"Oi, Lia." Dinho não podia acreditar tamanha era sua sorte. Encontrando a marrentinha pela segunda vez em menos de três dias? Tomara que ela não pensasse ele ter a seguido. "Não sabia que você trabalhava aqui, eu moro bem perto.""Ah, po, coincidência. Trabalho aqui faz mais de ano já." Forçou um sorriso. "Qual é o seu pedido?"
"É, eu moro aqui há bem menos do que um ano. Talvez um mês. Mas po meus pais nunca falaram de te ver aqui perto, sei lá, talvez nem venham aqui."
"Não me recordo deles mesmo não, mas poderia não ser meu turno." Continuou. "O pedido?"
"Ata, é um café e um pão na chapa."
"Pode sentar que eu levo lá."
"É, na verdade, eu quase te liguei ontem mas acabei tendo que ficar de babá pra minha irmã."
"Ah, verdade né seus pais tiveram outro filho. Pô, legal."
"É, eu ia ligar pra perguntar sobre o próximo show. Gostei muito da performance de vocês."
"Cara, eu juro que a gente pode ter essa conversa. Mas é que eu to no meio do trampo, senta lá numa mesa que quando eu te servir eu te falo tudo. Ta formando fila atrás de você." Adriano então virou para trás e viu a pequena quantidade de pessoas em seu redor; que mancada.
"Foi mal, vou te esperar lá." Sorriu o encaracolado retirando-se do balcão.
Foram os dez minutos mais longos da vida de Dinho. Talvez nem isso.
"Falae Dinho, trouxe seu pão." Pontuou Lia servindo-o. "Mas da uma apressada porque eu to pegada de serviço. Tive que deixar gente lá no balcão."
"Eles estão contratando?" Perguntou Adriano. "Eu tava procurando um emprego né, meio sacanagem não trabalhar enquanto eu to por aqui."
"Po, não sei, mas acho difícil. Era isso?" Falou em tom de irritabilidade.
"Não, é que eu queria saber sobre o próximo show. Virei fã da banda." Riu.
"Hoje, nove horas no bar Medusa, chama o Orelha!" A menina voltou ao balcão. Pelo menos Dinho teria programa para essa noite. Ele definitivamente não chamaria o Orelha.
Lia e Marcos liberaram-se do serviço pouco depois. Dinho ainda estava por lá. Não tinha muito o que fazer dos seus dias.
"Você ta ai ainda Dinho?" Indagou Marcos ao prender o cabelo em meio coque.
"Tava lendo um livro aqui." Explicou.
"Saquei!" Continuou Marcos. "Bora vazar que já já isso aqui fecha ein!"
"Ah, podexá!" Então Adriano se levantou da cadeira posicionando seus livros entre os braços, o qual Lia puxou.
"A Máquina de Fazer Espanhóis, Valter Hugo Mãe. Uau." Riu Lia. "Você ta gostando?"
"Eu to, fala bastante sobre envelhecer, tenho me identificado bastante."
"Dinho, o livro fala sobre gente morando em asilo, como que você pode ta se identificando? Qual o tipo de imagem que você tem dos 23 anos?" Zombou a garota.
"Ah, po, não sei. Peguei o clima de não estar satisfeito com estar envelhecendo? Sei lá. E como é que você sabe? Já leu?" Provocou.
"Não. Mas eu li outros dele. Esse ta lá em casa na estante, esperando o dia dele." Explicou em meio a risos fracos.
"Bora, galera, quero fechar isso aqui!" Suplicou o menino de cabelo azul.
"E, ta apressadinho é Marcos?" Riu a roqueira.
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tudo que vivemos - lia e dinho
Storie d'amoreos 23 anos carregam muitas incertezas. mas no meio de tantos desencontros, dois rostos familiares se reconhecem. ficzinha de lidinho pq eu serei eternamente viúva desse casal da malhação de 2012. não sei se vamos ter muito ibope por aqui, mas não t...