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    Nunca pensei muito em como eu iria morrer

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    Nunca pensei muito em como eu iria morrer.

    Contudo, aos meus dez anos de vida, ainda inexperiente no ramo das perigosas e infinitas possibilidades que o destino poderia reservar para mim, escapei por pouco das garras da morte. Naquela tarde de domingo, meu pai, o advogado em ascensão Joseph LeBlanc, achara uma boa ideia comemorar sua recente conquista profissional na praia de Coney Island. O local, que era bastante frequentado nos fins de semana por turistas animados e famílias com ótimas condições financeiras, ficava próximo da nossa antiga residência e costumava ser o pequeno ponto de paz que meus genitores buscavam nos verões.

    Lá, tudo era bonito e acolhedor, e nós adorávamos o ânimo que o cheiro do mar despertava em nossos corpos. Lembro-me com nitidez dos raios solares aquecendo minha pele, da brisa quente emaranhando meus cabelos e do açucarado sabor da torta de maçã que mamãe fizera questão de preparar pela manhã. As risadas de Thomas, meu irmão mais velho, enchiam meus ouvidos enquanto eu assistia suas brincadeiras desengonçadas com outros rapazes.

    Não saberia estimar, nem mesmo se tentasse, o tempo que desperdicei o observando cair aos tropeços na areia macia somente para levantar em meio a risos no instante seguinte, mas em um dado momento aquela cena repetitiva se tornou enfadonha para meus olhos infantis. Recordo-me de analisar o cenário ao redor por breves segundos e perceber que me restava uma única fatia do doce e que meus pais estavam empenhados numa discussão que eu não compreendia e, levando em consideração o baixo volume de suas vozes, não deveria de fato compreender.

    Então eu o vi. A figura esguia e angelical que me colocaria entre a vida e a morte.

    Não fui capaz de descortinar os traços de seu rosto com sucesso, talvez devido ao cansaço sugando minhas energias ou em razão do brilho provocado pela luz solar que refletia na água, no entanto havia uma coisa dourada contornando seu torso pálido que jamais consegui esquecer. Ele parecia deveras entretido para notar meu olhar curioso sobre seus movimentos, assim como meus pais permaneceram alheios aos passos ágeis que dei em direção ao mar. Eu tinha perfeita consciência de minhas dificuldades para nadar, entretanto algo me impedia de voltar para a segurança da faixa de areia.

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