seus aposentos!
Diz a ruiva limpando a garganta, fazendo Elizabeth notar um leve desconforto da parte dela. Curiosa com a situação, observa o rapaz a sua frente com mais atenção, e instantaneamente nota uma tatuagem em seu pescoço…"Parece uma serpente…"
-A curiosidade matou o gato. 
Diz o rapaz com uma voz rouca, e passando como uma patrola pela ruiva.
Envergonhada pela atitude hostil, Elisabeth entra no elevador encolhida, mas, ainda curiosa pergunta:
-Quem é ele?
-Clarice. 
-Perdão?
-Me chamo Clarice, sou a encarregada pela organização e pelos novatos.
-Ah!
Elizabeth cora novamente envergonhada, pois claramente a ruiva notou seu desapontamento pela súbita mudança de assunto. As portas se abrem novamente, e dessa vez o que se encontra a frente é apenas um corredor cinza com uma iluminação artificial exagerada, e algumas samambaias nas paredes que inutilmente tentavam dar um ar mais natural, e ao caminhar até o final do corredor cheio de portas, Elizabeth sente o ar mais pesado que o habitual.
Clarice tornara a voz mais ácida, deixando claro que as boas-vindas não se aplicavam mais, agora Elizabeth, ou melhor, Rosa, era oficialmente uma recruta de uma missão espacial secreta da NASA.
-Este vai ser o seu quarto durante os próximos dias de treinamento. Ao lado da cama há um tablet que será de seu uso pessoal. O configure corretamente e estará  cadastrada no sistema. Até realizar as configurações você é apenas um fantasma aqui dentro.
Dizendo isso apenas se vira e vai embora, deixando uma menina dos cabelos cor-de-rosa confusa com os acontecimentos dos últimos 5 minutos.
O quarto era mais espaçoso do que o esperado, apesar da  decoração limitada a um enorme logo da NASA na parede em frente a cama de solteiro, era aconchegante.
Havia também um pequeno sofá, uma mesa de centro recheada de livros e revistas, uma tv na parede, um guarda roupa consideravelmente grande, uma bancada contendo um microondas e uma porta que provavelmente era o banheiro. Perto da cama havia também um frigobar e no outro extremo uma cômoda de cabeceira com um envelope gordo. Elizabeth foi em direção a cama, sentou-se, pegou o envelope e o abriu, dentro havia um tablet e alguns papéis. Após a rápida configuração do aparelho decidiu que era hora de um banho. Logo após o banho e com  roupas limpas que encontrou no guarda roupa,  desabou sobre a cama e adormeceu, com sua última  lembrança no rapaz de olhos negros penetrantes que aparentemente a ruiva nutria sentimentos.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2020 ⏰

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