Starsky | day 16 stargazing

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Shouto gostava de observar as estrelas da sacada do quarto.

Alguns dias atrás, até pensou em comprar uma luneta, apenas para apreciar a textura irregular da lua ou para identificar alguns planetas que se assemelham a estrelas. Baixou no celular um aplicativo que nomeava as as constelações, facilitando a busca no céu.

Também costumava levar uma caneca de chá e deixava o aparelho tocar músicas aleatórias de sua playlist favorita, apenas para apreciar as noites frescas de outono sob o campo celeste. E como o dormitório ficava no andar mais alto, possuía a visão de 180º graus do horizonte, sem muitos obstáculos.

O bicolor debruçou-se sobre o parapeito da sacada com a bebida entre as mãos e o olhar caiu das estrelas até a sacada abaixo. E na escuridão da noite o sol se fez presente nos cabelos loiros e espetados como explosões de calor.

Katsuki também seguia para sacada no mesmo horário e ficava olhando para longe, não era para cima e nem para baixo, apenas se apoiava na proteção e ficava mergulhado em pensamentos. Shouto sentia-se tão curioso sobre o colega, quanto pelas estrelas que não reconhecia no céu, mas diferente delas, não havia nenhum aplicativo que pudesse ler o garoto.

Ele sentia-se deslocando com a ideia de uma estrela brilhar forte, que pudesse chamar a atenção de Bakugou. Apenas para os orbes vermelhos se chocarem contra as ímpares, como dois meteoros brigando pelo mesmo espaço na via-láctea.

— O que você está olhando, pavê?

Como se o desejo fosse atendido, o loiro olhou para o alto de cenho franzido, mas não com a carranca habitual, estava mais suave. Todoroki deixou as mãos vacilarem e quase derrubou a xícara de chá.

— Não estava olhando para nada específico. — Mentiu, até porque não poderia dizer que estava olhando para ele e a forma que os bíceps se contraiam cruzados sobre o parapeito. O meio ruivo quase abandonou a sacada quando o pensamento mais pervertido do que o normal surgiu em sua mente.

Os olhos do loiro piscaram lentos, parecia buscar algum sentido na resposta de Shouto, já que a afirmação não condizia com as atitudes.

— Na constelação de escorpião tem uma estrela viva e brilhante, o nome dela é Antares. — A boca começou a se mover, as palavras fluiam sem licença e o coração errava as batidas, conforme estendia o assunto. — Ela possui tons variantes entre laranja e vermelho, acho que é uma das estrelas mais bonitas.

— E? — Bakugou bebeu a água da squeeze que estava ao lado do corrimão, fingindo nenhum interesse no assunto. Porém, ele estava — e muito — atento ao colega.

— Ela me lembra você. — Shouto terminou a frase e desviou o olhar, preso novamente ao céu, mas dessa vez desejando uma súbita abdução alienígena para que desaparecesse do campo de visão de Katsuki.

As coisas estavam fora de controle, até mesmo a música que tocava no celular era absurdamente fofa, para deixar o clima mais estranho entre eles. Por mais que fosse algo sincero, o bicolor achou que aquilo soou como um elogio, mesmo que fosse difícil identificar aquele tipo de reação quando acontecia de forma natural.

Shouto era péssimo com as palavras.

— A idiota da lua é grande, às vezes ocupa todo o céu com tons prateados. Muitas vezes está pela metade, em duas cores como o seu estranho cabelo e a textura do solo lembra a sua cicatriz.

Oh.

Ele desceu o olhar até Bakugou novamente, que se mostrava tão constrangido com as palavras quanto Todoroki. As pernas formigam na intenção de pular para a sacada abaixo e observar as estrelas e a lua com o loiro.

No fim, os dois ficaram apoiados em silêncio na sacada, cada um apreciando o astro mais bonito daquela noite.

Katsuki ficou olhando para Shouto.

Shouto ficou olhando para Katsuki.

As estrelas louvaram com brilhos cintilantes o encontro mais bonito — talvez o mais desajeitado — da terra.

Skystar • bnha | tdbk | todobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora