Settle Down - The 1975

546 78 124
                                    


"I'm so fixated on the girl with the soft sound and hair all over the place".




LALISA MANOBAN POV



"Entre os gregos são abundantes os mitos relacionados ao amor. Os deuses praticam uma sexualidade ardorosa, inseparável da paixão e do uso de artimanhas, que incita os sentidos e gera rivalidades que, por sua vez, encadeiam outras histórias prodigiosas. Tudo começa em função de algo que parece insignificante, uma voz, uma lufada do desejo, uma pequena brincadeira nas pradarias; depois o drama se desencadeia e se deixa correr, se perde no procedimento sempre incerto do ardor ou dos rompantes imprevisíveis daqueles mais afetados por ele, quase sempre mulheres. Cada episódio toma rumos inesperados e, de tão fantásticos, seus enredos são ouvidos até no Olimpo, como o ar que geme nas penumbras do outono".


Fechei o livro e entrei em estado de transe, imaginando quando que o meu relacionamento com a Jennie evoluiu. Qual foi a faísca, qual foi a coisa que parecia insignificante, mas que fez desencadear todo o "drama" do que estou sentindo agora por ela.

Bom, é fato que toda pequena trama se desencadeia por causa disso, por causa do amor. Eu tomo como exemplo a Guerra de Tróia, a história que contei no acampamento quando estava ao redor da fogueira com meus amigos. Tudo começou por causa do amor, não necessariamente o amor romântico, mas o amor à vaidade, com as deusas querendo saber qual delas era a mais bonita, deixando o poder de escolha nas mãos do jovem príncipe Paris, este que por sua vez acabou por escolher Afrodite como a mais bonita. Após isso, a deusa disse que Paris se casaria com a mulher mais linda, indicando Helena, então esposa de Menelau. Esse ato sim foi um ato de amor romântico, ou nem tanto, se parar para pensar que Helena não era realmente apaixonada, apenas Paris, mas também pela vaidade, se for parar para analisar bem. Vaidade de ter uma das mulheres mais lindas do mundo ao seu lado. Pequenas faíscas que desenvolveram uma trama inteira de conflitos, guerras e mortes. Se as deusas não tivessem esse amor à vaidade, nada disso teria acontecido em primeiro lugar. Ou talvez sim, mas de outra forma, quem sabe.

O ponto é, uma "pequena queda" pela Jennie eu sempre tive, não sou cega, nem burra. Ela é inteligente, social e reservada ao mesmo tempo, é engraçada quando quer fazer os amigos sorrirem, prestativa, fofa com aquelas bochechas mais lindas, o narizinho pequeno e os olhos... ah! Os olhos da Jennie. Não existe nada que me chama mais atenção nela do que seus olhos. Dizem que os olhos são a janela da alma, pois os olhos de Jennie Kim são as janelas para desvendar tudo que abriga seu interior. Mas, ao mesmo tempo, são janelas reforçadas com várias fechaduras. É de se perceber que ela não é uma garota que se abre muito, ela é extremamente reservada e só deixa poucas pessoas conhecerem ela de verdade. Comigo e Jisoo, por exemplo, conhecemos ela há tempos, mas eu sei, eu sinto, que ainda tem muito mais coisa ali dentro. Pude ver ontem, quando a assisti cantando, a forma como ela se expressa através da música, a emoção na voz, a vontade, o amor, tudo transparecendo ali. Talvez a janela da Jennie não seja seus olhos, mas sim a sua voz.

Os arrepios que aquela voz intensa, branda e rouca causou em minha pele, em meu coração, foram inexplicáveis.

Já tem dias que eu não consigo parar de pensar nela e fico me perguntando qual foi a faísca que desenvolveu essa trama. Não que o que eu sinta já seja amor, claro que não, é cedo para isso. Mas um gostar intenso, eu tenho que admitir, está começando a ser.

Pictures of you   #jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora