O confronto (A batalha dos 5 reinos Vol.2)

3. O que houve no passado

Aproveitem e comentem bastante!

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Dois anos atrás

Kraig

Observo como a rainha do reino do veneno entra pela porta com um grande sorriso no rosto. Ao lado dela com cara de poucos amigos está aquela que deve ser sua filha mais jovem. Como ela pode vir até aqui sem trazer o herdeiro?

Deve achar que meu pai será um capacho de sua beleza assim como todos os outros que consegue convencer com suas palavras bonitas, porém, mesmo que seja bela, nunca vai conseguir ter a atenção de meu pai, pois ele só a verá como alguém que deveria estar o acompanhando em sua cama.

Esse é o tipo de homem que ele é, não obstante ele preparou algo antecipadamente para a visita dela. Rio por ela não notar onde está se metendo. Viro-me na direção do trono vendo como meu pai mantem o queixo apoiado sobre a mão ao se reclinar na enorme cadeira. A única coisa da qual ele pode se orgulhar é o desejo de ser um reino soberano que controlará todos os reinos, contudo, nem isto ele tem conseguido levar adiante. Minha mãe sempre me diz como o rei só sabe agir ferozmente dentro de um quarto onde ninguém o verá, porque aqui fora só consegue fazer com que as pessoas sigam o que ele impõe.

A filha da rainha parece sentir que meus pensamentos estão indo por um caminho que machucaria sua mãe, pois ela me lança um olhar ferino e faz questão de se impor no ambiente descendo a mão até o cabo de sua espada enquanto sorri como um demônio. Exatamente como as pessoas a descrevem.

Alguns dizem até que o rei errou ao fazê-la. No entanto não acho que ele tenha errado tanto assim, já que ela tem um rosto bem agradável, sendo até melhor do que algumas das princesas dos outros reinos.

— Fico feliz por ter decidido me receber Rei Jull. — Profere a rainha e me surpreendo com sua fala mansa. Seu tom é calmo e terno e poderia facilmente fazer com que muitos homens se jogassem aos seus pés. Além disso tem a forma como se porta, nem mesmo aparenta ser a plebeia que um dia foi. E este é um dos outros motivos que impediriam meu pai de levá-la a sério.

Ninguém entende o que Hito tinha na cabeça ao trazer uma plebeia para dentro de seu reino, e não satisfeito ainda a tornou a rainha dele. Não podia ter sido mais esperto? Podia ter feito dela uma concubina, e poderia se casar assim com a princesa que quisesse.

— É uma pena que o rei do reino roxo não tenha podido vir para essa conversa, mas creio que pode fazer com que ela seja muito agradável. — Meu pai não esconde seus desejos de ninguém, porém deve ter perdido uns parafusos já que o mostra na frente da rainha. — Por que não me diz qual o motivo de ter vindo de tão longe?

— Deve saber o que venho fazendo através de seus contatos, dado que o reino branco não foi muito solicito quando ouviu minha proposta, mas creio que podemos mudar a forma como eles veem a situação se fizermos dar certo. — A filha da rainha olha para a mãe admirada antes de voltar o olhar em minha direção, ainda forçando sua personalidade com um olhar, e tenho quase certeza de que consigo enxergar pontos roxos em suas írises, e é bem bonito. Combina com o colar que ela tem em seu pescoço.

Quando percebe que mantenho meus olhos nela a princesa vira-se, deixando que encare apenas seu perfil. Ela é bem perceptiva. Mas o que ela acha que pode fazer quando está em meu território?

— Não sei o que a faz imaginar que irei gostar de algo que o reino branco desaprovou. O rei deles é conhecido por fazer as melhores escolhas dado seus cálculos certeiros. — Meu pai já começa a mostrar a mulher que ela não terá chance de fazer com que ele a ouça.