Sancta

12°

Stelany

Foram pouca gente que conheci desde que me conheço que passaram na minha vida e me trataram bem. Quando estava confinada na casa do Hernandez, achei que toda a gente no mundo, a sua maioria, fosse má, sem o senso de humanidade, pessoas perversas e sem empatia. Conheci a senhora Anne, uma mulher amorosa, guerreira e dedicada a família, sempre alegre e agindo como uma mãe que é com o filho, e tem feito isso comigo também.

Quatro semanas aqui, foram o suficiente para tirar as minhas suspeitas sobre a senhora Anne e o Senhor Harry, principalmente de Noah, ele é hilariante, o mais divertido de todos nessa casa, tão jovial e extrovertido, tem sempre alguma brincadeira aprontar, e estou sempre incluída nessas suas maluquices desde que vim para esta casa.

Há cinco dias, a senhora Anne me acompanhou ao hospital para novos exames, tirei finalmente o gesso do braço, deixando apenas o da perna, porque ainda precisava de mais tempo. Quando viemos para o hospital, seguimos para o consultório da Senhora Anne, aquilo deveria ser chamado de hospital. E toda vez que teria consulta com o psiquiatra e um psicoterapeuta, deixando Noah sozinho com os funcionários da casa, o senhor Harry tinha ido para o trabalho, fazia cena quando regressamos a casa. Ele já estava bem melhor, esquecia as muletas propositadamente só para que a senhora Anne dê bronca para ele e assim, segundo as palavras dele, teria um pouco de atenção da mãe, porque ela só quer saber da nova filha.

Me senti mal, achei que tivesse incomodando ele, mas Noah logo tratou de se desculpar e dizer que foi uma brincadeira dizer aquilo, que não devia me sentir tão mal quando ele fala essas coisas. A família Franklin sempre tentaram que eu me sentisse confortável em sua casa, me tratam como se fosse filha deles, e Noah age como se fosse meu irmão, o que é super estranho para mim, essa convivência, algo que perdi há muitos anos.

Tenho consultas duas vezes com uma psicoterapeuta, doutora Caroline devido a falta da voz. A doutora disse a perda da voz foi devido a um choque emocional que sofri, mas que para que eu tenha novamente, dependerá do meu estado emocional saudável, e com alguns tratamentos, tudo se resolverá.

Tenho sido bem tratada, não estou passando por uma situação psicológica ruim como passei na casa daquele traficante, o Hernandez. As coisas aqui na casa da senhora Anne é tão mais leve e alegre, apesar de ser uma família pequena, eles são divertidos e com tanto dinheiro e casa luxuosa, eles são bem simples. As vezes tenho receio de que o senhor Lionel apareça cá devido ao amigo, não tenho notícias, quer dizer, não ouvi nada sobre ele nesse tempo desde que conheci Noah, sendo melhores amigos, fiquei inquieta de que ele aparecesse no outro dia para ver o amigo, e no fim, ele não apareceu até agora.

Noah não fala sobre ele, as vezes saia de manhã e voltava a tarde e me ajuda a descer e me acompanhar para apreciar o jardim. Há uma área na casa que tem uma piscina enorme, cadeiras de descanso e uma pequena área de churrascaria. O lugar é lindo e pela janela do quarto em que estou, não tinha a imagem de lá, apenas do jardim ao portão de entrada.

A senhora Anne realiza a maioria das reuniões familiares naquele lugar, deixar o ambiente mais familiar e simples e divertida. Na minha primeira semana cá, a senhora Anne cancelou o convívio familiar por minha causa, me senti péssima, ela garantiu que todos compreenderam, estavam curiosos para me conhecerem, mas segundo a resposta dela para eles, eu não estava preparada ainda.

Converso muito com ela, conto sobre o que sento com toda essa nova mudança, quero contar sobre o facto de pedir que me empregasse até que consiga estabilidade e seguir sozinha, mas estou com medo de magoar ela, já fez tanto por mim, me acolheu, e ainda é a minha psicóloga. As vezes age como uma mãe, fico desconcertante quando vejo tendo essas atitudes.

Tenho secções com a terapeuta, só consegui contar a ele sobre o trabalho que pretendo pedir a senhora Anne. A doutora Caroline me incentivou a contar, a conversar com ela. Embora que ambas sejam colegas, há o sigilo entre paciente e médico, contei a ela, mas tenho medo da reacção dela.