Capítulo VIII

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Os dois ainda estavam de frente pro quadro, naquela hora não eram mais rivais talvez a trégua lhe caíssem bem.

- eu gosto das cores

Soobin falou sem tirar os olhos  da peça.

- minha mãe tinha um vestido dessas cores exatamente, me lembra disso

Kai sorriu, era isso que ele gostava na arte, de como pequenas coisas traziam memórias infinitas

- me lembra da minha antiga casa

Kai completou, flores coloridas o lembravam do seu quintal da antiga casa, ainda que bem longe da Coreia.

Soobin não falou nada, abriu o papel que tinha na mão como se procurasse pra onde devia ir, fazendo o outro garoto rir.

- não, é assim

Ele pegou o papel na mão do maior, que surpreendentemente não falou nada. Kai o virou a folha mostrando um monte de letras e números.

- são blocos, estamos do c4, é o do Murakami, cada bloco é um artista.

O jogador se sentiu burro, era óbvio mas demoraria para perceber sozinho.

- vou no  E2

Ele falou sério, Kai bateu o olho e já sabia de quem era.

- eu adoro ele, já fiz um trabalho sobre pra umas aulas do clube de artes.

Era o que ele tinha feito na semana que se ausentara da aula.

- ah não sei muito, só gosto das esculturas.

Naquela hora não parecia que um dia houve alguma rixa entre eles, Huening até conseguia se sentir mais a vontade a Soobin relaxou, agora se era visto ou não, não importava. Os dois andaram juntos, ainda não como amigos, mas como pessoas normais. Kai sabia muito sobre tudo ali, o choi achou incrível de como alguém conseguia saber tudo sobre aquelas coisas. Eles foram até a sessão E que Soobin queria ver, depois foram em todas as outras, vez ou outra eles se permitiam até rir.

Soobin estava enxergando Kai com novos olhos, ele se sentia mal por o que fizera, era como se toda a culpa ficasse entalada em seu peito.
Já Huening sempre acreditou no melhor de todos, sabia que Soobin tinha motivos para fazer o que ele fazia. E reconhecia que ele lá, maravilhado entre obras de arte sorriso não era o mesmo que o capitão carrancudo do time de basquete.

Quando finalmente chegaram a o final, os dois tinham os pés cansados e se sentaram automaticamente na primeira mesa que viram, só tomando conta de como era estranho estar tão perto depois de uns segundos.

Kai era um viciado em café, entendeu os dedos para cima a um rapaz gentil foi até a mesa, por sorte a cafeteria da galeria estava vazia.

- um café por favor

Pediu em um tom amável e o garçom marcou o pedido em um bloco de notas.

- um suco pra mim....por favor

Soobin tentou ser o mais educado que conseguia, o ato fez Kai rir baixinho.

- tem uma loja de suvenir?

O maior falou olhando para frente, atrás da cabeça do seu guia improvisado, Kai virou o rosto e viu a banquinha lá.

- é,  sempre tem, nunca é nada de mais

Tirou o celular só bolso checando as horas e viu umas notificações.

Soobin se manteve quieto até a hora que as bebidas chegaram, era o tempo todo como se ele quisesse falar algo mas não conseguia, mas por outro lado estava em êxtase com a exposição.

- foi a minha primeira vez

Kai levantou os olhos da tela do celular até os do garoto sua frente, ele falava como se estivesse perdido a virgindade. Kai riu

- elas acontecem toda hora, tem umas de graça.

Soobin fechou o punho sentindo um pouco de raiva, não de Kai mas de sua vida.

- eu não posso

Falou fechando o semblante, sentiu até um rubor na bochecha, o novato desligou o celular e se ajeitou na cadeira.

- como não?

Perguntou num tom mais gentil, não queria que Choi se ofendesse.

- meus pais...

Fez uma pausa para bebericar o suco.

- eles não gostam, acham que arte é só para meninas desocupadas.

Ele falava em um tom frio, sem emoção nem uma, Kai se sentiu em conflito, sabia que era privilegiado por ter família tão mente aberta, mas sentia muito por Soobin. 

- meu pai fez eu parar de brincar com tinta com 5 anos, talvez 6, ai ele me colocou para fazer futebol

Suspirou, sua cabeça buscou uma as poucas memórias sobre essa época, céus como odiava aquele esporte.

- mas aí um dia eu torci o tornozelo e eles deixaram eh parar, eu era alto então me sobrou o basquete.

Kai se manteve quieto, mesmo assim Soobin falava, nem se deu conta de como era falar aquilo para alguém.

- um dia ele deu um escândalo quando viu que eu tinha comprado um pôster de um desenhista que eu adoro

Naquela hora ele riu

- mas depois que eu virei capitão, ele parou de pegar no meu pé, mas também, nunca cheguei em casa com nada de arte, nem nada que ele não julgassem que era bom pra mim.

Suspirou pesado, tomou outro gole do suco e bateu os dedos sobre a mesa forte, só de pensar na possibilidade dele ter faltado a aula pra ver uma exposição o fazia sentir calafrios.

- eu sinto muito

Kai estendeu a mão mais sobre a mesa, não tão perto de Soobin.

- esperto que um dia você possa apreciar o que você quiser o tanto que quiser

Riu, ele tinha um riso tímido, sempre teve na verdade, Choi não podo negar que achava no mínimo fofo, só de velo rir ele sorria mostrando as covinhas nas quais Kai sempre tinha o olhar fixado.

- tenho que ir

O mais velho se levantou e tirou uma nota da carteira para pagar pelo suco, Kai fez o mesmo, em quanto saia de dentro do café via Soobin de volta a o seu disfarce sair do lugar.

Seu coração ainda doía, correu até a banca que minutos atrás julgou fraca e comprou um pequeno item básico, e até que baratinho.
Correu pela rua indo atrás do mais velho, que por sorte não estava longe.

- Soobin!

Chamou não tão alto fazendo o garoto virar

- aqui

Kai entendeu um pequeno broxe em forma de florzinha, uma típica flor do artista que os dois tanto falaram a manhã toda.

- agora você tem uma obra de arte

Riu. Soobin sorriu alegre, mesmo que sua boca estivesse coberta pela máscara Kai pode ver a felicidade em seus olhos.

- obrigado...

O capitão falou de forma desajeitada e muito tímida.

- obrigado por hoje

O menor complementou e se afastou, Soobin mão falou nada, apenas tinha um olhar sereno, Kai atravessou a rua e seguiu até o metrô para voltar para casa.

SourCandy - SooKaiOnde histórias criam vida. Descubra agora