O que é ser forte?

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Matteu 
Depois de alguns meses eu assumi tudo de meu pai e tive que cuidar dos problemas do Reino e na verdade não faço a mínima idéia de como estou fazendo isso, como posso cuidar dos problemas  dos outros se não consigo cuidar dos meus? 
       Até  que isso não me incomoda, como quase sempre estou ocupado, não paro quieto um segundo, para outras pessoas isso poderia ser um pesadelo, mas para mim não, porque assim eu não penso, é como se eu estivesse enganando a dor, mas não tem como enganar por muito tempo ela volta, ela sempre volta de noite e eu não sei qual foi a última vez que eu dormi direito, eu sempre tenho pesadelos e são sempre os mesmos, normalmente eu acordo gritando, suado, mas pela manhã eu simplesmente esqueço disso e coloco a minha máscara de frieza, ninguém percebe as lágrimas por trás delas e continuam me rotulando, as únicas pessoa que sabem pelo que eu passo é minha única amiga, ela é a única que não me rotula, é como se fosse o meu sol, minha lâmpada, quando estou com ela esqueço, esqueço de tudo. E além disso eu sou praticamente controlado, tudo que faço já foi controlado por outra pessoa,  pelo conselho e hoje eles estavam dizendo  que preciso de uma esposa e produzir herdeiros, mas tudo tem um limite eu só deixo eles mandarem e me controlaram até um certo  ponto, e eles o ultrapassaram, e deixei bem claro que eu sou o "rei", e falo com quem eu caso, se eu caso e quando eu caso e pronto.
      Depois disso fomos a Itália, falei com "Nicolleta",  resolvemos algumas coisas,  fizemos uma aliança com a Itália e depois saí e resolvi caminhar um pouco no jardim, encontrei uma senhorita encostada no chão, ela era linda, olhos azuis, cabelos na cor do fogo, mas estava chorando e sem que eu perceba fui para perto dela e isso me assustou, porque fiz isso?  Porque estou fazendo isso? Porque estou me importando? E porque ela despertou algo em mim, que estava tentando esquecer da existência desde a morte de minha mãe? Ela despertou sentimentos é como se ela tivesse conseguido  abrir as portas, sendo que todas estavam trancadas com um cadeado inquebrável e tirou tudo que eu estava tentando fingir que não tenho apenas com um olhar. Aproximei-me dela e falei: 
-Não é seguro andar no Jardim  à noite, principalmente sem segurança senhorita!

Ela disse: - O que você quer ? Me deixe em paz! Não estou de bom humor!

Aquilo me surpreendeu, ela olhou nos meus olhos e  o olhar dela não foi como o olhar dos  outros e também o tom de voz, ela não estava ligando se eu era quase da realeza ou tinha muito luxo, para ela eu era apenas humano,  dei um sorriso quase imperceptível e aquilo me surpreendeu, faz anos que eu não sorria e aquilo não surpreendeu apenas a mim, mas ão meu rosto também, pois ele só estava acostumado  com lágrimas, na verdade eu dava vários sorrisos para imprensa, mas nenhum deles era sincero e esse havia  sido, então eu disse: -  A senhorita realmente não sabe com quem está fala!

Ela falou:  - Me diga com quem eu estou falando?

Respondi: -Meu nome é Matteu, sou da casta 1, Não sou totalmente um príncipe, porém a minha fortuna se iguala a um , sou amigo de praticamente todos, participo das decisões importantes e tenho que fazer praticamente tudo que um príncipe faz, então você poderia me dizer o que uma moça tão bonita e bela como você está fazendo aqui desperdiçando suas lágrimas?

Ela disse : - Isso não é da sua conta.

Aquilo me irritou, ninguém nunca me tratou assim, todos que vinham falar comigo mediam as palavras com medo de que lhe fizesse alguma coisa, mas porque ela não é igual?  Porque ela desperte algo em mim? E porque eu estou gostando? 

Por um instante ouvi a voz de meu pai sussurando na minha mente, fraco,  fraco, você me dá vergonha, eu sinto pena de você e se quiser parar de sentir dor se torne "forte."

Não posso me tornar fraco de novo...não posso retirar a minha armadura,senão vão me matar…,

então também lembrei  das palavras de minha mãe,
"Filho, fique com alguém que te faça  ser melhor, alguém que olhe apenas  para o Matteu e não para o luxo, fique com alguém que te apoia e não escolha esse alguém por status ou por causa do conselho, não deixem escolher o seu futuro,  sua vida, pois isso é você que escolhe, e o que eu mais quero é que o meu filho seja feliz". Ao lembrar disso me deu mais  raiva ainda:  não deixem escolher o seu futuro, mãe no dia em que você traiu a todos inclusive a mim e foi morta bem na minha frente você escolheu o meu futuro, e escolheu o  mais sombrio, o que eu mais quero é que o meu filho seja feliz, mãe eu não sou feliz e para mim a felicidade não existe, ela é passageira e dolorosa, pelo fato de ser viciante a pessoa se viciou em ser feliz, em sorrir, mas depois a triste e cruel realidade volta  à tona e a felicidade sai como se nunca tivesse existido, e no dia que você se condenou,  também me condenou, eu vivo um inferno… e a culpa é sua.

Ao me despertar  do transe e do deja vu e volto a minha atenção a senhorita que está chorando a minha frente. 
 
 Falo: - Acabei de te contar quem sou e mesmo assim você me trata com tanta imprudência?

Na verdade eu queria sair dali, 
não queria falar mais nada e ao mesmo tempo eu queria ficar e conversar com ela...Mas não posso abrir o meu coração agora, quer dizer o que restou dele e também não posso tirar a armadura, não aguento mais dor,  não quero aguentar, não!  Já basta eu lembrar todas as noites do grito da minha mãe, mas mesmo assim fui incapaz de sair dali e continuei conversando…

Sentei do lado dela e disse que só sairia dali quando ela me contasse  depois de alguns minutos ela olhou bem no fundo dos meus olhos e eu senti como se a armadura tivesse saindo aos poucos rapidamente me balancei, mas ela não reparou, acho que ficamos umas 2 horas ali, ela me contou tudo, e conversar com ela, ouvi-la, é  como se amenizasse a dor...

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