Prólogo

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Quinhentos A.C

Em meio ao forte sol quente que os cercava naquele calor tão bem conhecido e adaptado, podia-se notar o olhar penetrante do herdeiro ao trono, o próximo Faraó. Seus olhos azuis meio acinzentados se encontravam com o verde do moreno que estava a uma distância considerável de sua pessoa. Com um pequeno sorriso ladino, o príncipe herdeiro abaixou sua lança e caminhou até o sumo sacerdote, deixando para depois seu treinamento diário. Não havia sido preciso falar algo, pois somente com seu olhar, o servo, que lhe ajudava com seus treinos, reverenciou-o e saiu em outra direção, dando o tempo para que a alteza descansasse. Nesse curto período de tempo, Levi parou em frente ao seu amante de longa data, estendendo sua mão para passá-la em frente ao rosto do maior, não se incomodando com a diferença de altura.

"אהובתי, חכי לי"

_Meu amor, me espere._

Franzindo seu cenho suavemente, Eren, filho adotivo de Grisha, o sumo sacerdote real e também braço direito do Faraó - pai do Levi -, falou num tom doce e amigável:

"אני לא סובלת לבלות אפילו שנייה ממך."

_Não aguento mais passar um segundo sequer longe de você._

Um breve rubor passou-se nitidamente pelas bochechas do príncipe, que sorriu timidamente pelos caprichos do moreno. Infelizmente, o amor entre eles não havia sido abençoado pelos deuses, e a felicidade que nutriam não podia ser vista. Além de ambos serem homens, Eren herdaria o lugar do seu pai e seria o braço direito de Levi quando o mesmo assumisse seu trono. Por ser um sumo sacerdote, Eren não poderia ter nenhum contato físico ou emocional com alguém, mas mesmo assim deixou de lado as leis que o criaram para que pudesse viver ao lado de seu amado, mesmo que as escondidas e com pouquíssimo tempo. Não era muito diferente para Levi, que ainda conseguia enganar seu pai em relação a ter seus próprios herdeiros. Nascido com sangue real e com a saúde de aço, Levi teve a infeliz sorte de ter caído quando ainda era muito pequeno, tendo como resultado sua bacia fraturada. Seu ferimento interno não havia lhe levado a morte, mas trouxera danos para sua vida inteira. Embora não consiga andar sem mancar, ele era um guerreiro nato. Astuto, possuindo uma beleza imensurável, ele era impiedoso. O filho mais velho, era certo o trono ser seu para governar. Aos olhos de fora, ele era visto como alguém sem coração e impiedoso, ele seria venerado como um deus vivo.

"אל תדאגי אהובי. כשהוא יהיה מלך, נישא."

_Não se preocupe, meu amor. Quando for Rei, iremos nos casar._

Essa era a promessa que acreditavam depois de ter sido feita há tanto tempo. Quem diria que de uma simples amizade de infância viria nascer um forte e verdadeiro sentimento, visto por muitos como uma amizade sem igual. E a esperança que tinham de um dia estarem lado a lado sem temer pela fúria do Faraó, aos poucos foi desaparecendo. Certo dia, Levi recebeu a notícia de que uma das esposas de seu pai havia engravidado. Era certo seu trono, mas se a criança fosse um garoto, era um rival e ele teria que ficar atento. Eren a princípio não quis ser tão paranoico quanto o amado, mas com o passar dos meses, acabou se deixando levar e também ficando com uma pulga atrás da orelha. Mikasa, a segunda filha do faraó, estava radiante, talvez pela idade juvenil ou então por não estar correndo risco de nada - como o seu Irmão mais velho. A agonia que sentiam pelo futuro agora incerto era tão grande, que quando a mulher entrou em trabalho de parto, chegaram a rezar para que Anúbis desse algum fim trágico para aquelas duas almas. Infelizmente suas orações não foram ouvidas, e seu maior medo se tornou real, a criança era um menino. Mais do que nunca sentiram-se ameaçados com a presença do menino, mesmo que não pudessem demonstrar nada.

Certo dia, observando o meio-irmão nos braços de seu pai, Levi não conseguiu impedir o ódio em seus olhos, principalmente quando o Faraó reuniu todos para uma notícia. Parado ao lado de sua irmã, antes caçula, Levi não conseguia desviar seu olhar da criança chorona, enquanto Eren não conseguia tirar o seu próprio olhar do amado. Sua preocupação estava se tornando óbvia, temia que Levi fizesse algo na frente de todos e acabasse sendo morto. Mas, para seu alívio, se tinha algo que Levi não era, esse algo era ser impulsivo.

A Maldição do Faraó - ERERIOnde histórias criam vida. Descubra agora