Era fim da tarde, Marie estava sentada na varanda da casa de veraneio com suas filhas pronta para passar um tempo juntas. Era seu nonagésimo aniversário, sabia que já estava no fim de sua vida, talvez em sua última era. Enquanto suas filhas foram preparar o jantar Marie aproveita o som das arvores dançando com o vento e o cantarolar dos pássaros avisando o anoitecer e adormece.
Enquanto dormia Marie lembrou de toda sua vida, como um flashback, reviveu sua infância dura, seus romances, as tristezas mais profundas, os traumas, e os momentos de felicidade.
A primeira lembrança a que veio a cabeça foi de sua mãe a qual ela havia cuidado no fim da vida. De todos os amores sua mãe era o maior, e por isso a sua falta era tão dolorosa e difícil.
A mãe de Marie, era uma mulher simples, mas complexa, era repleta de mistérios e obscuridades que a vida lhe causara. Se tornou alcoólatra depois do relacionamento complicado com pai de Marie e vivia com um cigarro na mão e na outra mão uma xícara de café. Além de Marie, tinha mais quatro filhos, um deles era do mesmo pai e os outros dois, do pai de criação, já que foram abandonados pelo pai consanguíneo ainda pequenos. Marie lembrava muito bem que sua mãe costumava ser rígida com ela, que tinha que cuidar dos irmãos, cuidar da casa ainda pequena, fazer a comida e ainda dar conta da escola, mas ela não acreditava que sua mãe tinha sido uma mãe ruim. E pelo contrário a rigidez da mãe a prepararia para as situações mais difíceis que iria enfrentar mais adiante. Mas lembrar da mãe causava dor, pois ela não conseguia lidar com a falta que sentia.
A segunda lembrança que veio a mente de Marie foi do seu maior amor, o pai de suas filhas, que ainda jovens se apaixonaram e começaram a construir uma vida juntos, mas pela imaturidade de ambos esqueceram o amor e começaram a viver uma vida de conflitos. A lembrança mais viril de quando se conheceram não deixava sua mente. Ele era um belo homem do exército, alto, esbelto, confiante e perspicaz. No momento em que o viu Marie sentiu que ele seria alguém importante em sua vida, e não demorou muito até se tornar. Mas a lembrança desse homem trazia magoas, e ela não conseguia perdoar. Dizia que não sentia remorso nem nada mas sempre que tocava em seu nome, lagrimas escorriam, de saudade e de tristeza.
Na terceira lembrança de Marie, e uma das melhores era sua primeira filha, o seu primeiro fruto de amor, amor que havia se transformado em uma linda menina. Naquele momento Marie lembrava que quando a viu pela primeira vez sentiu o mundo em suas mãos, sempre tão forte não conseguia entender como sabia ser tão delicada com seu pequeno broto de amor. Que mais tarde se tornou a mulher que Marie tinha tanto sonhado pra ela. A Primeira filha de Marie era forte como ela, e o sentimento que vinha quando pensava nela era de resiliência.
Mas a quarta lembrança de Marie, era feliz e triste ao mesmo tempo, ela recebia em seus braços sua segunda semente, mas estava perdendo o segundo regador. Ao mesmo tempo que Marie estava feliz pelo fato de sua segunda filha ter nascido ela tinha que lidar com a perda do homem que amava, e se culpava pelo fato de cansada das brigas e situações difíceis que estavam vivendo ter o mandado embora. A sua segunda filha representava a determinação, porque poderia tudo dar errado, mas desistir nunca foi uma opção.
Ainda jovem Marie criou as filhas, estudou, trabalhou, pediu ajuda, mas nunca parou.
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A breve história de Marie
ChickLitEsta é uma breve história de uma mulher que no fim de sua vida sonha com toda a sua história antes de partir. Nesse breve espetáculo que é a vida de Marie, você vai se deparar com seus sofrimentos, seus momentos mais felizes, e seus momentos mais tr...