se a lua pudesse falar, almadicoaria as desfortunosas memórias que me levam a abrir a janela à espera de um cometa metálico transbordando em profunda inimizade pronto para cair no meu jardim.
só para que eu tenha uma desculpa para ele não vir até mim.
ele, todavia, tentaria alimentar o seu complexo de herói.
"pobre menina", ela diria.
toda noite um pretexto diferente é apresentado por ele, quando termina de escalar os tijolos da torre.
e eu quero arrancar meus globos oculares e lhe dar de presente.
não porque tenho apresso aos meus olhos, mas porque já vi o que eu não gostaria e além de deixar uma mancha na esclerótica banhada a ouro preto, também desprende o turvanento de minha pupila que uso para espantar pássaros de manhã, pois a voz dele é a única melodia angustiante a qual meus tímpanos se agradariam de ouvir.
eu não teria coragem de mandá-lo ir em embora.
ele pode ficar.
ele pode colocar minha cabeça dentro da lareira, até que minha esquizofrenia se resuma a ossos.
depois dar para os convidados jantando no salão principal.
ele pode matá-los também, eu não me importaria.
ele pode.
e tudo que restaria, seguidamente, do massacre seriam constelações chorando.
suponho que a lua também se sentiria aflita.
mas ele não se importaria com os sentimentos dela.
"por que ele se importaria?"
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sobre monstros enjaulados.
Poetryesperamos que você engasgue com sua sabedoria. (𝟗/𝟐𝟎𝟐𝟎) poesia.