Capítulo 1

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ALICE

Estar viva não era algo bom pra mim. Isso significava mais um dia ao lado de Zach, tendo que aturar sua voz, seu toque e as tramóias que faz. Pobres meninos, seriam mais dois na sua teia de aranha. Porque é assim que ele age, como uma viúva negra, pronto para devorar seus próprios lutadores. Pensar nisso fazia eu me sentir culpada, seriam mais dois mortos na minha conta, mas quem dava a mínima? Ninguém. Era por isso que todos eles morriam. Eu ainda não sabia o motivo de estar viva, ou talvez...sei.

No entanto, essa é a minha vida, tenho que agir como sua sombra e seguir seus passos caladinha. Nada de se impor, nada de falar, nada de reclamar. Nem mesmo posso falar com os contratantes ou os seguranças, somente com Zach, ele é o único que tem o direito de ouvir minha voz. Na verdade, ele é o único que tem qualquer direito sobre mim.

Tomo um banho rápido, pois tinha que estar na boate o mais cedo possível. Coloco um terninho vermelho, por baixo uma cinta liga e após tomar meu café, sigo diretamente para o meu local de trabalho. Eu tenho um motorista particular, ou seja, não tinha sequer liberdade para dirigir meu próprio carro. Deixei que ele me levasse até o meu destino final, tentando não ter uma crise de ansiedade dentro desse automóvel. Parece que sentia em minhas entranhas quando estava perto de chegar e isso me fazia um mal absurdo.

O motorista abriu a porta do carro pra mim, mas não falou nada. Agradeci com um aceno de cabeça e entrei na boate, seguindo diretamente para a sala de negócios do Zach. Eu tinha que ficar lá na maior parte do tempo, organizando os contratos originais e resolvendo sobre os locais de luta em Nova York e os lutadores que seriam no dia escolhido. Bato na porta antes de entrar e o encontro em sua cadeira, fumando um charuto enquanto olha uns papéis.

- Bom dia, Alice. - Falou, com aquela voz nojenta de sempre.

Seu olhar imundo percorreu meu corpo, apreciando a minha vestimenta. Queria vomitar, sentia a bile subir pela minha garganta, mas eu precisava ser forte. Não queria demonstrar fraqueza na frente dele. Mesmo sabendo que esse homem na minha frente é capaz de qualquer coisa para continuar no topo dos negócios.

- Você pode me responder, Alice. - Sorri, acenando com a cabeça. - Tem a minha permissão.

- Bom dia.

- Hoje não irá precisar ficar trancada aqui, tenho um trabalho pra você.

Engoli em seco, me lembrando da última vez que tive que fazer algum tipo de trabalho para ele.

- Preciso que avise ao empresário do novo lutador sobre o treinamento. - Sorriu, deixando o charuto de lado. - Vamos deixar que eles pensem que estão mesmo em um contrato com o UFC. Faça com que eles não percebam nada.

Claro, porque é assim que o jogo começa. E quando eles vêem, já estão com a corda envolta do próprio pescoço.

- Sim, senhor.

Aliviada, procurei na lista dos lutadores o nome do menino e achei após longos minutos. A vida dele estava toda ali, não só dele, mas como as dos amigos também. Era assim que Zach trabalhava, sempre colocando alguém da sua família na reta, fazendo com que você não tenha escapatória. O número do empresário estava ali na sua ficha, peguei meu celular e disquei seu número, percebendo o olhar de Zach em cima de mim. A ligação chamou umas três vezes, até que ele atendeu e com uma voz arrastada.

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