VAMOS FUGIR?

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- Parece que a placa do nome da escola está mais torta hoje. Falo olhando para cima. Minha colega concorda com a cabeça.

E diz: - Seria uma tragédia se caísse encima da professora de matemática, imagina essa placa cortando a cabeça dela e aquele rosto enrugando rolando pela rampa até ser esmagado por carros. Uma cena de filme de terror. Ela fala, medido com a mão o ângulo que entortou.

- A professora de matemática é a única que imagino ter esse fim trágico, talvez essa placa seja mesmo um pressagio. Falo.

- Sim, ela é a única que posso imaginar sendo atingida por essa placa, em um dia nublado e chuvoso. Talvez devêssemos sugerir que esse nome seja arrumado para o diretor, na próxima vez que tiver um conselho de classe. Minha amiga sugere.

- É, para a segurança da professora. Não queremos ver sua cabeça rolando por ai.

Abaixo por alguns minutos para arrumar o cadarço do tênis. Minha amiga já está um pouco a frente, me esperando na frente da portaria, onde passamos nossa carteirinha todo dia antes de entrar.

Estudo em colégio particular, frequentando pela classe média alta de São Paulo. Sua estrutura parece mais uma faculdade, um prédio grande de três andares sem muro e com uma entrada gigante, com várias plantas do lado como ornamento e com o nome do colégio gigante pregado na lateral, com as bandeiras dos Estados Unidos, Brasil e França, penduradas na estrutura. A mensalidade é cara, mas se esperado formar jovens inteligentes, com calibre para entrar em universidades exteriores. Bem, se espera.

- Eu vou passar na biblioteca primeiro, pode ir na frente para aula, Juli. Essa é forma que chamo minha amiga, Juliana. Ela faz uma careta de leve ao ouvir a palavra biblioteca, ler não é muito a praia dela. Juli é elétrica, agitada e gosta de aventuras, ela é a única capaz de me tirar do tédio e da monotonia, ela vive as aventuras que eu tanto imagino e leio nos livros, por isso, a considero especial, por ser capaz de me fazer sair do lugar.

Vejo-a partir rapidamente para sala de aula, enquanto me dirijo para biblioteca da escola. Ao passar pelo corredor, vejo vários cartazes colados no corredor, de trabalhos escolares, diferentes projetos criados, e algumas artes feitas por alunos. A aula de arte aqui é levada a sério, nós fazemos desenhos e pinturas em telas, e somos avaliados pela nossa criatividade.

O meu ramo é arte abstrata, eu faço riscos e jogo tinta nas telas, e finjo que existe sentido naquilo tudo, e o meu professor, finge que entendeu o conceito, porque é orgulhoso demais para admitir que entendeu absolutamente nada. Para mim, é divertido inventar um sentido nos rabiscos que faço, essa é a minha real criatividade.

Ao entrar na Biblioteca, observo os feixes de luz entrarem pela frestas da janela e iluminar os livros nas prateleiras, abarrotadas de livros de todas as matérias. O ambiente é todo pintado de branco, com frestas de madeira moldadas com relevo, como as colunas do mundo antigo. As prateleiras também são de madeira, e por isso, parecem ser bem antigas.

Do lado de um longo espaço para os livros, é organizado as mesas redondas, com carteiras confortáveis para os alunos estudarem, cada uma delas com uma plaquinha escrito silêncio. No fim do local, fica o balcão, espaço reservado para registro dos empréstimos, onde fica uma moça muito bonita para fazer os registros.

Vou diretamente para a sessão de livros de mistério/policial e escolho um livro da Agatha Christie para ler, chamado Assassinato no expresso do oriente. Estou obstinada a ler todos os livros dela nesse ano, e já li quase todos.

- A sua aula já deve ter começado, talvez devesse vir aqui na hora do recreio. Disse a moça.

- Não tem problema, é aula de redação agora, é acontece que sou muito boa nisso. Respondo. E é verdade, minha escrita é perfeita e coerente, e consigo falar dos mais variados assuntos com maestria. Meu irmão me pedia para corrigir suas redações quando estudava para fazer o vestibular, e olha que eu ainda era criança.

ALGUÉM QUE NUNCA SENTIUOnde histórias criam vida. Descubra agora