Popcorn | day 13 to the movies

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Shouto quase engasgou-se ao observar Katsuki na frente do cinema, atento aos cartazes de filmes, como se procurasse algo para assistir ou apenas passando o tempo na espera de alguém.

É claro que ele estava esperando os amigos, o bicolor era uma dessas pessoas.

— Bakugou. — Ele aproximou-se do loiro e pensou que estava passando mau, já que a frequência cardíaca acelerou em segundos, irrigando sangue em demasia para as bochechas e orelhas, deixando-as coradas.

O garoto virou-se com olhos aborrecidos e mãos acomodadas dentro do moletom preto, mas algo no semblante deixava óbvio o esforço que estava fazendo para controlar o nervosismo.

— Pelo visto um dos idiotas é pontual. — Katsuki deu de ombros e olhou na direção da bilheteria, a visão atenta a tabela de horários. — Está quase na hora.

O bicolor não importou-se com a "calorosa" recepção, pois sabia que o amigo era dono de um senso de humor duvidoso. Entretanto, sabia identificar as diversas qualidades e virtudes, que sobressaiam qualquer palavreado desbocado ou atitude ríspida. E aquele respeito e paciência em relação ao outro, era o que criava uma ótima dinâmica entre eles.

Todoroki gostava — e muito — de Bakugou.

— Eles estão bem atrasados. — concluiu ao olhar as horas no relógio de pulso. — Normalmente sou o último a chegar nos nossos encontros.

— Olha aí, temos um gênio. — O loiro sorriu de canto e deu um passo para frente, segurando o outro pelo pulso, puxando-o na direção da bilheteria. — Seja como for, vamos logo comprar a porra dos ingressos, porque não vou perder o filme do Batman.

Shouto deixou-se ser arrastado, as pernas estavam moles como gelatinas devido ao súbito contato. A mão de Katsuki era calorosa em torno da pele, e imaginou o quanto seria confortável e acolhedor os braços em torno de si.

Uma das piores coisas da vida era apaixonar-se por um amigo ( pelo menos quando platônico ). O meio ruivo não fazia ideia de como agir, tinha medo de romper as barreiras da intimidade e refletir no término da amizade. Todoroki não desejava nenhum clima estranho, ou que Bakugou se afastasse dele.

E como se um plano macabro entrasse em ação, os dois estavam sozinho para uma sessão de cinema.

— Vamos assistir o filme do Batman? — Foi a única coisa que conseguiu falar, repetindo o movimento de Katsuki na compra do ingresso.

— Você achou que iríamos assistir o filme da Frozen? — O loiro saiu a passos largos e acomodou-se na fila da pipoca, mostrando-se cada vez mais ansioso. — Aqueles idiotas nos enganaram e agora parece que estamos num maldito encontro.

— Oh.

Shouto quase tropeçou nos cadarços dos tênis desamarrados, dando-se conta que não estava prestando atenção em mais nada, exceto na palavra encontro. Não duvidou que a situação fosse um plano de Kirishima e Kaminari, já que os dois perceberam antes mesmo do que ele próprio os sentimentos por Katsuki.

Após pegar o maior combo, a dupla seguiu para a sessão. E se o bicolor já estava sofrendo, as coisas só pioraram ao estar sentado no escuro ao lado do loiro, apenas com a música ambiente circulando pelas caixas de som antes do início do filme.

— E se fosse um encontro, você não iria gostar? — Todoroki quase mordeu a língua com o infeliz comentário. — Digo, eu posso ir embora.

— Você está com algum problema no cérebro? — Bakugou encheu a mão de pipoca e começou a mastigar, os olhos vermelhos fixos no telão vazio. — Ninguém mandou você ir embora, porra!

— Me desculpe.

— Caralho, Todoroki! — O loiro virou-se e Shouto apenas conseguiu observar na baixa luz o cenho franzido e a irritação quase palpável sendo disparada como tiros de revólver. — Para de se desculpar o tempo todo! Eu não faço nada que não quero, então, se estou aqui com você é porque to afim, entendeu?

Antes que pudesse assentir, a tela acendeu e o projetor começou a rodar sobre suas cabeças. Mas nada mudava o fato de sentir-se acolhido com as afirmações, quase esperançoso com a ideia de Bakugou apreciar sua companhia.

A onda de sentimentos tornou-se mais intensa quando as mãos se encontraram no saco de pipocas. Os dedos salgados rasparam com suavidade sobre o dorso, a carícia gentil durou segundos, mas foi o suficiente para Todoroki sentir-se em queda livre.

O olhar ímpar ousou focar no garoto ao lado, surpreso com o par de olhos rubis sobre si. O oxigênio apenas deixou de existir naquele momento, quando Katsuki apenas o beijou sem enrolação, sem qualquer tipo de aviso.

A boca salgada pressionou com gentileza os lábios, ansioso para que houvesse qualquer tipo de consentimento para intensificar a aproximação. Antes que Shouto fechasse os olhos, ele memorizou a imagem de Bakugou de olhos fechados, os cílios dourados e a pele quente preenchida por cores azuladas que oscilavam a cada mudança de cena.

Os lábios desmancharam a pressão e deixou que o outro invadisse com a língua, para que explorasse cada canto de sua boca. Ele fechou os olhos e não imaginou que além do sal das pipocas, uma lágrima poderia salgar mais o beijo. O bicolor emocionou-se com toda a potência do loiro sobre si.

Realmente estava apaixonado por Katsuki Bakugou.

Popcorn • bnha | tdbk | todobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora