4. Eu vejo, mas não posso tocar

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Iala

— Então papai aceitou e tenho que ir para a linha de frente? — Inquiro e Enin me fuzila sem parar.

— Tudo como você deve ter calculado com essa mente fértil. — Ergo uma sobrancelha fingindo uma mágoa que não possuo no momento quando ele só quer me ajudar. — Sim, vamos nos períodos, mas estará lá primeiro.

— Me pergunto por que acredita que eu tenha imaginado qualquer coisa. — Murmuro ao continuar caminhando indo em direção ao meu quarto.

— Será que é por haver grandes chances de se encontrar com Kieran lá?

— Não teria tanta sorte assim. — Rezingo, porque é exatamente isto que penso. A vida tem me jogado de um lado para o outro sem parar. Não receberia um presente seu tão facilmente.

— Não se esqueça do que dizem. — Roga meu irmão, e nunca me esqueceria de um detalhe desse, pois temo o que pode acontecer ao meu marido ao acabar na mão da pessoa que sempre o tratou como um animal. — Ele tem um artefato maligno em volta do pescoço, um que pode fazer com que ele seja controlado por qualquer indivíduo. Tenho certeza de que deve imaginar quem tem o controle disto.

— Não vou. Pode parecer que estou bem na beirada do precipício, e talvez esteja. — Completo ao ver o olhar que ele me direciona. — Mas não vou perder de vista qualquer chance que tenha de reavê-lo e somente conseguirei isso com a mente limpa.

— Isso nunca impediu nenhum individuo de fazer merda. — Rio do modo que meu irmão fala. — Apenas tome cuidado e não deixe que as pessoas do reino branco pensem que estamos agindo somente de acordo com seus desejos. Estamos nos ajudando.

— É mais fácil que eles temam se aproximar de mim. — Murmuro, pois é a verdade. Os outros me temem por conta de boatos, eles não, porque sabem exatamente o que consigo ou não fazer, e obviamente compreendem que o que sou capaz de fazer pode ser muito, muito aterrorizante.

***

— Olá Katri. — Digo rapidamente quando a princesa passa por meus soldados observando o mapa que tenho estirado sobre a mesa. Estava analisando os movimentos feitos por Kraig, para quem sabe assim conseguir prever o que fará em seguida, mas não tenho tido muita sorte. — Não pensei que mandariam logo você.

— Ao que parece meu irmão acredita que criamos algum vínculo. — Rio e meus homens fazem o mesmo, pois soa como uma piada horrível. E depois de dois dias aqui na linha de frente morando dentro de uma tenda minúscula quando poderia estar na minha cama não me torna a melhor das pessoas, muito menos a mais paciente. — Lhe disse que provavelmente nos mataríamos antes de passar por um ataque, mas ele sorriu e comentou que é algo que mulheres gostam, brigar para ver quem é a mais forte, e aí entendi por que ele não tem uma noiva ainda. — Reclama da última parte ao chegar ao meu lado. — Passamos nessas duas regiões, e elas continuam longe dos lugares que eles atacam. Sinceramente não entendo a aleatoriedade do príncipe Kraig.

— Mas? — Indago com ela apontando diretamente para um pequeno vilarejo marcado no mapa. — O que tem aqui?

— Cadáveres, muitos deles. Este lugar foi completamente perdido, e sabe o que mais me assustou? — Permaneço a encarar sua face desgostosa por não receber uma resposta. Ela não nota que acabou de admitir que ficou assustada com o que viu na minha frente e na de muitos soldados? Não lhe ensinaram a se portar nessas situações? — Os corpos estavam secos, com a carne agarrada aos ossos, como se tivessem ficado expostos ao sol por muito tempo, no entanto, não é o que aconteceu.

— O beijo do dragão carmesim. — Balbucio ao mostrar outra parte do mapa a ela. — Tivemos relatos iguais a este nessas duas regiões. E não foram muitas as pessoas que conseguiram escapar, além disso muitos soldados foram sacrificados para que fosse possível.

O confronto (A batalha dos 5 reinos Vol.2)Onde histórias criam vida. Descubra agora