Carta 1

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Meu nome é "ninguém" em especial. Não sou a pessoa mais sofrida, mas, tal como muitos, tive minhas lutas. O fundo do poço foi meu aliado sempre.

Lá para o ano de 2012,
vi um sonho se tornar mortal,
na sombra de quem ouve,
ouvi o cair do Pai Natal.

Sem saber o que viria,
começou a jornada em 2002.
Nasci em 13 de dezembro, prematuro,
feito de um acidente, juro.

Nasci com risco de matar quem me deu à luz.
Só daí já deu para ver quem posso me tornar,
desde minha nascença, suicida, com risco de gosto por matar.

Aos 5 anos, entrei na escola pela primeira vez...
Um amigo fez,
uma criança pequena, sem lucidez...
Já de pequeno habituado a sofrer,
minha primeira ama me batia.
Com cinto, doeu;
atrás da orelha, um "negrão",
e chorava um bebê deitado no chão.

Mudei de ama para melhor,
saudades de quem me tratou com amor...
Mas na escola, quem diria que ia mudar?
Uma criança assustada, com medo de arriscar.

Cheguei perto de quem hoje chamo de amigo e irmão.
Perguntei:
"Queres ser meu amigo ou não?"
Na ingenuidade, quem diria, a meu ver,
que nasceria uma amizade futura para valer?

Foi no 5º ano
que me sentei ao pé.
Dia um de setembro, caí e fiz ré...
Na inocência, sem saber,
o pai foi preso, mas por quê?

Soube dessa notícia pela boca de outros tais;
a confirmação foi espiando a família e quais?
Por que queriam esconder?
Os meus olhos embaçados queriam a morte recorrer.

O resto do ano foi difícil; um amigo distante,
família fora, na escola era gozado por ser filho de presidiário,
chamado de "gatuno", "ladrão", entre outras coisas ruins...
Mas enfim...


cartas De "Ninguém"Onde histórias criam vida. Descubra agora