Prólogo

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Derek:

A cada dia que se passa me arrependo mais do que o fiz passar. Ele não merecia isso, fiz tanto mal para aquele garoto. E mesmo assim não consigo o tirar da minha cabeça, se pelo menos eu pudesse pedir perdão. Ficaria com a consciência menos pesada.

Se por algum motivo eu tivesse coragem, contaria para todos o que eu sentia e ficaria com o meu grande amor. Eu nunca o deixaria escapar, eu o faria o cara mais feliz do mundo.

Mas sei que isso não vai acontecer... Pelo menos não agora... Ele fugiu, foi embora, para longe da faculdade. Para longe de mim. Ele abandonou tudo, o curso que ele tanto queria fazer, o sonho dele... Deixou tudo para trás sem pensar duas vezes.

Meus amigos adoraram que ele se foi, falta só soltarem foguetes pelas ruas. Não posso deixar verem minha tristeza, se não serei motivo de chacota por toda faculdade, querendo ou não eu ainda me sinto preso pelos sentimentos que tenho, sei que meus amigos consideram errado e não posso nem pensar em contar isso para eles.

Mas não posso evitar, eu gosto daquele magrelo de óculos. Ele me fazia sorrir nos meus piores dias. E como eu o retribui? Humilhando o pobre Garoto. Eu sei de sua situação, conheci os pais dele, ele me levou na casa dele uma vez, e mesmo assim eu fui um idiota. Eu o fiz perder tantos empregos, e ele precisava, e como precisava. Mas nem mesmo assim ele conseguia ser rude comigo, ele não se afastava, e eu gostava. Gostava de saber que ele sempre estaria disponível para mim não importa o que eu fizesse, ele sempre me deixaria entrar em seu coração. Eu gosto daquele garoto!

Mas agora eu fui longe demais, meus amigos deram essa ideia idiota, e eu fui na onda. Por quê? Por que eu fui à ideia de meninos sem futuro como eles? Por que me deixei levar e fiz tantas coisas ruins para uma pessoa que só merecia coisas boas?

­ — Cara, tu tá bem? Está com cara de tacho desde a hora que saímos da facul.

— Estou bem Bro, apenas um pouco cansado.- murmurei.. — Vou chegar em casa companheiros, hoje meu irmão não tem plantão.

— Falou cara. Até segunda.

Me despedi dos meus amigos e sai da cantina do campus. Meus pensamentos sempre se voltavam a ele. Eu não consigo parar de pensar em você, garoto Estúpido.

Virei na esquina, errando o caminho de casa. Mesmo não estando consciente do caminho que peguei, e me vi indo até a rua dele, como se algo estivesse me chamando para lá, uma última vez. O pior de tudo é saber que eu nem sabia de toda essa mudança dele, fiquei sabendo apenas porque o nosso diretor foi até a turma com um grande discurso e sermão sobre bullying, sua revolta foi saber que adultos ainda faziam coisas assim, pediu para que crescêssemos e que se nossos pais não puderam nos dar a educação adequada, a vida iria ensinar da forma mais difícil. Me sinto mal por isso, tenho que pedir desculpas, pelo menos tentar. Essa talvez possa ser minha única chance, para vê-lo.

Parei em frente à casa dele, a luz de seu quarto estava acesa, ele ainda deve estar acordado. E olhando as horas penso o motivo dele ainda estar de pé, já se passam da meia noite, ele quase nunca fica acordado até tão tarde.

O quarto do meu amado ficava no segundo andar, resolvi mandar uma mensagem, apesar de ter quase a plena certeza que as chances dele me responder são poucas, já que as últimas mensagens que enviei nem sequer chegaram ao seu celular.

"Thom, abra a janela, quero subir"

Esperei alguns segundos e logo uma resposta veio, o que me deixou demasiado surpreso.

"não me chame de thom, vá embora"

Mas que homem difícil. Avistei umas pedras no chão, sem pensar duas vezes peguei umas cinco, e as joguei na janela de Thomas, ele terá de me atender, por bem ou por mal.

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