Parte 2

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  – Mamãe, eu quero ir nesse, por favor. – Ouço Alessia dizendo conforme puxa a mim e a Marcela pelas mãos em direção ao "Trem do horror" que tem no pequeno parque no píer.

 – Filha, você morre de medo dessas coisas. – A menina olha para trás encarando sua mãe e depois olhando para mim voltando o olhar para Marcela com um bico no rosto, como se repreendesse a mulher por falar esse tipo de coisa na minha frente.

 – Eu não tenho mais medo, eu sou grande agora, por favor deixa. – Fala vindo até a mulher ao meu lado e a abraçando pela cintura com o queixo apoiado em sua barriga enquanto a olha de baixo para cima. – Gi, fala pra ela que eu sou corajosa. – Um sorriso se apossa dos meus lábios quando o ouço me chamando daquela forma.

 – Acho que podemos dar uma voltinha nós três, assim fazemos digestão do almoço para andar nos outros brinquedos. – Marcela me olha com uma expressão divertida, agora ela me repreende por fazer as vontades da menina, mas eu simplesmente não resisto ao olhar pidão dela.

 – Certo, mas se chorar nada de sorvete. – Alessia solta um gritinho de felicidade e volta a agarrar nossas mãos nos levando até o local, uso 3 dos ingressos que compramos no caixa e nós nos esprememos os três em um pequeno carrinho, a menina vai praticamente sentada em nossos colos.

 O trem começa a andar e quase não consigo enxergar nada, o primeiro local iluminado é um cemitério abandonado cheio de teias que fica do lado em que eu estou sentada, sinto Alessia se inclinar tentando ver melhor e quando uma múmia surge do nada ele pula em meu colo agarrando minhas mãos e colocando o rosto escondido atrás do meu ombro. A atração continua e a garota já levou alguns bons sustos, eu mesma já pulei algumas vezes com algumas das pegadinhas, a única que parece tranquila é Marcela, se divertindo com as reações esboçadas por mim e Alessia.

 Quando estamos chegando no final, já conseguindo ver a luz da saída, do nada um palhaço macabro segurando um machado pula de uma caixa preta bem ao lado da loira a fazendo gritar e se encolher, eu e Alessia nos olhamos por alguns segundos antes de cairmos na risada debochando da cara dela que tenta disfarçar o susto.

 – Ei Alessia. – Chamo a menina baixinha enquanto Marcela tenta acertar um alvo usando uma arma com pequenos projéteis de borracha para ganhar uma pelúcia de leão que a menina implorou. Ela se vira para mim com o rosto lambuzado de sorvete de chocolate. – O que a sua mãe disse sobre mim?

 – Que você era o sol dela. – Responde chupando mais um pouco do sorvete e sujando ainda mais a boca, pego o pedaço de papel em minha mão e tento limpar seu rosto como posso, fazendo a menina sorrir para mim. – Obrigada, Gi. – Dá mais uma mordida no sorvete e olha para o céu em uma expressão pensativa. – Um dia antes de dormir a mamãe me contou a história do sol e da a lua, e então me disse que ela já tinha tido um sol, quando eu perguntei quem era ela disse que era a sua Furacão.

 – É mesmo? – Pergunto me ajoelhando a sua frente, tentando fazer com que ela fale mais baixo para que a concentrada e irritada Marcela não nos ouça entre uma bufada e outra por não conseguir chegar nem perto de acertar o alvo.

 – Uhum. – Balança a cabeça mordendo um pedaço do sorvete enquanto me olha. – Aaaaah e também tem a tatuagem! – Ela exclama após alguns segundos, me preparo para perguntar ao que ela se refere, mas o grito de Marcela chama a nossa atenção.

 – ESSE NEGÓCIO SÓ PODE TA QUEBRADO, NÃO É POSSIVEL QUE EU NÃO TENHA ACERTADO NENHUMA VEZ, MOÇO. – Me levanto encarando uma Marcela vermelha de raiva discutindo com o rapaz do stand, olho para Alessia que apenas encara sua mãe antes de olhar para mim. – ESSA ARMA NÃO TA FUNCIONANDO, EU QUERO MEU DINHEIRO DE VOLTA. – A mulher continua gritando com o rapaz que está acuado, decido intervir antes que as veias de seu pescoço explodam.

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