1.256 dias depois aqui estou eu, recomeçando novamente o tratamento com as medicações, agora um pouco diferente das que a psiquiatra prescreveu no dia da primeira internação que com certeza foi a pior delas.
Sentada em um colchão de solteiro que Ina e eu colocamos na sala, coberta com minha manta preferida, notebook no colo, remédios no colchão e rodeada pelo nosso gatinho cego que sentiu que eu estava tomando leite com cereais coloridos e veio a procura do nosso líquido branco favorito.
É, muita coisa mudou, menos o fato de eu gostar muito de leite. Aquela namorada que conheci no tinder e que um ano depois me internou, hoje é minha esposa oficialmente há 2 anos. Minha relação com minha mãe está um pouco menos complicada, agora temos 4 gatos e uma maritaca, voltamos a morar no bairro que nasci. Mas apesar das mudanças, eu continuo odiando medicamentos.
E isso é o que atrapalha muito meu tratamento, pois sem os remédios eu me transformo em um versão triste e irritada da mulher que hoje sou. E essa com certeza é minha pior versão. A que sofre pelos traumas do passado, a que desiste da vida e do tratamento, que acredita ser maior que a doença mesmo já tendo tido um milhão de provas de que sozinha não é possível.