Você já se sentiu como um completo estranho em seu próprio corpo? Olhou no espelho e não se reconheceu? Sentiu como se todo o peso do mundo estivesse em suas costas? Creio que alguns vão se identificar com o que for escrito aqui, mas a grande verdade é que eu não dou a mínima porque este momento é meu, essa história é minha. Toda história tem duas versões e para você, caro leitor, terá apenas uma versão.
Não sei quando ou como tudo começou, mas sinto isso há anos e sinceramente isso é sufocante, você se sente preso em sua própria vida, mas a verdade é que você sequer reconhece como chegou até aqui. Não falo por você, leitor, falo apenas por mim, afinal sequer te conheço. Usarei de nomes fictícios para evitar a exposição de pessoas. Não usarei pseudônimo, serei eu na mais pura e sincera elucidação de fatos, pensamentos e situações tidas, por muitos, como auto infligidas ou uma forma barata de chamar atenção.
Não digo que estão errados, mas também não estão certos. Um pouco contraditório eu sei, mas estou usando de toda a verdade possível.Hoje eu acordei, como de costume, desejando não ter acordado, um pouco mórbido? Talvez. Todos os dias pelo menos 30 formas de como morrer circulam por minha rede simpática formando idéias e pensamentos. Não irei descrever tais pensamentos pois podem atuar como gatilho para outros. De toda forma a dor, a solidão, o sentimento de inutilidade, insuficiência e uma profunda tristeza são traços marcantes de quem eu sou.
Você sabe onde está e onde quer chegar, mas nada, absolutamente nada é gratificante ou recompensador, afinal acho que não mereço as coisas boas que ocorrem, uma mente triste, sozinha e aflita repleta de pessimismo, angústias e ideais tidos como inalcançáveis. Uma vida de solidão e um profundo estado de estar solitário com poucos momentos de satisfação e realização descrevem quase que com perfeição quem sou eu.
Gostaria de poder falar que foi isso ou aquilo que me levou a ter tais sentimentos, o que seria magnífico afinal eu poderia expressar categoricamente o por quê de tudo isso, mas infelizmente não posso por conta de um grave quadro de Dissociação.
Tenho momentos de despersonalização onde eu vejo minha vida passando e situações ocorrendo, mas é como se fosse um filme, não como se fosse atos meus. Busco válvulas de escape que propiciem uma sensação de alívio, mas é momentâneo e excruciante afinal estou apenas colocando toda a dor, toda a raiva e toda a parte ruim em segundo plano e eu sei que ao passar do momento de êxtase propiciado por substâncias químicas, muito prejudiciais por sinal, todo o caos que outrora estava em segundo plano voltará com uma força arrasadora deixando-me com um sentimento ainda maior de fracasso por ter sido fraco e estúpido o que me leva a querer novamente me livrar dessa sensação recorrendo as já ditas substâncias, colocando-me então em um ciclo nocivo, vicioso e miserável.
Eu passo meus dias como aqueles antigos relógios cuco apenas esperando o momento que serei bombardeado por sentimentos tão avassaladores que não saberia como processar, classificar e lidar e então, como uma bomba relógio, explodirei em um surto psicótico aterrador tanto pra mim quanto para aqueles próximos a mim e como uma tempestade de verão que se forma sem aviso e se vai da mesma forma que surgiu eu retorno ao meu estado de lucidez apenas mitigando os danos físicos, emocionais e por vezes sociais.
O problema de ter um Transtorno de Personalidade é que você não causa estragos só a si mesmo, mas também a pessoas que se importam com você. Tristemente falando eu vejo centenas de tempestades em meu horizonte e me sinto impotente por apenas sentar e receber a brisa do caos. Tudo perde o sentido, ser, estar, amar, sorrir, viver... Estupidamente falando talvez eu mereça isso, talvez seja karma ou uma forma de redenção por uma vida passada, não se preocupe não irei entrar na meritocracia religiosa, mas esta é apenas uma, das várias, forma(s) de eu enxergar tudo isso.
Vivo em um complexo baile de máscaras onde a todo momento estou trocando de máscara, afinal é mais fácil mentir falando que estou bem e por um sorriso no rosto do que tentar explicar o que me causa tanto sofrimento. Então possuo um vasto arsenal de peles falsas para quase todas as ocasiões, é triste eu sei, mas este sou eu, um jovem de 22 anos de idade esperando desanimadoramente o momento em que irei acabar com tudo e enfim me livrarei de toda essa merda presa dentro de mim.
Atenciosamente uma alma em profundo desespero!
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A um Passo da Loucura
RandomA um Passo da Loucura não é uma história muito menos um Diário de confissões, trata-se apenas de uma elucidação de uma alma atormentada. Aqui você encontrará uma verdade nua e crua de alguém desesperado em mudar, mas que está preso em uma batalha in...