Fever | day 08 cooking

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Katsuki arrastou os pés pelos corredores da U.A., os passos eram lentos, muito lentos. Ele não queria admitir para si que o atraso de Shouto estava tirando-o do sério, já que o bicolor era pontual para aulas extras da licença provisória.

O loiro praguejou, pensou que iria explodir por aquele estranho sentimento de preocupação, até que o celular vibrou dentro do bolso da calça.

[Meio a meio] Não irei na aula, estou febril. Um pouco resfriado.

Doente?

Shouto Todoroki estava resfriado e aquilo pegou Bakugou desprevenido, sabe se lá do que! Quase um ano de estudos e aquela era a primeira vez que o colega de classe estava — de fato — doente! É claro que não se importou, ou pelo menos foi o que tentou fazer, mas o cérebro não desligava daquela informação.

Porra!

A mochila foi arremessada para um canto da cozinha, desistindo de ir para aula, já que também estava atrasado. E não é que ele estava preocupado com Shouto, apenas não aceitava o fato de seu rival estar doente. Poxa, era desconcertante imaginar que seu grande "inimigo" estava rendido, não era justo...honrado!

— Pavê de merda do caralho bastardo meio a meio... — Katsuki continuou com seu mantra de "elogios" e foi para a geladeira na busca de alguns legumes e pedaços de frango para cozinhar uma sopa. Uma poderosa sopa para confortar e manter vitaminado o mais besta dos heróis: Todoroki!

A sorte do bastardo era que o loiro sabia cozinhar e muito bem! Porém poucos haviam experimentando suas comidas, nem mesmo Kirishima ou Kaminari haviam apreciado qualquer coisa feita por ele. Bakugou sentiu-se até constrangido com a ideia de alimentar Todoroki, porém ninguém poderia julgá-lo por ser (secretamente) zeloso com as pessoas.

Não demorou muito para que a maldita sopa dos campeões ficasse pronta, afinal era uma sopa! A pior parte de tudo aquilo não era cozinhar e sim levar para o bicolor. As mãos de Katsuki tremiam ao carregar a bandeja pelos dormitórios, mas ele fingiu que era penas stress e não algum tipo de nervosismo.

Ele só agradeceu por todos os colegas estarem em período de aula, pois seria a piada do ano caso fosse flagrado em frente da porta do meio a meio com uma cumbuca de sopa e uma caneca de chá.

Maldição! Como ele sabia que Shouto gostava de chá? Como e porquê? Katsuki quis gritar.

— Pavê de merda, posso entrar? — Ele sentiu-se tão idiota quando a voz falhou no meio da frase.

— Oh...sim...?

Antes que pudesse pensar muito na estranha afirmação, o loiro abriu a porta de forma... delicada. Ele nunca havia entrado no quarto do colega, e muito menos pensando sobre como era aquele cômodo, surpreso com todo o tradicionalismo da decoração.

Os olhos escarlates vagaram pelo ambiente, antes de descer e encontrar a bagunça que era Shouto no meio das cobertas do futon.

— Você está uma merda. — Katsuki não sabia muito bem o que dizer, pois achou que estava infartando naquele momento. Os cabelos de Shouto coloriam a fronha branca do travesseiro, em harmonia com a face avermelhada, destacando ainda mais a cicatriz. A camisa branca que vestia escorregava por um dos ombros, deixando saliente um pedaço das clavículas e do pescoço. Puta merda, era difícil admitir — mesmo que só para ele — o quando aquele desgraçado era bonito, e doente, parecia muito mais belo.

— Você não foi para a aula? — O bicolor forçou-se para sentar e ficou surpreso ao observar a bandeja nas mãos do outro. — O que é isso?

— Eu não fui... — O loiro agachou-se ao lado da cama e colocou a comida sobre o colo de Todoroki. — Não haveria graça em ser o melhor, se não tivesse você para vencer.

— O-oh. — Shouto pensou que a febre havia subido mais alguns graus, mesmo não compreendendo o total impacto daquelas palavras. — Obrigado, Bakugou.

— Apenas cale a boca e coma, antes que me arrependa de estar aqui. — O loiro sentou-se no tatame e esperou paciente o outro se ajeitar para começar a comer. A visão corria pelos dedos de Shouto em torno da colher, dos olhos mais baixos do que o normal e a forma que a boca soprava para resfriar um pouco da sopa. Olhando para o bicolor, parecia que ele havia saído de um conto de fadas e que não era um fodido herói.

Quando o alimento chegou até a boca, o mesclado ficou impressionado com a cremosidade e o sabor da sopa. E era apenas sopa! Ele piscou lento, os olhos observando o líquido fumegante e o chá verde que tanto gostava, sem falar que no canto da bandeja havia dois comprimidos para dor e febre.

— Está maravilhoso! — A íris díspar dilatou-se ao observar a expressão suave no rosto do loiro, que sorriu de canto com o elogio. Em menos de uma hora, Bakugou pensou em tudo, e até mesmo havia se sacrificado para matar aula... para cuidar dele.

— Sim, está maravilhoso. — Como um estúpido papagaio, ele repetiu o elogio por tabela. Afinal, o mais lindo dos idiotas estava bem na sua frente com a expressão mais fofa de todas. — Agora coma tudo para que eu possa medir sua febre e colocar alguns compressas de água na sua testa.

— Você vai ficar comigo? — Shouto sentiu o coração falhar uma batida, será que era culpa do calor que cresceu por toda sua pele?

— Só um pouco, até você melhorar, pavê.

— Oh.

Fever • bnha | tdbk | todobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora