nap of a star • taegyu

capítulo único.

A sensação de se estar sozinho era angustiante, ainda mais quando não era totalmente mentira. Cada parte do seu coração era devorado por ela e em um momento seu interior estava vazio e você estava afundando em uma poça infinita de escuridão e dor. Sim, era difícil descrever a noção de estar desamparado, porque era ela que corroía mais sua alma até o ponto em que você implorava por perdão de algo que não tinha nem feito. 

Taehyun sentia como se estivesse perdendo todo o ar de dentro dos seus pulmões, como se tivesse sumido igual a um coelho dentro de uma cartola mágica. O garoto tinha a sensação de que seu corpo estava afundando em um imenso mar escuro, com seus olhos vendados e mãos atadas. Uma enorme rocha podia ser facilmente localizada perto do coração do menino, e ele queria que ela simplesmente esmagasse tudo. 

Perder seu irmão foi algo que nunca sequer se passou pela mente de Taehyun, o mais velho era tão saudável que o Kang mais novo sempre achou que quem iria morrer primeiro fosse ele. Mas do nada, sem avisos prévios ou qualquer coisa, Jonghyun foi tirado dele. É claro que a morte era assim, ela não batia na porta antes ou mandava um recado com o horário marcado, mas doeu de todas as formas possíveis. Ainda doía tanto que apenas o que ele desejava era calar o barulho de mar revolto dentro de sua mente. 

Os pais do garoto vendo que o filho mais novo não estava bem, sentiam medo dele tentar algo contra si mesmo. Com esse temor, eles planejavam o levar para um psicólogo, mas o menino não aceitava ir, mesmo que fosse para seu bem. Sem saída, ambos decidiram pedir ajuda ao único que poderia realmente ter uma conversa com ele: Beomgyu.

Ele era o melhor amigo de Taehyun desde dos 5 anos, quando o mais novo lançou uma tesoura na direção do mais velho porque ele tinha dito que seu lápis de dinossauros era feio. Os dois foram obrigados a conversar, e como eram muito novos, rapidamente esqueceram o ocorrido e começaram a dividir o lanche preparado pela mãe do Choi, que era uma ótima cozinheira e ainda o deixava levar doces para a escola. 

Nesse momento, Beomgyu tentava apoiar e acudir Taehyun, mas o mais baixo afastava todos que tentavam chegar perto, até mesmo ele. Então, os pais do Kang decidiram que iriam sair um dia, e pedir para que o melhor amigo do filho fosse até a casa deles para ao menos tentar falar com ele, era uma responsabilidade grande e os seus responsáveis não queriam ter que entregar ela nas mãos do Choi, mas era sua última opção antes de terem que o forçar a ter um acompanhamento psicológico, e eles não queriam que o seu filho fosse obrigado. 

Então em um sábado à tarde, o senhor e senhora Kang disseram para Taehyun que iriam na casa da avó do mesmo e o deixaram sozinho em casa, antigamente ele teria estranhado a ação mas agora tudo que ele queria fazer é perder um pouco de tempo lendo algum livro que realmente não prestava atenção ou dormindo de dia por conta da insônia que o atacava durante a noite. Porém um barulho inesperado soou pela casa, e era o da campainha. Ele se levantou relutante mas foi até a porta, talvez seus pais tivessem esquecido alguma coisa. 

Imagine a surpresa que foi quando abriu a porta e se deparou com Beomgyu. O garoto do outro lado da porta vestia um moletom com o nome de alguma banda que ele não sabia pronunciar e o cabelo dele estava maior do que se lembrava, mas o sorriso e o brilho nos olhos continuavam o mesmo. 

— Taehyun – Choi disse com um nível de estranheza difícil de se acreditar na voz, eles nunca tiveram silêncios constrangedores antes mas a partir de agora esse podia ser contado como um. O Kang, com o cabelo mais do que ressecado e a tinta sem retoque, definitivamente não esperava que o outro aparecesse ali, ainda mais agora. Podia se dizer que o último encontro deles não tinha sido o melhor possível, havia acabado com gritos chorosos de Taehyun e um Beomgyu machucado pelas palavras do até então amigo. — Você poderia me deixar entrar? Estou furando a quarentena aqui.