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Melted | Dia 01 - Confissões

O calor parecia ter derretido um pedaço do cérebro de Katsuki, pois sua sanidade havia evaporado — pelo menos grande parte dela —, quando aceitou que toda aquela birra era na verdade amor. Aquele sentimento não estava traçado, nunca pensou a respeito e nem sabia o que fazer com toda aquela carga emocional, pois o único foco era ser o herói nº1.

E por mais que relutasse, os pensamentos estavam todos direcionados a Shouto Todoroki. Sim, de todas as pessoas do mundo, estava gostando da mais irritantes de todas (ou quase todas), mas fazer o quê? O destino teimava em unir os dois o tempo inteiro, e foi nessas situações que Bakugou começou a notar o colega de classe.

Quando tinha vergonha, coçava a cicatriz com o indicador, a raiva e a mágoa que queimava nos olhos ao observar o pai, o sorriso de canto que brotava e desaparecia tão rápido quanto um estalar de dedos ou até mesmo a cara inexpressiva que reinava na maior parte do tempo. Todos aqueles detalhes, entre muitos outros, foram chamando a atenção, envolvendo o loiro como um feitiço, estava refém de qualquer migalha que pudesse receber do colega de classe.

Foi numa dessas crises de orgulho que Katsuki chamou Shouto para uma conversa na área externa. Era uma noite de verão e estava quente demais dentro dos dormitórios, talvez escapar para a rua não chamasse tanto a atenção. Afinal, os dois sempre estavam juntos, qual seria a diferença se algum colega visse?

O loiro sentiu o estômago embrulhado, a temperatura corporal estava elevada e não era por causa do clima.

Shouto estava perfeito, usava roupas frescas em tons de azul e branco, a parte albina do cabelo reluzia com o brilho da lua, acompanhado pela típica expressão idiota; tão bonito que Katsuki apenas quis estourar a própria cabeça por estar pensando naquelas coisas.

— Você precisa de alguma coisa, Bakugou?

Puta que pariu! Todos os dias arquitetando ideias e organizando os pensamentos não serviram para nada, pois estar frente a frente com o bicolor havia o desarmado. Óbvio que precisava de alguma coisa, como "minha boca na sua boca", mas ele não sabia o que estava fazendo e o que tinha que fazer, então pediu o óbvio.

— Quero lutar com você, bastardo!

Ok.

Se havia alguma chance de conseguir algo ou até mesmo uma estúpida declaração (era aquilo que os casais faziam, não é mesmo?), colocou tudo a perder.

— Sabe que é contra as regras da U.A., também não estamos no ginásio.

Shouto era tão certinho e irritante, Katsuki rangeu os dentes e pulou para cima do outro corpo com a mão em punho. Frustração, orgulho, negação, seja lá o que fosse, ele não conseguia lutar contra o meio a meio ou contra os próprios sentimentos.

Os dois tombaram no chão, os olhos vermelhos estavam inflamados por sentimentos nunca vistos, até que algo escapou:

— Não fode comigo, quando to gostando de ti pra caralho!

Aquela noite de verão nunca mais saiu da mente de Shouto, ele derreteu.