Acabamos indo para o mesmo hospital que meu avô estava, assim que fui atendido procurei o médico que acompanhava meu avô para saber como ele estava, ele me informou que tinha conseguido descobrir uma forma de prolongar por mais cinco anos a vida dele, fiquei bastante feliz com essa notícia e logo perguntei de que forma seria feito e quais seriam os procedimentos e os custos, ele me disse que com um transplante de rins com um novo coquetel ajudaria muito nesse tratamento, ele tinha buscado no banco de dados alguém da família compatível e descobriu que eu era, não seria a cura mais seria mais cinco anos com ele, aceitei na mesma hora ser o doador e em meio a nossa conversa, Marcos entra na sala para falar comigo
Marcos: desculpe interromper mais.....
Yan: já sabe da boa notícia?
Marcos: sim mas receio que tenhamos um problema
Yan: que problema? como está o Cristian?
Marcos: está mau, os médicos estão tentando mantê-lo vivo mais ele precisará urgentemente de um transplante de rins
Yan: e não encontrou ninguém compatível no banco de dados?
Marcos: sim
Yan: então?
Marcos: a única opção é justamente você, não há tempo para esperar aparecer outra pessoa
Yan: eu? mas......
Médico: sinto muito mais, as duas situações são graves e urgentes, e você só pode doar um dos seus rins
Yan: eu......eu preciso de ar, não me sinto muito bem
Marcos: Yan.......
Yan: agora não, preciso sair um pouco
Entrei no carro e desabei, chorei muito, era uma forma de desabafar e tentar raciocinar, tentar entender a situação difícil que eu estava, não sei porque estava com esse conflito, antes eu nem pensaria, escolheria sem dúvidas meu avô, mas agora.......agora tem algo diferente, é estranho ter nas mãos a escolha de apenas uma vida
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peguei meu carro e rodei por horas, eu tinha apenas quarenta e oito horas para decidir, acabei parando em frente da casa do pastor maluco, fiquei pensando se deveria ir até lá ou não, respirei fundo e desci do carro, fui até sua porta mas não bati, fiquei uns cinco minutos parado olhando para a porta
Rebeca: boa noite! está tudo bem?
me virei e era a d. Rebeca junto com o pastor, acho que estavam vindo de algum lugar, não respondi nada apenas abaixei a cabeça e respirei fundo, rapidamente ela abriu a porta e me mandou entrara, o pastor Fabrício entrou sem dizer nada e se sentou no sofá, me sentei e não me importei com as horas e nem se ele iria surtar, comecei a falar o que estava entalado e o que eu estava sentindo naquele momento, ele não disse nada apenas me ouvia
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Pastor Fabrício: sabe Yan, Deus não espera que sejamos perfeitos, ele apenas se importa com um coração que está sempre disposto a ser dele mais e mais, existe muitas coisas na vida que não entendemos mas isso não significa que devo deixar de viver por isso, eu não entendo muita coisa mas em muitas vezes uso, como o ar, a gravidade, a tecnologia
Yan: onde quer chegar?
Pastor Fabrício: pare de fugir de Deus, e das coisas que são desconfortáveis e que te trazem um pouco de dor e que é difícil, pare de querer entende Deus e querer explicação lógica para tudo, porque algumas coisas simplesmente não tem explicação, nunca ninguém vai conseguir explica a Deus, ele é um mistério eterno, para mim era muito difícil aceitar que ele tinha algo de bom , era muito difícil enxergar qualquer coisa e sabe porque?
Yan: não
Pastor Fabrício: porque eu estava apegado a minha dor, da mesma forma que você, ela não é a única coisa que te resta Yan, você tem uma família, amigos, uma carreira, tem um futuro promissor, mais não vai conseguir ter alegria em nada disso se não decidir deixar para trás esse sentimento que é um peso morto na sua vida, muitas pessoas nem percebem que acabam se acostumando com um sofrimento ou com uma dor e se pegam a isso de tal forma que só em pensar que tem que deixar isso para trás dói mais do que continuar naquele sofrimento
Yan: eu não sei o que fazer
Pastor Fabrício: na verdade sabe sim, o que você não tem é coragem, mais saiba de uma coisa, não decidir também é uma decisão, só que é bem mais dolorosa
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Ele me contou toda a sua história e também me falou sobre Saulo que logo depois foi chamado Paulo, me intrigou o fato de como se deu a sua rendição a Deus, da forma simples e rápida, algo muito diferente do que tinha ouvido outras vezes, fui para casa e antes de entrar parei no jardim e segurando o dedo onde estava o anel que meu avô me deu, lembrei do que me disse quando recebi ele, tirei do dedo e li o que estava escrito dentro "olhe para o alto", levantei meus olhos e olhei para o céu
Yan: apesar de ter todo conhecimento e ser considerado um dos homens mais brilhantes, eu não sei o que fazer, se meu socorro vem daí, então me ajude, eu reconheço que preciso de ajuda, não..........não consigo mais, eu não posso mais andar sozinho, estou cansado de fugir
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Eu não vi um clarão, nem caí do cavalo e fiquei cego como Saulo, muito pelo contrário, naquela madrugada eu pude ver, deixei de ser cego, mais uma coisa tivemos em comum, eu também ouvi sua voz, entendi a conversão de Saulo porque no momento em que ouvimos sua voz, tudo muda, tudo se transforma em questão de minutos, baseado apenas em duas coisa, "decisão e atitude"
