01 - as inconsistências dos 23

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Os vinte três anos vieram regados de muitos dilemas, nisso blink-182 estava certo. Dinho lembrava-se de cantar "whats my age again?" com seu melhor amigo, Orelha, no auge dos seus 16 anos e pensar "Eles devem ser muito imbecis para não ter conseguido amadurecer ainda", quanta ingenuidade. Hoje se sentia o próprio Mark Hoppus, ou Travis Baker, ou Tom DeLonge; não sabia ao certo quem havia escrito essa letra. Mas a verdade é que os vinte três anos eram realmente muito incertos. Adriano pensava em seus antigos amigos, alguns formados, outros na faculdade, alguns até grávidos.... e ele aqui, em pé em um bar qualquer no centro do Rio de Janeiro.

Dinho decidira passar essas férias no Brasil.  Sua vida incerta e misteriosa de aventureiro garantia-o pouco tempo para a família. Talvez fosse hora de ir atrás de certa estabilidade, poder acompanhar mais o crescimento de Tico e de sua irmã, mas não queria pensar em coisas sérias agora. Quando se trabalha com viagens, passar as férias em casa é uma opção incrível, é isso que importava no momento.

Faziam anos que o garoto, agora adulto, não passava mais de uma semana no Rio de Janeiro, morria de saudades da cidade maravilhosa na qual passou sua infância e adolescência, e dos amigos que deixara aqui, que viviam seu dia a dia distante da realidade de Adriano. Depois de pegar aquele barco para África do Sul sua vida nunca mais foi a mesma. Não se arrependia de nada que havia feito até ali, ou pelo menos tentava não se arrepender, todas suas ações construíram quem ele era hoje, e finalmente estava feliz consigo mesmo, na medida do possível. Havia apenas uma pequena coisa que o incomodava antes de dormir, principalmente nos dias que se sentia sozinho: Lia. Era bobo, mas ela ainda era a única menina que ele tinha amado, e também a única que tinha motivos para o odiar.

Os vinte três anos não só trazem incertezas, mas reflexões. Dinho hoje entendia perfeitamente oque acontecera naquele final de semana em Paraty: auto sabotagem, pelo menos foi isso que seu amigo Leonardo, terapeuta, ou mais que isso, ao qual recorria as vezes, fez-o enxergar. Quando as coisas estavam muito boas, o cabeludo tinha o hábito de fazer tudo dar errado. Se Dinho pudesse, agiria diferente, mas ainda não é possível voltar no tempo, então precisava viver com isso. Queria mudar tudo não para poupar seu sofrimento, mas sim o de Lia, a quem  nunca queria ter desapontado.

Mas passado é passado, e tudo indicava que eles haviam feito as pazes na formatura do colégio quadrante, não tinha com oque se preocupar. Sim, ele queria que as coisas fossem diferentes, mas que bem remoer o que já passou já fez para alguém?

"Senhor, oque você vai pedir?" Os pensamentos de Dinho foram interrompidos por um garçom impaciente.

"Ah, desculpa, me vê uma Brahma bem gelada, por favor!" Sorria o garoto.

Adriano gostava de beber por conta própria. Ok, não necessariamente ele gostava, mas tinha feito disso um hábito, quando estava rodando o mundo, e não encontrava ninguém para compartilhar uma cerveja, fazia-o sozinho, ele se bastava.

"É pra já!" Respondeu o garçom.

Dinho divagou em seus pensamentos à espera de sua cerveja, que chegou com um tapa na cara.

"Você ta sozinho, senhor?" Indagou o bigodudo que entregava-lhe a cerveja.

Sozinho. Dinho passava muito tempo assim. Colecionava aeroportos e portos, mas poucos corações. Em cada local que visitava conhecia pessoas novas, culturas novas, olhares novos... Forjava conexão com todos, mas eram poucos aqueles que ficavam.

"Po, não me chama de senhor não!" Riu Dinho abrindo seu distinto sorriso. "Mas to sozinho sim, tentando lidar com meus demônios..." pontuou "23 anos vem com muitos questionamentos, já dizia blink-182!"

"Sei bem como é!" O garçom devolveu a risada. "Se VOCÊ curte blink vai curtir o show que vai ter aqui hoje." Ressaltou o você, mostrando ouvir a súplica anterior.

"Ah, vai ter show?" Sorriu Adriano, parecia que a noite seria melhor do que esperava. "E os cara são bons?"

"Eu acho!" Riu o bigodudo, passando a mão por seu cabelo, que só agora Dinho percebia que era azul escuro, contrastando com a palidez de sua pele. "E torço pra que você ache também ein, a final, a banda que vai tocar é minha!"

Dinho abriu a boca demonstrando surpresa e animação. "Tenho certeza que eu vou me amarrar, pode até mandar mais uma cervejinha!"

Dinho não sabia ao certo se ia gostar do som da banda, a final, nem era assim tão fã de Blink-182, mas a música não saia de sua cabeça naquela quinta feira. Ela o lembrava do passado, e fazia-o sentir angústia pelo futuro, o compilado de sentimentos que o rodeavam, estar no Rio de Janeiro trouxe muitas lembranças. Talvez fosse exatamente isso que precisasse, uma música ao vivo para espantar seus demônios.

Bebia sua terceira cerveja quando a banda instalou-se no palco, avistou o garçom que o servira, a quem esquecera de perguntar o nome, no final do mesmo, sentado na bateria. Caminhou um pouco com o olhar, encontrando o baixista, com trajes similares ao do de cabelo azul, um afro bem grande e um sorriso no rosto. Observando o resto do local travou seu olhar na cantora, cabelo azul turquesa na altura do ombro, calça jeans preta e blusa folgada do The Clash, um braço coberto de tatuagens e guitarra vermelha na mão. Não podia ser, será que sua culpa o consumira tanto a ponto dele alucinar com a sua marrentinha?

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Iai galera, curtiram? Desde 2012 que eu tenho vontade de escrever uma fic sobre essa casal que me deixou órfã. Tiveram um relacionamento complexo mas no meu ver sempre mereceram um final mais digno!

Sendo assim, realizo aqui o meu sonho e trago uma fic lidinho pra todos os intensers que não ficaram tão feliz com o término desse casal. A história se passa 4 anos depois do fim da novela, mas podem ter certeza que será repleta de flashbacks dos nossos personagens favoritos!

Eu já tenho 18 anos, então gostaria de avisar logo que estarei mencionando drogas e outros assuntos talvez mais pesados. Caso haja algum gatilho no capítulo, irei avisar (mas acho difícil que tenha pois essa não é minha intenção!)

Enfim, vou desenvolver os personagens um pouco da forma que eu sempre visualizei o amadurecimento deles... Se preparem para conhecer uma Lia e um Dinho mais maduros, centrados, mas ainda muito LiDinhos.

Chega junto e comenta oque achou! Não sei que alguém em pleno 2020 ainda tem interesse em ler isso aqui, mas na pior das hipóteses eu me divirto escrevendo oque tenho em mente.

Vou tentar atualizar pelo menos duas vezes por semana!

Obrigada por ler até aqui! Espero que os 23 anos sejam menos complexos pra gente do que pro Dinho... hahahhaha

Beijos!

ps: me procura no Instagram! @editsintensa

tudo que vivemos  - lia e dinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora