Pictures of you #jenlisa

She Moves In Her Own Way - The Kooks

"But uh oh, I love her because, she moves in her own way. But uh oh, she came to my show just to hear about my day".

POV JENNIE KIM

Um mês.

Fazia exatamente um mês desde o surto do meu pai naquele fatídico dia, onde ele bebeu demais, foi agressivo e eu fugi e parei na casa da Lisa. Desde então ele tem me evitado, como se estivesse com vergonha de tudo.

Na noite em que voltei para casa, encontrei minha tia, irmã do meu pai, arrumando a sala, jogando várias e várias latas de cerveja em uma sacola. Quando ela me viu eu percebi sua expressão de alívio e a felicidade por eu estar de volta em casa. Não sou muito de demonstrar sentimentos, mas não suportei a falta que sentia de alguém me recebendo em casa de braços abertos como ela estava fazendo naquele momento e corri diretamente para ela, sentindo ela me apertar contra o seu corpo quentinho e abraço confortável.

Desde que minha mãe foi embora de casa, minha tia tem cuidado de mim, já que o meu pai parece não saber como, ou não se preocupa com isso. Não me entendam mal, ele é um bom pai, ou pelo menos era, mas desde que mamãe foi embora que ele se concentra mais na própria dor e não percebe que eu também tenho essa dor dentro de mim. Acho que ele não consegue me olhar direito sem se lembrar dela e isso deve doer, eu entendo o lado dele. Eu perdi a minha mãe, mas também parece que o meu pai foi junto. Então coube à minha tia cuidar de mim, me explicar as coisas enquanto eu crescia, me dar seu colo quando eu precisava, quando eu chorei pelo término com o Kai, me ouvir e me aconselhar quando eu descobri que gostava de meninas também, absolutamente em tudo ela estava ali por mim.

Mas eu sinto que ela também está me escondendo algo.

Diversas vezes já peguei ela e meu pai aos cochichos pelo apartamento e quando eu chegava perto ou percebiam a minha presença, mudavam de assunto rapidamente. Minha tia fingia estar fazendo outra coisa, ou me oferecia algo para comer, sendo atenciosa, enquanto meu pai desviava o olhar, abaixava a cabeça e dizia que ia cuidar da mercearia.

Minha tia percebia o quanto eu ficava magoada com isso. Ele sequer teve coragem de olhar para mim direito, ou me pedir desculpas por todas as atrocidades que ele me falou. Ainda estão gravadas em minha mente, grudadas como cola, deixando um sentimento como se algo me puxasse para baixo toda vez que eu relembro daquelas palavras. E eu relembro constantemente.

Para tentar me alegrar um pouco, minha tia disse que eu poderia faltar uma semana de aula e que me levaria para fazer compras. Ela é muito bem de vida. Diferente do meu pai que se casou cedo, ela resolveu estudar e focar em si mesma. Depois de alguns anos de muitos esforços e "nãos" na cara, ela conseguiu montar o próprio negócio. Minha tia era uma grande empresária, não daquelas reconhecidas mundialmente ou coisa do tipo, mas ela vivia bem. Pode parecer fútil, mas ela tem razão quando diz que não tem nada melhor para melhorar o humor do que fazer compras. Gastar dinheiro com coisas que te fazem bem e feliz, que fazem suas pupilas dilatarem. E o que faz minhas pupilas dilatarem? Chanel. Roupas e acessórios da Chanel. Ela não poupou gastos comigo, me encheu de roupas, bolsas, até lenços de bolso da Chanel eu tinha em meu guarda-roupa agora.

Confesso que estava me sentindo nada menos que incrível com aquelas roupas e não perdi a chance de usar na minha volta para a escola. Fiquei uma semana fora e queria aparecer com estilo. E foi o que eu fiz.

E atraí justamente o olhar de quem eu queria.

Eu não sei bem porquê isso está acontecendo ultimamente, mas eu me pego sempre tentando chamar a atenção de uma pessoa em específico. Uma certa garota alta, de lábios carnudos, nariz levemente empinado, olhos em formato de amêndoas, num castanho escuro bonito, mas que no sol ficavam claros e incrivelmente chamativos, a franjinha perfeitamente alinhada, batendo um pouco abaixo da sobrancelha. Lalisa era uma mulher linda e de uns dias para cá eu estava reparando um pouco demais nela.