∙⸙᭪Capítulo Dois.

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    ── Quem é você?

    O hálito quente acariciou a pele sensível de seu rosto quando ele se inclinou para olhá-la melhor. Sua voz era rouca, baixa e abrasadora. Quase Inumana. Aly não conseguia identificar a figura enorme que a segurava com sua visão desfalcada pela chuva e ofuscada pela negritude da noite. Tentou desesperadamente fugir, escorregando contra o tronco áspero, no entanto, a mão grande pressionava dolorosamente seu ombro esquerdo a mantendo parada no lugar. Inundou-se em seu corpo uma náusea forte, os orbes dilatadas procuravam desesperadamente algum ponto que pudesse se recolher.

    Bem de súbito voltou a sua alma o movimento e o som; o tumultuoso movimento do coração e, aos seus ouvidos, o rumor de suas pancadas. Tinha tantas coisas que ela ainda queria fazer. Seu livro estava quase entrando para a The New York Times Best Seller list, e, apesar de sua vida amorosa ser um completo desastre, ela inda tinha esperança de encontrar um novo amor. Não queria morrer ali e não iria. O forte desejo de recair na insensibilidade a tomou e seu corpo reagiu como se tivesse tocado em um pilha galvânica, se debatendo fortemente, tentando se livrar do aperto. O rugido alto a ensurdeceu por alguns minutos e a manteve parada, petrificada no lugar. Seus sentidos estava a todo vapor, mesmo que não conseguisse mexer um músculo pelo medo que a entrevava.

    O trovão retumbou. O céu clareou fortemente e Aly pôde fitar com mais clareza quem a encarcerava. Sua expressão se retorceu em uma careta enquanto analisava os traços marcantes daquele homem-fera. Por alguns segundos, ficou só forçando a vista para enxergá-lo enquanto seu abdômen se torcia em quinhentos nós e sua pulsação acelerava. Em um ato impensado, os dedos delicados se ergueram e tocaram a bochecha rígida. Um rosnado surpreso escapou pelos lábios finos, arrancando um pequeno sorriso seu.

    Ele era alto. Muito alto. Pelo menos uns trinta e cinco centímetros a mais que ela. Os cabelos negros e úmidos eram compridos, caiam em ondas suaves um pouco abaixo de seu ombro. E tinha um rosto que, além de bonito pela regularidade dos traços e pela riqueza da composição, causava uma impressão própria com as sobrancelhas bem marcadas e olhos ônix profundos, emoldurados pelas pestanas pretas e longas.

    Oh, sim, ele era a personificação perfeita de Colin, o personagem do seu livro.

    Chegou a conclusão que estava delirando. Que tudo não passava de uma peça pregada pelo seu cérebro álcoolizado.

Seus dedos deslizaram pelo maxilar marcado, correndo até o queixo forte. As narinas largas se expandiram e um barulho agradável preencheu seus ouvidos, vindo de dentro da garganta alheia como um ronronar gracioso de um felino excitado. A curiosidade lhe envolveu num rompante, expandido oscilações de euforia por todos os seus membros.

── Você é tão lindo... ── Susurrou tenramente, tocando o peito coberto pela farda e desejando intimamente despi-lo daqueles panos incovenientes. ── Eu estou sonhando, certo? Você sempre esteve em meus pensamentos, não é possível que seja real.

Seu ombro foi liberto e uma série de arrepios subiram pela sua espinha quando a mão rude repousou sobre sua cintura. Seus movimentos não eram suaves, muito pelo contrário, parecia que ele não sabia medir ao certo sua força pela forma que a agarrou. Uma pegada deliciosa, diga-se de passagem. Ousou se aproximar mais, colando os corpos molhados. A respiração branda se arremessava contra seu maxilar. Ela não confinou seus impulsos quando afundou os dedos entre os fios ensopados, puxando-os para baixo. Roçou os lábios contra sua bochecha, soprando sua orelha e murmurando depravações estimulantes.

── Beije-me. ── Ordenou e um rosnado vibrou em sua boca.

── O quê você...

Não deixou com que ele completasse a frase. Sua boca cobriu a dele conforme o aperto ao redor de seu corpo intensificava. Sugou o lábio inferior alheio, arrastando os dentes pela carne macia em busca de permissão. Ele ofegou e pareceu assustado. Ela sorriu. Segurou delicadamente o queixo bruto conforme auxiliava sua boca a abrir e tudo se transformou em prazer quando as línguas se tocaram sem cuidado.

𝐂𝐎𝐋𝐃 • 𝐍𝐨𝐯𝐚𝐬 𝐄𝐬𝐩𝐞́𝐜𝐢𝐞𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora