NewLife or..

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São agora 6 da manhã. O meu vôo sai as dez, então apronto me já, quanto mais despachada estiver, melhor.

Ia ser uma viagem longa, já que não íamos fazer escala e íamos directamente pra lá, então pus me confortável.
Com uma calça jeans, ténis, blusa simples, casaco, cachecol e rabo de cavalo, apenas com duas malas e a pasta de mão, apanhei um táxi e fui ao aeroporto.

Cheguei quando eram mais ou menos 6:35, o hotel não era longe, mas houve um pouco de tráfego.
Já fiz o meu check in, despachei as malas e quando ia me sentar pra comer algo, vejo a minha mãe.
Veio já em choros, enfim, abracei-a muito, mas não queria que ela me observasse ir pra longe.

Tiana:-Mãe vai, eu já já embarco.

Mãe:-vou ficar até embarcares.

Resolvi não insistir. Ela ajudou me com as malas, recebi uma chamada do John a explicar me como tudo funcionou e funcionará daqui pra frente e depois desliguei.

Queimei me um pouco de tonturas, era horrível, mas prontos.. coisas da gravidez.

Resolvi arranjar um médico já lá e não podia tomar pré natais sem prescrição alguma.

Quando chega a zona onde só os passageiros vão, despeço a minha mãe com um abraço caloroso e muitas lágrimas dela. Eu no entanto, não consigo chorar.

Um pouco depois de ir para a sala de espera, vejo a sarah.
Queria muito ir dar lhe um abraço, dizer que a amo, explicar que tá foda, dizer tudo o que o rodrigo me disse, mas acho melhor não porque sei que ela me pode convencer a ficar e eu não posso.

Fico na sala de espera a jogar solitário no móvel, já com ele em modo de vôo para que não haja nenhum tipo de interrupção.

8:45
Depois de algum tempo a jogar, o embarque começa. Queria muito jogar a carta da grávida, mas como a minha barriga não se nota, não tem como acreditarem, então tenho mesmo de esperar.

Finalmente consigo entrar no maldito autocarro, já mal disposta e com uma vontade de comer algo doce. Vi o meu assento no papel e logo vou..
Como eu aceitei a proposta de um dia para outro, o John conseguiu apenas um lugar na económica.

Nunca tive problemas alguns com isso. Vamos todos chegar ao mesmo destino, as cadeiras também inclinam, também tem tv e tudo o que tem nas outras.

O meu seat era ao lado da janela (yay), amava muito. Mas, tinha uma outra pessoa pra sentar comigo, uma vez que eram os primeiros lugares da económica e eram apenas dois.

Nem me preocupei em controlar a pessoa que comigo se ia sentar, pus me confortável, apertei o cinto, pus a bagagem de mão debaixo da cadeira e os meus fones no meu telemóvel. Encosto a minha cabeça na cadeira ao máximo embora ainda não possa inclinar, e fecho os olhos..

Logo os abro pra ver quem então era o ser humano que se ia sentar comigo e olhem.. eu conheço esse moço de algum lado.

Moço:-Destino será?-diz com um sorriso.

Tiana:-Se Eu ao menos me conseguisse lembrar de onde nos conhecemos..-faço uma cara pensativa.

Moço:-Chamei um táxi pra ti uma vez, mas estavas tão apressada que não deu tempo pra nada.

Tiana:-Excepto para ouvir o nome. Caleb, certo?

Caleb:-Exatamente. E tu?

Tiana:-Tiana. Tiana Chazz.-digo enquanto aperto a mão dele.

Caleb:-Então, o que é que te leva à Espanha?

Tiana:-Trabalho. E a ti?

Caleb:-Também.

Jogamos conversa fora, antes e depois do avião levantar vôo.
Assim que o avião se estabiliza, vou logo ao banheiro, bateu uma vontade repentina de vomitar..

Volto já com o almoço por cima da minha mesa, mas fico com zero vontade de comer aquilo.

Tiana:-Não tem nada doce?

Aeromoça:-Temos bolo e gelatina.

Mas eu não queria nenhum dos dois, então limitei me a agradecer e continuar a olhar para a comida.

Caleb:-Tenho rebuçados e pastilhas, queres?
Tiana:-Quero sim, muito obrigada.-agradeci enquanto recebia.

Caleb:-Estás bem? Sentes te mal e ao invés de beberes líquidos, queres rebuçados.

É isso.

Tiana:-Sei la, vontade.

Não o conheço tanto para falar sobre a gravidez. Pra não dizer que se falasse, faria perguntas e não estou disposta a explicar tudo de novo, embora ele não tenha nada que ver com aquilo.

Caleb:-Tudo bem. Consigo notar o teu desconforto na cadeira, podes apoiar aqui se quiseres.-Ofereceu o ombro enquanto falava.

Agradeci e deitei sim porque estava cansada e cheia de náuseas.

Troco umas palavras com ele, durmo e chegamos finalmente. Umas 9 horas de vôo, bem cansativo.

A primeira coisa que fiz, foi ligar o telefone. Já encontara mensagens do John, a dizer onde iria ficar, durante um ano e se possível os seguintes. (A empresa paga apenas os primeiros 6 meses, mas já está de bom tamanho.)

Tiro a minha bagagem de mão, saio, passo pela imigração e depois pego as minhas duas malas.

Caleb:-Então é aqui que nos despedimos.

Tiana:-Parece que sim.-digo simplesmente.

Caleb:-Podemos trocar contactos, para o caso de quereres um táxi e eu ter de chamar pra ti.

Tiana:-Claro, kk.-disse envergonhada.

Trocamos os números e logo apanhei um táxi para o endereço dado.
O meu telefone estava cheio de mensagens no whatsapp e no insta, mas eu decidi abrir quando chegasse à casa.

Cheguei ao meu sítio, é aconchegante.

Tem uma sala, um escritório, casa de banho, cozinha, dois quartos e sala de jantar. Estava de ótimo tamanho.

Finalmente organizo as minhas coisas, já que trouxe duas malas grandes. Uma pra roupa casual e vestidos de saída e outra com roupas de trabalho, tirando a roupa interior, escova de dentes e algumas pastas de que gostava muito.

Depois disso só me apeteceu dormir.
Com a roupa com que viajei mesmo, estendo me na cama e pego no sono.

Aqui tem uma hora a mais, do que na minha terra natal.

Acordo sensivelmente as 22h, o que significa que la são 21h e a primeira pessoa pra quem ligo, é a minha mãe.

Tiana:-Perdão por não ter ligado assim que cheguei, estava muito cansada, como estás?

Mãe:-Estou viva minha filha, fica bem. Amanhã vai ao hospital ver o estado dessa criança pelo amor de Deus.

Tiana:-Mãe, fica bem.
Não posso ficar bem aqui se souber que tu não vais ficar.

Mãe:-Eu vou ficar, desde que ligues pra mim, me visites e cuides do teu filho.

Tiana:-Não te preocupes, vou trabalhar muito pra dar a vida que o meu filho merece. Cuida te. Beijo. Eu vou mandar te os ultrassons e não perderás nada.

Mãe:-Acho muito bem. Beijo grande!

Dou por mim a conversar com a minha barriga involuntariamente.

"Vai ficar tudo bem connosco."

Por fim, começo a chorar. Um chorar de amargura, de frustração, de irritação.. e depois de tanta choradeira, adormeço, ainda sem abrir as minhas mensagens e pensando que tenho de comprar um número novo amanhã.

MeOnde histórias criam vida. Descubra agora