Capítulo 34 - Um Pirata Chamado Água Negra

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Nossos dias navegando com o pequeno mercantil foram bastante  tranquilos, apesar de não interagirmos mais do que o necessário com a  tripulação

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Nossos dias navegando com o pequeno mercantil foram bastante tranquilos, apesar de não interagirmos mais do que o necessário com a tripulação. Eu passava boa parte dos meus dias bebendo, e Astrid os passava lendo, aos poucos livros que o capitão tinha, e antes que percebêssemos, já havia passado uma semana inteira de viagem.

Naquele sétimo dia, porém, quando a noite caiu, fomos pegos por uma intensa neblina. Ela cobria tudo a nossa volta e tornava impossível de se ver um palmo adiante. Notei-a quando saí para caminhar um pouco no convés e esticar as pernas, mas não antes de tropeçar numa corda, por beber demais.

Aconteceu que Astrid gritara comigo porque queria ler, e eu a estava atrapalhando. Eu saí para o convés, um tanto cambaleante. Quando me ergui, após meu trágico tombo, notei a camada intensa e branca que me envolvia.

Apertei meus olhos e vi nitidamente além da espessa névoa a enorme fragata que lentamente se aproximava bem ao nosso lado, e escorada poeticamente sobre o navio, olhando diretamente para mim, estava a inesquecível mahin de cabelos vermelhos e olhos verdes, que eu conhecera tantos anos atrás.

Achei ter bebido demais, e sacudi a cabeça negativamente, espremendo meus olhos, mas quando os abri, ela ainda estava lá. Então ouvi um grito ecoar e vi um dos homens cair ao chão, sangrando, enquanto o nosso navio se enchia de invasores, que saltavam com cordas de um navio a outro. Diferente de mim, nossos homens nada podiam ver, e começaram a cair um por um. Foi então que dei por mim, e respirei fundo de volta a sobriedade.

Como minhas espadas estavam na cabine, empurrei um invasor no chão, dobrando-lhe o braço e apertando suas costas com meu joelho. Tomei-lhe a espada e lhe empalei com ela, puxando-a de volta para atacar o próximo. Ainda assim, os homens do meu navio continuavam a cair, um por um.

Lutei sozinho na névoa grossa, derrubando os invasores, cujo único aviso que possuíam era a luz dos meus olhos cortando a branquidão. Restou um invasor. Vi nosso capitão cair, e quis correr para ajudá-lo, mas então a avistei novamente... Bem a minha frente, me recebendo com um corte lateral: a mulher de cabelos vermelhos.

Sua lâmina veio de encontro a minha, me pressionando para trás. Flexionei meus joelhos e joguei meu corpo para frente, usando meu peso contra ela, mas ela nem se desequilibrou, se desvencilhando de mim com um giro rápido, e me atacando de baixo para cima com sua espada.

Tornei a encontrar sua lâmina com a minha, e logo parecíamos estar dançando com nossas espadas pela extensão do convés. Quando ela me acertou num mau ângulo, ergui a espada no alto e caminhei minha lâmina pela dela, fazendo seu pulso se dobrar, e ela perder a empunhadura.

Apontei-lhe o fio da minha espada e sorri. Apesar da cortina branca que cobria o navio, eu sabia que ela podia me ver assim como eu a via, pois seus olhos verdes brilhavam na escuridão, como um farol mahin.

— Curiosamente, estava pensando em você por esses dias.

— Coisas boas, eu espero. — Ela respondeu, com um sorriso de canto, que me fez sorrir também.

O Despertar - Volume I: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora