CAPÍTULO XL

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E ela vai em frente, desviando de buracos de granada, subindo nas calçadas e andando nelas e atropelando Ossudos como se fosse uma motorista bêbada. A Mercedes elegante está começando a parecer um carro destruído de beira de estrada.

- Ali — Camila grita repentinamente. - É ele! — Ela acelera em direção ao portão e toca a buzina sem parar. Quando chegamos perto, reconheço o Coronel Rosso parado nos portões principais, dando ordens atrás de uma barricada de carros. Camila freia e o carro derrapa, parando em frente dos veículos. Ela pula do carro e grita:

- Rosso! — E depois corre em direção aos portões comigo um pouco atrás.

- Sou eu, Camila! Deixa a gente entrar!

Os soldados levantam as armas, olhando para mim e depois para Rosso.

Me preparo para levar um tiro que explodirá minha cabeça e acabará com tudo. Mas Rosso faz um sinal com a mão para eles, que então baixam as armas. Corremos até os portões enquanto eles fecham o cerco atrás de nós, mirando em nossos perseguidores.

- Srta. Cabello! — Rosso exclama perplexo - Já salvou o mundo?

- Ainda não. — Ela responde sem fôlego. - Encontrei alguns obstáculos no caminho.

- Estou vendo. — Rosso examina o exército de ossos que se aproxima.

- Você pode dar conta deles, né?

- Acho que sim — ele responde enquanto assiste seus homens derrubarem a primeira onda de atacantes, depois recarregarem as armas antes que a próxima venha. - Espero que sim.

- Por favor, não diga ao meu pai que estamos aqui.

- O que você pensa que está fazendo, Camila? - Já falei para você.

Ele abre um pouco o enorme portão.

- Não posso prometer nada em relação ao seu pai. Ele não... é o homem que eu conhecia.

- O que tiver que acontecer, acontecerá. Obrigado, Rosso. — Ela dá um beijo na bochecha dele e entra pelo portão.

Rosso, com uma das mãos no portão, me encara, e seus olhos estão, indecifráveis. Olho pra ele também. Em silêncio, ele abre a porta para mim e fica em um dos lados para que eu possa entrar. Faço um aceno de cabeça e sigo Camila lá para dentro. Estamos correndo pelo Estádio em ruas estreitas paro ofegante e pergunto.

- Onde estamos... indo?

Ela aponta para o telão lá no alto.

Uma foto de Normani está piscando, seguida das palavras:

NORMANI KORDEI, ASSALTO À MÃO ARMADA, PRENDER AO VISTÁ-LA.

- Vamos precisar dela — Camila diz. - O que quer que aconteça em seguida, quero ter certeza de que ela estará com a gente, e não trancada na prisão.

Olho para o rosto enorme e pixelizado de Normani. Seu sorriso alegre não combina com o anúncio de "Procura-se".

- Foi por isso... que voltamos? — Pergunto, ainda andando atrás dela. - Por ela?

- Metade por causa dela. — Ela me diz.

Um pequeno sorriso aparece em meu rosto.

- Faço ideia de onde ela deve estar. — Camila nos leva através de uma porta escura. - Brincávamos bastante nos muros quando éramos menores. Ficávamos nos camarotes VIP e fingíamos que éramos celebridades ou algo assim. O mundo já tinha entrado em colapso, por isso era divertido imaginar que ainda servíamos para alguma coisa.

Estamos no que parece ser um camarote de luxo do Estádio. Tem cadeiras de couro caras nos cantos, ao lado de mesas viradas. Bandejas de prata oferecem lanches de mofo. O bar tem copos de Martini ao lado de bolsas abandonadas. Normani está sentada na grande janela que dá vista para o campo. Ela dá um gole na garrafa de vinho em sua mão e abre um grande sorriso para nós.

- Olhem — ela aponta para o telão - estou na TV.

Camila corre na direção dela e a abraça, derrubando um pouco do vinho.

- Você está bem? — Camila pergunta preocupada.

- Claro. Por que você voltou?

- Já viu o que esta rolando lá fora?

Uma granada explode ao longe, para exemplificar a frase de Camila.

- Um monte de esqueletos?

- Isso. Eles seguiram a Lauren e eu até aqui, estão nos caçando.

Nora acena para mim.

- Oi, Lolo.

- Oi, Mani.

- Quer vinho? — Ela me pergunta.

- Não, obrigada.

Ela dá de ombros e olha de novo para Camila.

- Caçando vocês? Por quê?

- Achamos que eles sabem o que estamos tentando fazer.

- O que vocês estão tentando fazer?

- Não sei. Consertar o mundo?

O rosto de Normani está exatamente igual ao de Camila na noite anterior enquanto eu falava ao telefone com Dinah, ouvindo as notícias que nunca achou que ouviria.

- Jura? — Normani pergunta, balançando a garrafa de vinho.

- Juro.

- Como?

- Não sabemos ainda. Mas vamos tentar.

Naquele instante, os telões ficam em branco e os enormes alto-falantes do Estádio voltam à vida com um barulho. Uma voz familiar explode no céu do estádio como um Deus insano.

- Camila, sei que você está aqui dentro. Isso que você está fazendo vai acabar agora. Não vou deixar você virar a sua mãe.

Minha namorada é uma zumbiOnde histórias criam vida. Descubra agora