Capítulo 1 - Aquela Festa

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Eu disse que não iria naquela festa para a Marcela, mas não podia faltar no aniversário da minha melhor amiga, mesmo que essa minha melhor amiga, namorasse o cara que eu amava. Então coloquei uma camisa azul marinho, uma calça jeans preta, e um tênis branco. Eu precisava tomar coragem para ir até lá, então bebi tanto que nem sei como cheguei naquela balada.

A musica estava tão alta, que não dava para escutar nada além do som. Eu já cheguei pra lá de bêbado, e quando começou aquela música, eu avistei a Marcela. Aquela musica que a gente tanto amava. Eu fui cantando enquanto andava em sua direção, ela cantava e sorria me mostrando um copo com bebida. Ficamos rindo e cantando o mais forte que conseguíamos. Ela passou os braços pelo meu pescoço, e eu coloquei minhas mãos em sua cintura. Dançávamos, riamos, e éramos felizes.

A pista de dança era só de nós dois. E enquanto a nossa música tocava, eu esqueci, por dois minutos, que estávamos disputando o mesmo homem. Quer dizer, eu estava disputando, pois ela nem imaginava que eu tinha um caso com o Breno há quatro meses, mas o amei desde o dia em que o conheci. Eu sei que sou um desgraçado, por ser o amante do namorado da minha melhor amiga. Mas, essa história não é sobre um herói. É sobre mim, um filho da puta.

Quando a música finalmente acabou, ele apareceu por trás da Marcela e a abraçou. Eu tentei me soltar, mas Marcela me impediu, e ficamos os três dançando, enquanto uma musica menos agitada tocava. Marcela fechou os olhos, e dançava conforme a batida. Breno beijava o pescoço dela, e me olhava no fundo dos olhos. Eu ainda continuava abraçado na cintura da minha amiga, ela ainda estava com as mãos em volta do meu pescoço, e me fazia um leve cafuné. Breno esticou seus braços, e apertou minha cintura. Quem nos visse naquela situação, talvez nem imaginasse o que se passava de verdade. Ou pelo menos, não imaginaria todos os detalhes sórdidos.

Quando a música finalmente acabou, Marcela se virou, deu um beijo em Breno. Depois me abraçou, e disse em meu ouvido "ainda bem que você veio, eu nunca iria te perdoar se não estivesse aqui". Eu apenas sorri. Breno, se soltou de Marcela e me abraçou. Aquele filho da puta estava tão cheiroso. Fomos os três para o bar e pegamos mais bebida. Bebemos, e dançamos mais ainda.

Alguns outros amigos nossos estava lá também: Bianca, Julinha, Gustavo e Felipe. Bianca era prima de Marcela, eu a conheço desde que ela era uma fedelha. Julinha namora Gustavo desde sempre, são aquele tipo de casal, que se um dia se separar eu não vou aceitar. Felipe é meu ex. Hoje conseguimos ser amigos, até porque a nossa relação acabou super de boa.

- Vocês pareciam um trisal dançando juntos. – Disse Felipe.

Eu quase cuspi a cerveja que estava tomando. Marcela foi e deu um selinho em Breno e depois em mim.

- Eu adoraria, mas o Lucas é 100% gay, né? – Marcela disse rindo.

Eu dei o maior gole de cerveja que se tem notícias desde sempre. Continuamos dançando, bebendo e conversando. Até que fiquei com vontade de ir ao banheiro. Quando estava na fila para entrar no local, sinto um beijo em meu pescoço.

- Você só pode estar maluco, Breno. – Eu falei, nervoso.

- Calma, Luquinhas. A Marcela apoia o nosso trisal. – Disse Breno, muito mais bêbado do que eu tinha percebido.

- A gente não é um trisal. Nós dois somos lixo. – Eu falei, quase chorando.

- Eu te amo. – Disse Breno, quase chorando também.

Finalmente chegou a minha vez, e eu pude entrar no reservado. Só quem já amou, só quem já ficou bêbado. E só quem já ficou bêbado e amou em uma balada, sabe o que é chorar no banheiro imundo. Eu chorei, chorei e chorei mais um pouquinho. Depois sai do banheiro, o Breno não estava mais na fila. Lavei meu rosto e quando estava voltando para onde meus amigos estavam, o DJ inventou de colocar uma música romântica "para os casais apaixonados". PUTAQUEPARIU.

Julinha e Gustavo, e Breno e Marcela dançavam juntinhos. Bianca tinha achado um carinha e dançava também. E até o meu ex, estava com um loirinho bem bonito. Parece que o meu mundo tinha parado vendo aquela cena. Óbvio que tinham outras pessoas sozinhas, mas me senti o único solitário naquele momento.

Meu coração doía de verdade, parecia que eu iria morrer ali. Eu não podia acreditar que eu amava o único cara que eu não podia amar. O único cara que era proibido. Não era justo. Ele dizia que me amava, eu não acreditava naquilo. Ele a beijou, e lágrimas começaram rolar dos meus olhos. E comecei a dançar abraçado a mim mesmo. Eu fechei os olhos, e o imaginei dançando comigo. Deve ter sido um cena patética, mas eu não era patético mesmo?

Logo, eu me dei conta do papel de idiota que eu estava fazendo e acordei do meu transe depressivo. Algumas pessoas me olhavam com estranheza, mas elas também eram estranhas. Todo mundo é estranho. Eu olhei novamente, e Breno beijava Marcela. Ela parecia feliz, e eu estava infeliz. Nunca na minha vida, eu senti tanta inveja de alguém. E por mais que ela não merecesse, eu desejei que naquele momento ela morresse. E morreu.

Quer dizer, ela desmaiou. Breno foi rápido e consegui a segurar. Eu me assustei com o poder do meu nojento desejo, e corri para ajuda-lo. Breno a pegou no colo, e eu fui abrindo passagem, para ele a levar para a enfermaria. Breno estava com uma expressão de muita preocupação, e eu deveria estar com um a face com mais culpa do mundo. Finalmente chegamos ao local, e uma médica foi cuidar da Marcela. A médica fechou a porta em nossa cara, e eu o abracei e comecei a chorar.

- É minha culpa. É minha culpa. – Eu repetia sem parar.

- Para de ser idiota, a Marcela exagerou na bebida. – Tentou me acalmar.

- Eu queria, eu queria que ela morresse. Foi só um pensamento. Eu não quero que ela morra. – Eu falava desesperado.

- Ela não vai morrer, Lucas. Ela só está bêbada. – Disse Breno ao me abraçar.

Eu continuei chorando por mais alguns minutos. Até que a médica abre a porta e fala que a Marcela já tinha acordado, e falou que a gente podia entrar naquela sala. Marcela estava rindo muito, ela achava o máximo ter desmaiado em uma balada. A gente começou a rir juntos, porque a Marcela era muito palhaça, e fazia várias brincadeiras. Depois de um tempo, já estávamos na pista de dança. Os outros estavam preocupados, pois não viram nada do que tinha acontecido. E caíram na risada, ao ver as palhaçadas de Marcela, ao imitar seu desmaio.

As meninas foram ao banheiro, Felipe e Gustavo foram pegar mais bebida. Breno olhava para mim e ria. Eu olhava para ele com cara de quem não estava entendendo nada. Ele foi chegando cada vez mais perto de mim, eu dei um passo para trás, ele deu dois para frente. E ficamos nisso até eu ficar encurralado na parede. Ele estava tão perto de mim, que eu sentia seu hálito alcoólico.

E o diálogo à seguir começou.

- O que você pensa que está fazendo, Breno?

- Você está lindo na camisa que eu te dei.

- Para com isso, Breno.

- Eu não fiz nada.

- Você fez tudo. Estragou a minha vida.

- Foi você quem me beijou primeiro.

- E eu me arrependo todos os dias por isso.

- Não se arrepende não. Você me ama.

- E o que adianta te amar, e não te ter?

- Quem disse que você não me tem?

E ele me beijou. Eu estava muito bêbado nesse momento, pois deveria ter empurrado. Mas, eu não tive forças, ou vontade, eu simplesmente aceitei e retribui o beijo. Ele me beijava com tanta vontade, ele precisava me beijar, e eu precisava disso também. Parecia que nossas vidas dependiam daquele beijo. Era como se em sua saliva estivesse o ar que respiro. Eu estava sem ar a noite toda, mas foi em seu beijo, que eu respirei direito.

- Que porra é essa?

A gente se largou e Marcela nos olhava.

Sempre Sábado e o Namorado da Minha Melhor Amiga (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora