Como sempre, estava sem sono mas dessa vez não tomei nenhum remédio, fui até a cozinha e peguei um copo de suco e saí um pouco para caminhar e pensar, de longe avistei uma imagem como se tivesse alguém sentado debaixo de uma arvore, me aproximei mais e era o Cristian
Yan: não me diga que está bebendo escondido?
Cristian: vai ficar no meu pé o tempo todo?
Yan: vai ficar sempre nos lugares onde eu estiver?
Cristian: sabe, eu estava aqui olhando para o céu e pensando
Yan: então continue ai pensando
Dei as costas e fui saindo, mas antes de dar o terceiro passo ele começou a falar, geralmente eu ignoraria e continuaria andando mais parei e me virei
Cristian: acha que o que Melissa e nosso avô fala sobre Deus é verdade?
Yan: eu não sei, não acredito que ele exista
Cristian: se acreditasse, acha que ele me ouviria? que me perdoaria se pedisse perdão?
Yan: se eu acreditasse te diria que sim, ele é Deus e pai, qual pai não perdoaria seu filho por mais que tenha errado? mesmo que eu me aborreça com Mateus, nunca vou deixar de amar e ajudar ele, é meu filho
Cristian: se pensa assim, então porque não crê?
Yan: deveria, porque ,mesmo não acreditando nele, ele fez algumas coisas que......são inexplicáveis para mim, mais também tem coisas que me deixam muito revoltado
Cristian: não consigo mais, não posso mais continuar assim, se não existir um Deus não sei mais o que fazer
Yan: ei! para com isso, temos uma responsabilidade com os negócios e meu avô conta com você também, pare de melodrama
Ele não falou nada e ficou olhando para o céu por alguns minutos e depois começou a falar ou orar sei lá, ele começou a falar como estava se sentindo e das vezes que tinha tentado o suicídio, de como a culpa o estava matando um pouco a cada dia e que se ele pudesse voltaria ao tempo e não faria o que fez, teria sido um filho melhor para sua mãe, teria procurado meu avô e teria tido mais tempo com ele, pediu perdão por tudo que fez a Deus, ele começou a chorar feito criança e em um determinado momento ele passou a rir sozinho, mais não foi isso que me chamou a atenção, foi o seu semblante, tinha algo acontecendo ali que eu não sei explicar, mais que era real, eu estava vendo algo humanamente impossível, tinha algo que ficou diferente no momento em que ele começou a orar, era como se aquele lugar especificamente tivesse um ar diferente, fosse uma atmosfera diferente, o choro do início ao falar das suas dores era diferente de agora, em um determinado momento ele parou respirou fundo e se virou para mim sorrindo, se aproximou colocando as mãos em meus ombros olhando em meus olhos
Cristian: é verdade Yan
Yan: é verdade o que?
Cristian: Melissa e nosso avô estão certos, Deus existe ele é verdade
Yan: melhor entrarmos
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Definitivamente tinha algo em rosto que mostrava que algo aconteceu com ele naquele momento, quando entramos fomos cada um para seu quarto, me sentei e fiquei pensando em tudo que vi e ouvi, mexeu muito comigo seu choro sofrido ao pedir perdão a Deus pelo que fez ao meu filho, também a paz que pude sentir ali no momento em que estava orando, eu sou um homem racional que tem que ter uma explicação lógica e racional para tudo na minha vida, o que acabei de testemunhar ia contra tudo isso
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