3. Pacto

1.2K 303 43
                                    



Domingo

Safira,

Você deve estar pensando que sou meio desmiolada, eu sei. É que ontem fiquei muito nervosa. Tenho dificuldades de lidar com pessoas. Sofro com isso. Quando estou na presença de alguém estanho, meu rosto formiga de apreensão e a garganta parece que vai travar a qualquer instante.

A verdade é que morro de medo de que as pessoas descubram sobre as coisas difíceis que acontecem entre Edgard e eu. Então, você não faz ideia como foi o churrasco de ontem para mim.

Doeu tolerar aqueles homens me observando com olhares acusatórios dos tipos: devassa, safada, puta. Foi difícil me controlar para não sair correndo e me trancar no meu quarto. Mas se fizesse isso, teria que lidar com consequências, piores do que as suportei após todos saírem.

Kim e Tabata me ajudaram com a louça antes de partirem, então, ocupei-me em colorar as cadeiras para dentro da garagem e recolher o lixo. Em certo momento, Edgard, que havia bebido além do costume, aproximou-se e passou o braço ao redor da minha cintura.

— O que achou de Tony, Eric e John? — Ele perguntou e me deu um beijo no pescoço. — Dão bons touros, não?

— Eu nem observei direito... — respondi com desdém e me agachei para apanhar um guardanapo no chão. Quando me ergo, me deparo com o seu semblante transformado.

Edgard tomou o saco de lixo da minha mão.

— Pode deixar isso para depois... — o tom de voz perdeu o ar descolado e ganhou um peso austero.

Engoli em seco com medo.

Ele beijou a minha testa e me conduziu para o interior da casa. Meu coração disparou de tensão.

— Ah, Safira, nosso amor está acima de tudo, nosso amor é para sempre. Se lembra do pacto que fizemos?

Ele parou entre a sala e a bancada da cozinha e me encarou. Receosa, entrelacei os dedos diante do peito e balancei a cabeça confirmando.

Quando éramos adolescentes, furamos nossos dedos, esprememos gotas de sangue e as unimos. Quase como uma oração, juramos sermos um do outro e nos amarmos para toda vida.

— E o meu maior prazer é te ver feliz.., — Edgard suspendeu o meu queixo e me enlaçou. — ...e te assistir sendo fodida, desejada, endeusada por um homem que nunca poderá ter o que tenho de você, o seu coração, a sua mente e alma — ele sussurra em meu ouvido. — Quero esses sujeitos se arrastando por você.

Estremeci.

Inspirei fundo em busca de coragem e dei dois passos para trás, até minhas costas baterem na bancada.

— Mas eu não quero aqueles homens. Não quero nenhum. Eu quero ter paz, Edgard — berrei trêmula. — Não, não quero, isso está me deixando doente.

Ele segurou o meu braço direito com força e avançou como um animal em fúria.

— Sabe bem que só consigo de forma plena assim! E isso é algo normal, vários casais praticam. Conhecemos alguns deles nas casas de swing que frequentamos — ele berrou.

Eu já estava com os olhos umedecidos.

— É normal quando os dois querem. Você agora quer me forçar... — acusei.

— Está me acusando de ser abusivo? Não acredito, Safira! Nosso amor e sexo sempre esteva acima disso — ele se aborreceu.

Então, ele segurou o meu antebraço, virou-o nas minhas costas e o tensionou, causando-me dor.

A ESPOSA DO MEU AMIGO ⚠️  (Degustação) Só os capítulos iniciaisOnde histórias criam vida. Descubra agora