Sancta

14°

Lionel

— Foi uma brincadeira muito malvada, primo, mas confesso que você superou. — Allan diz diante da mesa, enquanto almoçamos.

— Já mandei para todos lá do trabalho. — Beatrice diz gargalhando.

— A minha vingança será fria, prima. — Allan ameaça colocando uma voz para assustar só as crianças, mas nem assustou Seth, está distraído comendo.

— Você me provocou, primo. — Retruco.

— Hoje você foi astucioso, Lionel. — Disse, Noah. — Enviei as imagens para o Owen, ele fará o resto para espalhar.

Gargalhamos, todos estão sentando, almoçando e já estou no meu segundo prato, Noah não está diferente, ele é mais guloso que eu e come tudo, Allan é ligeiro mas não dispensa um bom calulo feito pela minha querida mãe, e acompanhar com mandioca, é demais. Lia pensa ser um pouco nojenta a estrutura da comida, mas é uma delícia de Angola.

— Talvez assim ele deixa de fazer brincadeiras estúpidas. — Tio Theo retrucou.

— Mãe!

— Theodore não comece, eles estavam brincando. — Tia Brittany diz para o marido.

— Mandei para Cathie, ela perdeu a diversão. — Beatrice diz ainda zombando da cara do Allan. Vejo que ela gosta de provocar.

— O que aconteceu de a Cathie não vir? — Tia Anne pergunta e vejo o desconforto de Noah.

Ele está sentado ao lado da Stelany que come em silêncio. Ela não gosta de chamar atenção, está quieta desde que deixamos a piscina e sentamos para comer, voltou a colocar o vestido, Lilly também, só Lia que está comendo assim. Sei que não fala, mas o aparelho que ela tem para se comunicar está sempre ao alcance dela, escreve algumas coisas quando lhe perguntam sobre algo.

— Está terminando um projecto. — Tia Brittany responde.

— É imediato? — Tio Harry pergunta.

— Ela vai entregar em breve, apesar de trabalhar com a mãe, ela faz alguns trabalhos para quem procura seus serviços. Minha filha tem as mãos abençoadas. — Tio Theo se vangloria.

— E um filho génio né, pai? — Allan fala olhando torto para o pai.

— Burro e mimado. — É esmurrado pelo pai e sorrimos.

Continuamos a comer a falar de coisas triviais. Vezes por outra, meus olhos seguem para a rapariga que tem a cabeça abaixada, olho para o seu prato vazio. Tia Anne me olha e segue o mesmo olhar e vai para Stelany.

— Sarah! — A menina se aproxima ao chamado da minha tia. — Pode acompanhar a Stelany até ao quarto, não pode subir a escada sozinha.

Vejo o descontentamento da empregada ao pedido da tia Anne, ela não gosta da garçonete, assente e vai ao lado da Stelany que olha para a minha tia se ela tem certeza se já poderia ir.

— Eu vou leva-la para o quarto, já terminei de comer. — Disse eu, surpreendendo todo o mundo naquela mesa, até a própria Stelany e a vejo engolindo a seco.

Não dou tempo de alguém retrucar e me levanto até ela pegando em suas muletas e ajudando a se levantar. A menina levanta e antes de sair, pega no seu aparelho e escreve algo e mostrando para todos sentados naquela mesa.

— O prazer foi nosso, querida! — Tia Brittany responde.

— Iremos nos encontrar mais vezes, pode ter certeza. — O idiota do Allan diz.

— Irei ligar para ti, qualquer dia. — É a vez da Lia.

Acho que ela agradeceu. Nos retiramos e caminhamos ao ritmo dela até chegar ao pé da escada. Ela tenta dar o primeiro passo ergo o seu corpo nos meus braços e vou subindo as escadas e quando termina, passo caminhando pelo corredor.